O Inter reportou um lucro líquido de R$ 223 milhões no 2T24, refletindo uma significativa expansão de +14% t/t e +247% a/a. A rentabilidade (ROE) atingiu 10,4%, continuando seu processo de expansão com +0,7pp t/t e +6,8pp a/a, embora ainda abaixo de pares como o Nubank. O resultado ficou em linha com o consenso de mercado (+1,4%), mas -6,1% abaixo de nossas estimativas. Nossas estimativas foram mais otimistas após a surpresa positiva do 1T24, que superou nossas previsões. Apesar de não atingir totalmente nossas expectativas, observamos um progresso contínuo do banco em direção ao plano 60-30-30 (60 milhões de clientes, 30% de índice de eficiência e 30% de ROE até 2027).
O crescimento do lucro seguiu impulsionado pela robusta expansão das receitas totais (+28,6% a/a), enquanto as despesas operacionais cresceram a um ritmo mais moderado (+17,3% a/a), resultando em melhora da rentabilidade. Além disso, a provisão para devedores duvidosos (PDD) manteve-se sob controle, expandindo apenas +5,7% a/a, com a carteira de crédito apresentando crescimento robusto de +31,1% a/a. A inadimplência também melhorou, caindo -0,2pp t/t e -0,03pp a/a, atingindo 4,7%.
No 2T24, o Inter concluiu a aquisição de 50% do capital da participação do BMG na adquirente Granito, tornando-se o único acionista e renomeando a unidade para Inter Pag. A aquisição está alinhada com a estratégia do banco de expandir no mercado de PMEs (Pequenas e Médias Empresas). O efeito imediato da aquisição foi o aumento da carteira de Antecipação de Recebíveis, já que o Inter passou a financiar toda a carteira que antes era operada pela Granito. Atualmente, o Inter possui 2,1 milhões de clientes PJ (6,2% dos clientes totais), representando uma penetração de mercado de 9,5%, mas com potencial na base de clientes de chegar a 5,5m (penetração de 24,9%).
Mantemos uma visão positiva sobre a tese de crescimento e melhora operacional do Inter, reiterando nossa recomendação de COMPRAR, com preço-alvo de R$ 45,10. Acreditamos que as ações estão sendo negociadas a níveis atrativos, com múltiplos bem abaixo de pares como o Nubank, apresentando um P/L de 14,5x para 2024, 9,9x para 2025, e um P/VP de 1,6x para 2024.
Inter (INBR32) | Resultado 2T24: Lucro com forte expansão t/t e a/a
Clientes: Adicionando mais 1m de clientes, mas reduzindo o ritmo
No 2T24, o Inter alcançou 33,3 milhões de clientes totais, com crescimento de +4,9% t/t e +19,8% a/a. Embora o banco tenha adicionado 1 milhão de clientes ativos no trimestre, o ritmo de crescimento está desacelerando, como previsto. O número de clientes ativos subiu para 18,4 milhões, um aumento de +5,7% t/t e +27,0% a/a, com uma taxa de ativação de 55,3%, melhorando levemente em +0,4 pp t/t e +3,1 pp a/a.
Custo de aquisição: Impactado por nova campanha de marketing
O custo de aquisição de cliente (CAC) manteve-se baixo em R$ 32,6, mas com piora de +13% t/t e +20% a/a, impactado pela nova campanha de marketing da empresa. Neste trimestre, o custo de marketing chegou a representar 55% (+5pp t/t e +5pp a/a) do CAC, o maior nível desde 2T22.
Carteira: Expansão robusta e alterações no mix
A carteira de crédito do Inter, excluindo antecipação de recebíveis, alcançou R$ 32,9 bilhões, registrando um crescimento sólido de +6,8% t/t e +31,1% a/a, superando significativamente as expectativas de crescimento de 10% do setor, estimadas pela FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos). Incluindo antecipação de recebíveis, a carteira cresceu +11,0% t/t e +34,8% a/a.
Em maio de 2024, o banco concluiu a aquisição da participação remanescente da Granito detida pelo BMG, que foi rebatizada para Inter Pag. Com essa aquisição, o Inter passou a financiar toda a carteira anteriormente gerida pela Granito, resultando em uma significativa elevação na participação da Antecipação de Recebíveis no mix do banco.
Mix da Carteira: Participação da Antecipação de Recebíveis aumentou após a aquisição da Granito
Além disso, o Inter acelerou sua atuação no segmento de PMEs, com um crescimento de +29,1% t/t e +35,6% a/a. Essa estratégia visa aumentar a presença em linhas de crédito com maior rentabilidade, apoiando a expansão do ROE.
Carteira de Crédito: Empresas e Antecipação ajudam no crescimento da carteira
Por outro lado, a carteira renegociada registrou um expressivo crescimento de +60,1% a/a e +36,1% t/t, alcançando R$ 1,4 bilhões. A participação dessa carteira em relação ao total saltou para 4,2%, representando um aumento de +0,8pp t/t e +0,7pp a/a. Esse crescimento, que impacta negativamente a geração de lucro devido ao aumento na necessidade de provisões, está relacionado com os efeitos da catástrofe no Rio Grande do Sul sobre o crédito imobiliário. Atualmente, cerca de 70% da carteira renegociada é composta por financiamentos imobiliários. O banco destacou que o efeito do RS deve ser extraordinário, sem impactos adicionais nos próximos trimestres.
Carteira Renegociada: Forte expansão no trimestre
Receita líquida de juros (NII): Sem ajuda da NIM
A receita líquida de juros (NII) ficou em R$ 1,03b (+6,1% t/t e +28,4% a/a). Considerando o ajuste do resultado de hedge, o NII foi beneficiado pela expansão da receita de juros em +5,7% t/t e +24,5% a/a, somado ao ritmo de crescimento mais fraco das despesas de juros (+1,4% t/t e +11,6% a/a).
Do lado um pouco mais negativo, a NIM não apresentou evolução como nos últimos trimestres, ficando em 7,8% (estável t/t e -0,3pp a/a).
NII reclassificado pelo Hedge
Custo de captação (Funding): Ainda em níveis atrativos
A base de depósitos do Inter continuou crescendo com baixo custo de funding, sendo uma forte vantagem competitiva para o banco, principalmente quando comparado com outros bancos de menor tamanho. Em termos de volume, a base de depósitos cresceu +9% t/t e +34% a/a.
O custo de funding anualizado ficou em 6,8% no 2T24, melhora de -0,2pp t/t e -1,2pp a/a, beneficiado pela queda da taxa Selic. O custo de funding do banco continuou em patamares atrativos em 64,3% do CDI, mas com leve piora de +2,4pp t/t e +5,7pp a/a, devido aos depósitos a prazo e depósitos transacionais.
Serviços e Comissões: Sólido desempenho
A linha de serviços e comissões apresentou um total de R$364m (+7,0% t/t e +36,5% a/a), representando 30,4% das receitas líquidas totais (-0,4pp t/t e +0,1pp a/a). O forte desempenho foi puxado pela expansão das receitas de Tarifas de Comissão e Corretagem (+29,6% t/t e +62,3% a/a).
Receita de Serviços: Continuou como parte importante das receitas
Provisões e Inadimplência: Crescimento moderado, bem abaixo da carteira
A linha de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) mostrou um desempenho positivo no trimestre, com um crescimento de 2,5% t/t e 5,7% a/a, significativamente inferior ao aumento da carteira de crédito, que cresceu 11,0% t/t e 34,8% a/a, totalizando R$ 421 milhões, o que indica que o banco tem conseguido expandir crédito com boa gestão da qualidade da carteira.
No 2T24, os índices de inadimplência apresentaram tendência estáveis, assim como o índice (90+) que chegou a 4,7% (-0,1pp t/t e estável a/a). Por outro lado, o NPL formation apresentou uma forte alta de +84,9% t/t e +36,5% a/a, reflexo do elevado aumento de charge-offs de cartão de crédito no trimestre de safras antigas (2T23).
Por outro lado, o Inter também tem adotado novos modelos de crédito, o que tem proporcionado menor inadimplência para as novas safras de crédito quando comparado com as mais antigas.
Por fim, o banco apresentou um leve consumo de cobertura no trimestre (-0,7pp t/t e estável a/a), chegando a 130%.
Despesas administrativas: Crescendo abaixo da receita
As despesas administrativas totalizaram R$ 759 milhões, um aumento de +6,4% t/t e +17,3% a/a. A expansão trimestral deve-se principalmente pelas maiores despesas com pessoal (+7,2% t/t) e com propaganda e publicidade (+44% t/t). Já o crescimento anual está relacionado principalmente com o aumento da depreciação e amortização (+28,9% a/a) e despesas tributárias (+37,2% a/a).
Em relação as despesas com marketing, a gestão do banco confirmou no conference call que planeja testar maiores níveis de gastos para reforçar a marca do banco.
Além disso, o aumento das despesas com pessoal (+7,2% t/t e +9,6% a/a) é reflexo do aumento das contratações em áreas-chave como tecnologia e fortalecimento das equipes comerciais e de produtos.
Capital
O índice de Basiléia ficou em 19,3%, queda de -1,0pp t/t e -3,5pp a/a, composto integralmente por capital nível 1. A redução do capital deve-se a (i) crescimento da carteira e investimentos; (ii) pagamento de dividendos do Banco Inter para a holding Inter&Co.
Apesar da queda do capital, vemos a Basiléia ainda em níveis atrativos, bem acima do requerido pelo Banco Central.