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    Publicado em 17 de Maio às 00:34:01

    Inter (BIDI11) | 1T22: Resultado sem muito brilho 

    O lucro do Inter no 1T foi de R$ 27m, crescendo 24,9% a/a e 35,8% t/t e superando os R$ 11m que esperávamos. Apesar do lucro acima das nossas expectativas, o resultado antes do imposto foi de somente R$ 1m, impactado pela margem financeira (NII) caindo 2,8% t/t e forte avanço das provisões, que cresceram 157,4% a/a e 68,6% t/t.  

    Do lado positivo, a queda das despesas t/t e boa performance das receitas de serviços contribuíram para o resultado. Esperamos um crescimento das despesas abaixo das receitas no ano, o que deve contribuir para uma melhora gradual do lucro e rentabilidade.   

    ar do trimestre sem muito brilho, continuamos positivos com o Inter para o ano. Dentre as razões estão: expectativa de melhora gradual da rentabilidade e lucro; continuidade do bom crescimento do crédito e de receitas de serviços; eventual destrave de valor com listagem no exterior, que na nossa avaliação tem poucos empecilhos para a conclusão, e; valuation mais atrativo de 1,5x P/VP 22.  

    Margem financeira: pressionada pela capitação 

    A margem financeira (NII) do Inter caiu 4,1% t/t e subiu 77,5% a/a. O desempenho foi inferior ao da carteira de crédito, que cresceu 5,9% t/t e 78,5% a/a. O menor crescimento da margem financeira em comparação a carteira denota uma compressão da margem, impactada principalmente pela elevação do custo de capitação em 500% a/a e 35,6% t/t. A margem de juros (NIM) foi de 6,1%, retraindo 0,3 pp t/t. 

    A receita de operações de crédito cresceu 69% a/a e 2,6% t/t. A receita de tesouraria continuou avançando forte, com crescimento de 418% a/a e 18,1% t/t. Enquanto as receitas com operações de crédito sofrem com a lenta reprecificação em meio ao ciclo de alta de juros, a receita de tesouraria segue sendo beneficiada principalmente pelos R$ 5,5b que o Inter obteve com o follow-on ancorado pela Stone no ano passado. 

    Esperamos a desaceleração do ritmo de alta de juros reduza a pressão sobre as despesas financeiras ao longo do ano. Além disso, a gradativa reprecificação da carteira de crédito deve contribuir para a melhor do ritmo de crescimento do NII. 

    Qualidade de crédito: destaque negativo para cartão de crédito 

    O custo de crédito do Inter subiu relevantemente. As provisões cresceram 157,4% a/a e 68,6% t/t.  A alta é resultado do acelerado crescimento da carteira de crédito na comparação a/a e elevação da inadimplência, com destaque para a carteira de cartão de crédito. Do lado positivo, o índice de cobertura cresceu para 107,3% (+17,8 pp a/a, +5,5 pp t/t). 

    O NPL (inadimplência) atingiu 3,3% na carteira total e 6,6% na carteira de cartão de crédito (vs. 2,8% e 5,2% respectivamente no 4T). No 4T21, o Inter vendeu uma carteira de cartão já provisionada de R$ 74,5m. Adicionando-a ao cálculo da inadimplência teríamos tido um NPL de 6,7% na carteira de cartão no 4T e superior a 7,85% neste tri. 

    Despesas: destaque positivo, caindo t/t 

    As despesas operacionais do Inter tiveram queda t/t, contribuindo com o resultado. As despesas de pessoal e administrativas caíram 1,3% t/t. Assim, como já havíamos antecipado para 2022, esperamos que o menor crescimento das despesas e continuidade do avanço de receitas deva beneficiar o lucro do Inter no ano. Contudo, ainda esperamos um lucro e rentabilidade modestos para o ano.  

    Imposto: novamente a salvação do trimestre 

    O resultado antes de imposto seguiu fraco no trimestre, atingindo R$ 1m (vs. -R$ 13m no 4T21 e R$ 6m no 1T21). O desempenho foi prejudicado principalmente pela margem financeira mais fraca e elevação das provisões. No entanto, assim como nos últimos trimestres o imposto positivo de R$ 26m seguiu contribuindo para o lucro. 

    Serviços: dinâmica favorável 

    As receitas de serviços (ex Inter shop) seguiram crescendo forte, com avanço de 9% t/t e 98,4% a/a. O resultado do Inter shop também foi positivo, crescendo 10x a/a e 140% t/t. O Inter Shop foi beneficiado pelo maior take rate (+3,5% pp a/a e +1,85 pp t/t) e GMV estável t/t. O primeiro trimestre geralmente apresenta GMV mais fraco no varejo, dada a sazonalidade causada pelo menor consumo. 

    As receitas do Inter Invest cresceram 144% a/a e 9,25% t/t. Os ativos sob custódia cresceram 11% a/a e 2,1% t/t. Já o número de investidores ficou estável t/t. Na Inter Seguros, as receitas cresceram 52,1% a/a e 18,25% t/t, dado maior foco do Inter na venda de produtos de maiores tickets e melhor mix de comissão. 

    Internacionalização: mais um passo rumo ao exterior 

    O Inter deu grandes passos rumo a sua estratégia de internacionalização. O banco concluiu a aquisição da Usend no trimestre e reapresentou a proposta de reorganização societária com vistas a migrar a sua base acionária para o exterior. Com a conclusão da aquisição da Usend, o Inter ampliou sua atuação em câmbio, pagamento e transferências internacionais. Já a migração deve ser positiva por possibilitar que o Inter levante capital mantendo a estrutura de controle e potencialmente negocie a múltiplos mais elevados. Empresas de tecnologia no exterior negociam a múltiplos mais altos. 

    A nova proposta de reorganização societária já foi aprovada pela SEC e pela assembleia de acionistas do Inter. A operação ainda está pendente da contratação de financiamento para arcar com o cash-out (pagamento de investidores que não quiserem participar da migração da base acionária) e homologação pelo Banco Central.  

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