BANCO DO BRASIL

    Ações > Bancos > BANCO DO BRASIL > Relatório > Banco do Brasil (BBAS3) | Resultado 4T22: Com ou sem Americanas, o maior lucro do setor

    Publicado em 13 de Fevereiro às 23:36:29

    Banco do Brasil (BBAS3) | Resultado 4T22: Com ou sem Americanas, o maior lucro do setor

    Com um lucro recorrente de R$ 9,0b no 4T22, o Banco do Brasil (BB) reporta o maior lucro entre os bancos incumbentes no trimestre e também no ano. Título que se manteria, mesmo se tivesse contabilizado 100% de provisões de Americanas no trimestre.

    Com um solido resultado, o lucro do BB de R$ 9,0b evoluiu +52,4% a/a e +8,1% t/t, +7,0% acima das nossas expectativas e +11,4% acima das estimativas do mercado. A rentabilidade também ficou acima de todos os pares privados, com um ROE de 22,5% no trimestre. O banco fecha 2022 com um lucro de R$ 31,8b, aumento de 51% a/a, consolidando sua trajetória de melhora de rentabilidade, que partiu de um ROE de apenas 13,5% em 2018 para 20,6% em 2022.

    O BB considerou apenas 50% dos créditos tóxicos de Americanas, no montante de R$ 788m em provisões a mais, reduzindo o lucro em R$ 364m. Excluindo este efeito, o banco teria reportado um lucro de R$ 9,4b, atingindo um ROE de 23,4%. Se o BB tivesse provisionado 100% de Americanas, o lucro seria de R$ 8,6b com um ROE de 21,8%, ainda sim acima dos rivais privados.

    Apesar do bom trimestre, o resultado foi ajudado por alguns itens no 4T22. A linha de “outras receitas/despesas” auxiliou resultado com uma receita de R$ 1,33b no 4T22 em comparação com uma despesa de R$ 74m no 3T22 e um ganho de R$ 225m no 4T21. O índice de cobertura também segue sendo consumido e a provisões para créditos duvidosos cresceram muito (+31,0% t/t, mesmo sem Americanas o crescimento seria alto de +19,3% t/t).

    O banco também divulgou um guidance para 2023, com um lucro de R$ 35b meio da faixa indicativa, sugerindo um crescimento de 10% a/a. O BB comunicou que os dados esperados para 2023 já consideram 50% do restante das provisões com Americanas.

    O forte resultado no ano somado a um guidance robusto para 2023 e valuation descontado nos deixa mais otimistas em relação a tese. Ainda, como comentamos em nossa prévia, acreditamos a escolha do novo management com funcionários de carreira mitiga risco de ingerência política, que ao nosso ver é estruturalmente menor que 2012. Assim, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR e entendemos que o valuation está atrativo negociando a 3,35x P/L 2023E e 0,71x P/VP 2022.

    Dividendos e JCP

    O banco reiterou o payout de 40% do lucro para 2023 a ser distribuído em dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP).

    Assim, o BB reportou o pagamento de dividendos e JCP referente ao 4T22, totalizando um montante de aproximadamente R$ 0,82 por ação (bruto), representando 2% de dividend yield com base no fechamento do dia 13/fev/2023.

    Carteira

    A carteira de crédito atingiu o montante de R$ 891b, apresentando uma desaceleração no crescimento t/t (+3,5%), mas ainda com um bom crescimento no a/a (+13,6%). Pode-se notar que o mix do banco segue bem conservador, sendo aproximadamente 1/3 cada segmento (agro, empresas e pessoa física), sendo que dentro da categoria mais sensível ao atual cenário macro (pessoa física), 40% do total deste é via crédito consignado. Ademais, o agro segue em ritmo forte devido ao plano Safra, com crescimento de +23,1% a/a e +8,2%.

    Olhando para a carteira expandida, o banco atingiu um total de R$ 1 tri, sendo que o agro atingiu o montante de aproximadamente R$ 310b.

    Por fim, com R$ 1,6b de dívida problemática da Americanas, o BB é o banco incumbente com menor exposição a varejista.

    Margem Financeira (NII)

    A margem financeira atingiu o montante de R$ 21,5b no trimestre (+9,7% t/t e +44,9% a/a), já no acumulado do ano, a linha acumula o total de R$ 73,4b (+23,6% a/a).

    O 4T22 foi beneficiado pela reprecificação da carteira de crédito otimizando a frente de NII Clientes (+7,0% t/t e +40,4% a/a) e por um resultado robusto de tesouraria (NII Mercado) que apresentou um crescimento de +7,7% t/t e +140,5% a/a devido ao portfólio de excesso de liquidez mais alocado em renda fixa.

    No ano, os fatores que impulsionaram os resultados foram os mesmos, acrescido de um crescimento da carteira de crédito e de investimentos (títulos e valores mobiliários).

    Por outro lado, o funding (despesa de captação) também aumentou com o movimento de taxa de juros mais elevada, apresentando um crescimento de +4,6% t/t e +73,4% a/a, além de um aumento de +114,1% no acumulado de 2022, o que conteve de certa forma o crescimento dos resultados de margem financeira.

    Outras receitas/despesas:

    Esta linha ajudou o resultado este trimestre, saindo de uma despesa de R$ 74m no 3T22 para uma geração de receita de R$ 1,33b no 4T22, auxiliando na geração de resultado do banco.

    No trimestre, a linha “outras” foi beneficiada por:

    1. Maiores receitas nas operações com cartões devido ao bônus e incentivos de bandeiras operadas pelo BB, saindo de R$ 71m no 3T22 para R$ 704m no 4T22.
    2. Reversão de provisões após a realização de testes de impairments com melhora de expectativa de monetização de contratos de folhas de pagamento, que saiu de R$ 26m no trimestre passado para R$ 548m.
    3. Empresas controladas não financeiras também apresentou uma forte variação apresentando um montante de R$ 244m no 4T22 vs R$ 34m no 3T22.

    Provisão e Inadimplência

    A despesa de provisão apresentou o total de R$ 8,8b no 4T22 alta expressiva de +31,0% t/t e +53,9% a/a. O destaque detrator para essa linha foi o provisionamento de 50% dos créditos tóxicos da Americanas. Vale destacar que o guidance para 2023 já considera os 50% restantes dos créditos da varejista.

    O índice de inadimplência +90d atingiu 2,51% (+0,17pp t/t e +0,76 pp a/a). Esse crescimento foi impulsionado pela carteira de pessoa física, devido ao cenário macroeconômico desafiador e pela busca de mudança do mix da carteira para linhas de menor risco e maior retorno.

    Serviços

    As receitas de prestação de serviços atingiram R$ 8,4b no 4T22 (-1,0% t/t e 7,9% a/a), o trimestre foi impacto principalmente pela linha de administração de fundos (-7,4% t/t), na qual sofreu com resgates devido a migração e procura de produtos de renda fixa, diante de um cenário de juros mais elevado. Além disso, outros fatores que contribuíram de forma detratora foram: a conta corrente (-1,8% t/t) e o cartão de crédito/débito (-3,6% t/t), devido a menor quantidade de dias úteis.

    Por outro lado, o crescimento a/a de +7,9% está relacionado a: (i) crescimento da linha de seguros, previdência e capitalização (+16,8% a/a) diante do aumento das receitas de corretagem da BB Corretora; (ii) operações de crédito e garantia (+22,3% a/a); (iii) administração de fundos (+3,2% a/a); e (iv) conta corrente (+9,1% a/a).

    Despesas administrativas

    No 4T22, as despesas administrativas cresceram em linha com o que esperávamos, visto a maior sazonalidade do trimestre e o dissídio que ocorreu em setembro. No ano de 2022, as despesas cresceram 5,6%, ficando próximo do ponto médio do guidance do ano (4%-8%) e abaixo da inflação acumulada no ano (5,8%). Acreditamos que o banco vem fazendo uma boa gestão de custo nos últimos anos, conseguindo rentabilizar melhor seu patrimônio e por consequência melhorar o índice de eficiência (29,4% 4T22 x 31,6% 3T22).

    Para 2023, o banco busca crescer a linha de despesas entre 4%-8%.

    Capital

    O índice de capital principal apresentou um aumento de 0,24pp t/t devido, principalmente, ao aumento do patrimônio líquido que incorporou o lucro líquido contábil descontado dos dividendos a pagar, atingindo 12,01%.

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir