BANRISUL

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    Publicado em 13 de Maio às 02:44:18

    Banrisul (BRSR6) | 1T22: Resultado fraco com qualidade abaixo das expectativas 

    O Banrisul reportou números fracos no trimestre, comprometendo do guidance para o ano na nossa visão. O lucro do banco gaúcho foi de apenas R$ 164m no trimestre, 7,4% abaixo das nossas conservadoras estimativas e 21,5% abaixo das expectativas do mercado. O lucro caiu 33,8% t/t e 41,2% a/a. Apesar do lucro ter vindo relativamente próximo às nossas estimativas, a qualidade foi consideravelmente pior. O resultado foi prejudicado principalmente pela queda de 7,1% a/a e 4,4% t/t da margem financeira, fruto da piora de mix e encarecimento do custo de capitação de funding com alta da Selic e pela uma forte alta nas provisões para crédito duvidoso.  O lucro antes do imposto veio 32,5% abaixo do que esperávamos e o lucro foi ajudado pelo imposto positivo de R$ 21m. 

    Com retração na margem financeira de 7,1% a/a e crescimento da carteira de 15%, o Banrisul está distante do guidance. O banco reiterou no guidance um crescimento de carteira entre 24% e 29% e da margem financeira crescendo 4,5% e 8%.  

    Mesmo ao valuation descontado de 0,49x P/VP e 4,53x P/L22, reiteramos a nossa recomendação de MANTER. Dentre os fatores que nos deixam pouco otimistas para o banco estão: o indicativo lucro estável (flat) a/a no meio do guidance; probabilidade incerta de privatização, apesar de que em ano eleitoral como 2022, as chances aumentam. 

    Margem financeira: pressionada pela Selic 

    A margem financeira (NII) de Banrisul caiu 7,1% a/a e 4,4% t/t. A margem foi prejudicada pela alta do custo de captação, decorrente da alta da Selic. A margem financeira sobre os ativos rentáveis (NIM) contraiu 0,93 pp a/a e 0,18 pp t/t.  

    Esperamos uma gradual recuperação do NII ao longo do ano, dada a redução do ritmo de elevação da Selic e reprecificação da carteira mais lenta já que as taxas do consignados que compõem grande parte de sua carteira são quase que pré-fixadas comprimindo os spreads. Mesmo assim, o guidance para o ano aponta para um crescimento da margem financeira abaixo do crescimento da carteira de crédito, fruto do mix mais concentrado em produtos de spreads mais baixos. O Banrisul indica um crescimento da margem financeira entre 4,5% e 8% e um avanço da carteira entre 24% e 29%.  

    Custo de crédito: em ritmo de crescimento 

    As despesas de provisão para perdas de crédito (PDD) subiram substancialmente em 89,9% a/a e 58,3% t/t. A elevação foi reflexo do crescimento da carteira e rolagem da carteira por níveis de rating. Diferentemente do que temos visto para o sistema financeiro como um todo, a inadimplência (90d) do Banrisul caiu 12 bps t/t e 47 bps a/a. O índice de cobertura (90d) está em 315,3% (+12,2 pp a/a e +5,6 pp t/t), patamar superior a bancões.  

    Receitas de tarifas: a passos lentos 

    As receitas de prestação de serviços e de tarifas subiram modestos 2,9% a/a. O melhor desempenho da rede de adquirência e cartões foi em parte compensado pela queda das receitas de conta corrente, débito em conta, cartão de crédito, seguros e previdência e capitalização. A adquirência e cartões melhorou principalmente pela base de comparação fraca do 1T21, quando a paralisação econômica decorrente da pandemia vinha reduzindo o consumo.  

    Frente a 4T21, as receitas de prestação de serviços e de tarifas caíram 4,5%. A queda no trimestre é reflexo da sazonalidade do período. No 1T geralmente o desempenho comercial é mais fraco e há menos consumo comparativamente ao 4T. O menor consumo gera menos receitas de adquirência e cartões, que caíram 5,4% t/t. No 4T o consumo é impulsionado pelo período de festas. O desempenho comercial mais fraco impacta comissão de corretagem de seguros, cuja retração foi de 3,4% t/t.  

    Despesas administrativas: melhora t/t 

    As despesas administrativas apresentaram aumento de 4,3% a/a e queda de 7,1% t/t. A queda t/t foi reflexo da redução 9% das despesas de pessoal e de 5,1% das despesas administrativas. A despesa de pessoal foi beneficiada pelo período de férias de colaboradores. A alta anual das despesas foi influenciada pelos maiores gastos em serviços técnicos, processamento de dados, serviços de terceiros e aluguéis. 

    Carteira de crédito: longe do guidance 

    A carteira de crédito cresceu 15% a/a e 3,3% t/t. O crescimento anual é explicado principalmente pelo aumento do crédito comercial (+11,1% a/a e 3% t/t) e do rural (+44,6% a/a e 3,4% t/t). No trimestre, o desempenho está atribuído ao desempenho do crédito comercial e imobiliário (+11,5% a/a e 5,9% t/t). O Banrisul sinalizou no guidance um crescimento no crédito na faixa entre 24%-29%. Apesar de manter o guidance, a faixa indicava nos parece agressiva.  

    Imposto: ajudando o lucro, mais uma vez 

    Apesar do lucro ter vindo somente próximo das nossas expectativas, a qualidade do resultado foi pior do que esperávamos. O lucro antes de imposto teve uma queda de 57,3% t/t e de 63,5% a/a, um resultado 32,5% abaixo do que estávamos esperando. O imposto positivo em R$ 21m contribuiu positivamente para o lucro.  

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