Esperamos que o Banco do Brasil entregue mais um sólido resultado nesse segundo trimestre. Nossas estimativas incorporam um lucro líquido de R$ 8,7b com crescimento sequencial de 2,1% t/t e 11,8% a/a, resultando em um ROE de 20,3%, e por consequência, entregando mais um trimestre melhor que alguns pares privados como Santander e Bradesco. O BB reporta seu resultado do 2T23 no dia 09/ago após o fechamento de mercado.
O resultado do trimestre deve ser impulsionado pela carteira de crédito que cresce em torno de 15% sobre uma base mais deprimida do ano passado, mas que deve desacelerar até o final de 2023 dado que o segundo semestre do ano passado foi mais forte. Além disso, o spread continua em patamares atrativos com reprecificação ajudando as receitas crescerem mais rápido que o crédito. Ainda, a margem com mercado (tesouraria) do banco deve continuar com resultado positivo, já que grande parte do montante da operação está alocado em CDI. Por fim, o banco está com a melhor inadimplência dentre os incumbentes, dado o mix mais defensivo de consignado e rural, dando maior tranquilidade para expandir as operações. No momento, ainda não vemos sinais de possível ingerência política, o que deve manter o banco em um bom ritmo de geração de rentabilidade para o ano.
Dessa forma, mantemos nossa visão mais positiva para o banco e reiteramos nossa recomendação de COMPRAR. Estamos aumentando nosso preço alvo de R$ 55,7 para R$ 62,8, baseado no modelo de Gordon Growth, usando seguintes variáveis: ROE target de 16,5%, crescimento de 7% (nominal) e taxa de desconto de 16,8%. Apesar do forte desempenho e BBSA3 esse ano com uma alta de 53%, continuamos vendo o papel com valuation bem interessante negociando a apenas 3,9x P/L 23E, 3,4x P/L 24E e 0,73x P/VP 23E. Por fim, estimamos um dividend yield robusto para o ano de 10,2%.
Carteira
Acreditamos que a carteira de crédito do banco deve apresentar um leve crescimento de 2,0% t/t, ainda beneficiado pelo crédito rural. Já na comparação anual esperamos uma desaceleração, mas ainda com um forte aumento de 14,7%. Para o ano fechado de 2023, esperamos que a carteira fique no meio do guidance próximo de 10% a/a por conta de uma comparação mais difícil com o final do ano de 2022 quando o banco acelerou seu crescimento de carteira.
Margem financeira
Esperamos que a margem financeira (NII) do banco continue em bons patamares, com o NII clientes beneficiado pelo nível atual de spread e crescimento da carteira, além do NII mercado continuar com resultados positivos beneficiado pelos juros altos, diferente dos pares (Santander e Bradesco). Assim, esperamos um crescimento de 4,0% t/t e 29,1% a/a para a margem financeira do banco. Para o ano cheio, estimamos que a margem fique entre a faixa média e alta do guidance em 20% a/a.
Provisão e inadimplência
Para o 2T23, esperamos que os níveis de provisão continuem evoluindo com um aumento de 1,6% t/t e 102,5% a/a. Acreditamos que o banco pode estar chegando próximo de um pico de inadimplência, o que pode auxiliar a instituição a estabilizar ou até mesmo reduzir as provisões para os próximos trimestres. Para 2023 fechado, estimamos que a PDD fique na faixa alta do guidance em 37,3% a/a.
Em relação a inadimplência, esperamos que o banco reporte mais um trimestre com aumento na linha, mas não de forma significativa, puxado pelas linhas mais arriscadas como Pequenas e Médias Empresas e pessoas físicas na vertical de cartão de crédito. Estimamos um NPL 90d em 2,7% (0,05 pp t/t e 0,67 pp a/a).
Serviços
Para a receita de serviços, esperamos um pouco de pressão na linha, impactado por um cenário mais desafiador com o mercado de capitais restrito, migração de fundos mais agressivos (multimercados e renda variável) com maiores taxas de administração para fundos mais conservadores e que possuem menores taxas, além de certa pressão em conta corrente. Apesar disso, estimamos ainda um crescimento interessante de 5,2% t/t e 9,0% a/a. Para o ano cheio, projetamos a linha no meio da faixa do guidance em 9% a/a.
Despesas administrativas
Para o trimestre esperamos que as despesas apresentem um leve aumento em relação ao 1T23, apresentando um crescimento de 4,6% t/t. Na comparação anual, projetamos um crescimento 10,0% a/a, puxado principalmente pelo dissídio ocorrido no final de 2022 e por maiores investimentos em tecnologia. Esperamos que as despesas fiquem acima da inflação dado os investimentos em tecnologia e concurso público para substituir as demissões voluntárias feitas nos últimos tempos. Para o ano, projetamos a linha próxima da faixa média do guidance em 8,5% a/a.
Imposto
Esperamos uma alíquota de imposto de 23,5% para o 2T23, beneficiado pelo pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) e por conta que suas coligadas (BB Seg e Cielo) são consolidadas já líquidas de imposto.