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    Publicado em 27 de Julho às 01:05:31

    Banco do Brasil (BBAS3) | Prévia 2T22: De volta a liga dos rentáveis                                        

    Se não fosse pela eleição presidencial, as ações do BB seriam uma barganha. Infelizmente, por mais que o banco tenha melhorado sua blindagem contra ingerência política, é sempre possível ter uma mudança completa no alto escalão do BB. E, dependendo do vencedor das eleições presidenciais, as ações do banco devem sofrer grande pressão, independente de seu desempenho operacional. Quanto aos resultados trimestrais? Eles seguem em franca recuperação após anos rodando com uma rentabilidade bem abaixo dos seus pares. Esperamos mais um trimestre forte de Banco do Brasil com o ROE girando entre 17-18%, ficando bem próximo aos seus grandes rivais privados. Estimamos um lucro de R$ 6.71b, crescimento de 33% a/a e 1,4% t/t, mesmo com provisões para crédito duvidoso subindo t/t e a/a. Com isso, as chances do mercado revisar estimativas de lucro acima do guidance do BB de R$ 23b-26b aumentam significativamente. Nós estamos aumentando nossas estimativas de lucro para 2022 para R$ 27b, acima do guidance da empresa. Esperamos que o banco seja forcado a melhorar o guidance.

    Contribuindo para a margem financeira (NII), estimamos um bom desempenho no crédito com melhora do mix, mesmo em meio a elevação do custo de funding por conta da alta da Selic. Esperamos um bom desempenho de tesouraria, beneficiadas pela alta dos juros, dado que são compostas majoritariamente pelo resultado de títulos indexados à Selic/DI. Por fim, esperamos que o NII no 2T convirja para o piso do guidance (crescimento de 11% – 15%).  

    Seguimos otimistas com o resultado do Banco do Brasil para o ano, com o lucro potencialmente convergindo para um pouco além do guidance. A carteira mais conservadora do BB, composta por consignado e crédito rural, e elevado índice de cobertura 90d (297% no 1T22) contiveram a alta do ciclo de inadimplência, pelo menos temporariamente. Além disso, os resultados devem continuar sendo beneficiados com o superavit da Previ (~R$ 540m por tri no 1S). Do lado negativo, o ano eleitoral traz incertezas sobre a manutenção do management e estratégia para 2023 e adiciona volatilidade ao papel. Entretanto, na nossa avaliação ao valuation atrativo de 3,7x P/L 22 e 0,60x P/VP 22 grande parte dos riscos já está incorporado, nos fazendo reiterar a recomendação de COMPRAR.

    Crédito: maior agressividade, mantendo crescimento t/t.

    No crédito esperamos uma continuidade do ritmo de crescimento t/t, mas desacelerando a/a. A desaceleração anual é resultado do crescimento acima do topo do guidance no 1T, fruto de um easy comps. O crédito deve seguir beneficiado pelo crédito rural. A alta do preço das commodities vem impulsionando a demanda por crédito.

    Em termos de mix devemos continuar vendo um maior apetite de risco em linhas mais arriscadas, mas com maior margem de contribuição, como CDC e cartão de crédito. Apesar do crescimento dessas linhas contribuir para a melhora do NII, elas podem impactar a inadimplência em meio a ciclo de normalização.

    Margem financeira: em linha com a carteira

    O maior crescimento em linhas com maior risco e spread deve contribuir com o NII (margem financeira). Ademais, a receita de tesouraria também deve favorecer o NII. A receita de tesouraria do BB é composta pelo resultado de títulos na sua maioria indexados à Selic/DI. No 2T, a Selic média foi de 12,58% em comparação a 10,58% no 1T (+2 pp). O NII deve convergir para o fundo do guidance, continuando a acelerar no restante do ano.

    Do lado negativo, da mesma forma que contribui para a receita de tesouraria, a Selic mais elevada deve seguir pressionando o custo de funding. Esperamos que melhora da dinâmica das receitas de juros e continuidade da pressão do funding se compensem no ano, fazendo com que a carteira cresça em linha com o NII.

    Inadimplência: Tendência de alta t/t e a/a

    A inadimplência deve aumentar t/t no 2T. Parte do aumento pode ser explicado pelo ciclo de normalização da inadimplência e parte pelo crescimento recente em linhas mais arriscadas. No entanto, de forma geral o mix mais conservador da carteira do BB tende a continuar gerando melhores resultados em termos de inadimplência. No 1T, o NPL 60 do BB foi de 2,34% (vs. 4,52% do Bradesco, 3,47% do Itaú e 3,90% do Santander).

    A elevação da inadimplência deve aumentar o custo de crédito t/t, que veio baixo no 1T em função do maior consumo do colchão provisão. Para o ano, o banco segue em uma posição favorável, parte por conta do elevado índice de cobertura. No 1T, a cobertura (90d) saiu de 325% no 4T21 para 297%. O consumo de cobertura deve continuar ao longo do ano, reduzindo gradativamente.

    Despesas: Proxy da inflação

    Esperamos que as despesas sigam crescendo moderadamente no 2T. O banco do Brasil vem tomando medidas de controle de custos, como por exemplo PDVs (planos de demissão voluntária), realizados em trimestres anteriores. Apesar do BB ter feito concurso neste ano, a remuneração média dos novos funcionários deve ser menor do que dos desligados. Para o ano, o Banco do Brasil terá o desafio compensar o dissídio de salários, que deve ser impulsionado pela inflação. Por ora, esperamos que o banco siga capaz de entregar despesas crescendo abaixo da inflação e dentro do guidance em 2022.

    Capital: bom índice de capital

    Hoje o BB tem um índice de capital principal de 12,7%, bem acima de pares e do mínimo regulatório (8%). O banco fez um bom trabalho nos últimos anos, tendo saído de uma situação de capital apertado em 2015/16 para os níveis confortáveis atuais. O maior conservadorismo recente no que se refere a capital ajuda a explicar a manutenção do payout de 40% para o ano, mesmo a estes níveis de capital, o que não vemos de todo mal.

    O BB deve começar a devolver o híbrido que totaliza R$ 8,1b. O pagamento deverá ser de R$ 1b por ano todo mês de julho até 2029. Esperamos um impacto de capital de 12-14 bps por pagamento.

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