A Oi apresentou mais um resultado fraco no 4T24, abaixo das nossas expectativas. A companhia segue pressionada por uma geração de caixa operacional negativa e não demonstra sinais concretos de reversão desse cenário no curto prazo. Apesar da significativa redução da dívida bruta — que encerrou o trimestre em R$12,0 bilhões após a reestruturação no âmbito do segundo Plano RJ — o nível de alavancagem continua elevado e preocupa. Diante da ausência de gatilhos claros para recuperação operacional e financeira, mantemos nossa recomendação de Venda, com preço-alvo de R$0,70.
Análise do resultado

Receita Consolidada em Queda, com Pressão nos Negócios Legados
No 4T24, a Oi registrou receita líquida consolidada de R$1,9 bilhão, refletindo uma queda anual de 16,6% e trimestral de 5,6%, impactada principalmente pela retração nos serviços legados e descontinuação da consolidação de receitas de ativos classificados como mantidos para venda. A receita líquida das operações continuadas da companhia somou R$625 milhões, com 65% desse valor vindo da Oi Soluções, seu principal negócio B2B, que totalizou R$409 milhões no trimestre, em queda de 24,3% A/A, afetada pela redução da base de clientes em serviços de cobre e por uma abordagem mais seletiva em contratos. As operações não-core contribuíram com R$216 milhões, sendo R$98 milhões oriundos de serviços legados e de atacado, e R$118 milhões das subsidiárias integrais (Serede, Tahto e Oi Services), que cresceram 6,6% na base anual.
EBITDA e lucro abaixo das expectativas
A empresa reportou um EBITDA de R$ -132 milhões no 4T24, representando um aumento de 23,8% no prejuízo em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado principalmente pela queda de receita, apesar de uma redução de 16,0% nos custos e despesas operacionais no comparativo anual. Essa linha foi beneficiada por um efeito positivo de R$ 470 milhões em “Contingências, Tributos e Outros”, decorrente do reconhecimento do superávit do plano Sistel em novembro de 2024. O prejuízo líquido totalizou R$ 2,9 bilhões, influenciado principalmente pelas despesas financeiras elevadas, reflexo da depreciação do real frente ao dólar, dado o endividamento da companhia atrelado à moeda americana.
Fluxo de caixa e endividamento
A empresa registrou uma queima de caixa operacional de R$237 milhões no 4T24, representando uma redução de 20,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar dessa melhora, ainda não há sinais claros de que a companhia será capaz de gerar caixa de forma consistente no futuro.
A dívida bruta da Oi, calculada a valor justo, encerrou o trimestre em R$12,0 bilhões — uma queda de 53,1% em relação ao 4T23 (equivalente a R$13,5 bilhões), reflexo da reestruturação financeira implementada no âmbito do segundo Plano de Recuperação Judicial. Em comparação ao trimestre anterior, entretanto, houve um aumento de 16,3% (ou R$1,7 bilhão), impulsionado principalmente pela desvalorização de 13,7% do real frente ao dólar, além do acúmulo de juros e da amortização do ajuste a valor presente (AVP) das dívidas.