O lucro líquido continuou a ser ajudado pelo imposto (positivo) chegando a R$ 24,2m, um pouco abaixo dos R$ 28,8m no 4T22, mas bem acima do prejuízo de -R$ 28,8m no 1T22. A rentabilidade continuou fraca, com o ROE ficou em apenas 1,4% (-0,3pp t/t e +2,7pp a/a). O lucro de R$ 24,2m veio bem abaixo do consenso e das nossas expectativas em R$ 41m. Do lado mais positivo, o banco reportou um lucro antes de imposto positivo de R$ 5,9m em comparação com prejuízos de -R$ 20m no 4T22 e -R$ 100m no 1T22.
Do lado positivo destacamos:
- Reprecificação das principais linhas da carteira, exceto por PMEs, impulsionado a margem de juros (NII) para R$ 340m, de 22% t/t e 85% a/a;
- Índice de eficiência melhorando no trimestre por menor pressão de despesas de pessoal e M&A;
- Crédito pessoal tomando mais participação no mix da carteira, consequência da evolução do crédito FGTS e do consignado;
- Base de clientes ativos aumentou para 51,5% do total, melhorando 0,6pp em relação ao 4T22;
- Despesa com pessoal, apesar de crescer 19% a/a, caiu 28% t/t.
Do lado mais negativo:
- Índice de inadimplência segue ainda impactado por safras mais antigas;
- Outras receitas de R$ 66m, queda de -24% e -41% a/a, por conta de menores receitas de performance e ganhos de capital.
O lucro e rentabilidade continuam vindo fracos, mas a boa evolução do NII, melhora de eficiência e o resultado antes de impostos positivo, mostram sinais de melhora na busca de rentabilidade. O ROE ainda continua frágil em apenas 1,4%, mas temos expectativas de melhora para os próximos trimestres. A questão é a velocidade dessa recuperação. Apesar de observarmos uma melhora, a recuperação para alcançar a meta de ROE de 30% em 2027 está bem devagar. Continuamos com nossa recomendação de COMPRAR, mas estamos reduzindo nosso preço alvo (PA) para R$ 13,6. Acreditamos que a empresa negocia em múltiplos atrativos, em 14,3x P/L 23E, 6,4x P/L 24E e 0,8x P/VP 23E.
Clientes: base de clientes ativos volta a melhorar
O Inter apresentou um crescimento de 1,6m de clientes (6,6% t/t e 41,5% a/a). O banco está apresentando desaceleração no número de clientes adicionados, em nossa visão, consequência da forte concorrência no setor. Após o ano de 2022 com queda na base de clientes ativos em relação ao total, já conseguimos perceber uma mudança de tendência, com leve melhoria no comparativo trimestral, chegando em 51,5% (+0,6 pp t/te -1,7 pp a/a).
O CAC (Custo de Aquisição do Cliente) ficou em R$ 29,8, levemente abaixo do 4T22 (R$ 30,4), mas levemente acima do 1T22 (R$ 29,0). Vale destacar que o banco está migrando seus custos, de marketing para custos operacionais, alterando o mix do CAC.
A receita média por cliente ativo (ARPAC) está em R$ 28,8 ( R$ 1,8 t/t e -R$ 4,8 a/a). Apesar de uma receita crescente, em 1,29% t/t e 19,31% a/a, foi compensado por uma evolução mais forte das despesas com juros em 13,7% t/t e 99,7% a/a.
Carteira: consignado e FGTS seguem tomando espaço
A carteira (sem antecipação de recebíveis) alcançou R$ 23,8b (+5% t/t e +31,1% a/a). Na questão de mix vemos uma retomada do crédito pessoal (FGTS + consignado), representando 25,5% da carteira total, aumento de 1,4 pp t/t e 3,8 pp a/a. A maior fatia de crédito pessoal tomou o lugar do crédito de empresas, que chegou em 13,1% versus 14,9% no 4T22 e 16,1% no 1T22).
Margem Financeira (NII): reprecificação da carteira
O resultado de juros (NII) atingiu um total de R$ 340m (+21,7% t/t e +84,5% a/a). Apesar de uma maior sazonalidade no 1T23, como menos dias úteis, o NII continua crescente. O NII mais forte é consequência do foco em reprecificação das carteiras, que melhoraram em quase todas as linhas, exceto pelo PME (Pequenas e Médias Empresas).
Serviços e comissões: sazonalidade compensada
A receita líquida de serviços e comissões foi de R$ 247m (+3% t/t e 38,8% a/a). O resultado levemente positivo t/t foi consequência de uma queda de 13% t/t nas despesas de cashback, compensando o trimestre sazonalmente mais fraco das receitas de intercâmbio.
Provisão e Inadimplência: safras antigas ainda seguem pressionando
O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90d) apresentou um aumento de 0,3pp t/t e 1,2pp a/a. Na comparação trimestral, o aumento ocorreu, principalmente, por conta das safras mais antigas da carteira de cartão e crédito. Segundo o conference call de resultados, o banco declarou que foram principalmente as safras de 2021. Já o NPL 90d de outras carteiras se manteve estável. O índice de cobertura ficou estável t/t em 131%, mas com aumento de +5pp a/a.
Despesas Administrativas: índice de eficiência melhorando
No lado de despesas, o Inter apresentou queda de 11,9% t/t, mas crescimento de 7,6% a/a. A melhora nas despesas t/t, foi consequência da redução de números de trabalhadores (4,1k no 4T22 vs 3,8k no 1T23). Além disso, houve normalização das despesas de M&A relacionadas a USEND (R$ 6m no 1T23 vs R$ 43m no 4T22). Essas menores despesas foram parcialmente compensadas por uma evolução de 21% t/t e de 43% a/a nas despesas de processamentos de dados. Por consequência de despesas mais controladas, o índice de eficiência chegou em 65,2%, caindo 10,4 pp t/t e 9,3 pp a/a.
Capital e Patrimônio Líquido: bem capitalizado, mas sendo consumido
O índice de capital da companhia foi de 23% (-1,1 pp t/t e -12,7 pp a/a). A contínua queda do índice do banco é consequência de uma pressão no patrimônio de referência (-1,4% t/t e -17,2% a/a), ao mesmo tempo que ocorre um crescimento dos ativos ponderados pelo risco (RWA), em 3,2% t/t e 28,4% a/a.
Os 23% de Basiléia são compostos puramente por Capital Tier 1 e as novas regras do Bacen a ser implementadas no meio do ano devem dar mais 1,5pp de capital para o Inter, chegando a um Tier 1 proforma de 24,5%.