A Cyrela reportou resultados sólidos no 3T25, superando o consenso em margem e lucro, ainda que receita e ROE tenham ficado levemente abaixo. A companhia segue em um ritmo forte de lançamentos, mas essa aceleração – somada ao menor apetite do comprador e ao macro ruim – vem contribuindo para uma desaceleração nas vendas, tendência que deve continuar por alguns trimestres. Diferentemente do que observamos no setor de baixa renda, o segmento de alta renda já mostra sinais mais claros de arrefecimento, em um contexto de volume muito elevado de novos lançamentos e preços ainda altos, fatores que têm reduzido a demanda, especialmente em São Paulo. Por outro lado, o trimestre trouxe boa geração de caixa e redução de alavancagem t/t.
Ainda assim, seguimos com nossa recomendação de compra para a companhia, tendo em vista sua capacidade de também operar nos segmentos de baixa renda, o que permite redirecionar o mix de lançamentos em um cenário mais favorável para essa faixa do mercado, somado ao fato de a companhia manter uma das menores alavancagens do setor.
Em termos operacionais, a companhia lançou cerca de R$ 3,4 bilhões em VGV no trimestre (+38% a/a), enquanto as vendas totalizaram R$ 2,5 bilhões, praticamente estáveis em relação ao mesmo período do ano anterior. Com isso, a VSO de 12 meses encerrou o trimestre em 50% (-5 p.p. a/a), impactada principalmente pelo maior volume de lançamentos. Além disso, observamos uma leve desaceleração no ritmo de vendas dos novos projetos, com a VSO dos lançamentos caindo de 62% no 3T24 para 41% no trimestre atual.
A receita líquida do trimestre somou R$ 2,1 bilhões (+5% a/a) enquanto o lucro bruto ajustado atingiu R$ 751 milhões (+2% a/a), resultando em margem bruta ajustada de 35,3% (+0,2 p.p. a/a). As despesas administrativas totalizaram R$ 132 milhões, ficando praticamente em linha com o 3T24, com avanço próximo à inflação do período. Já as despesas comerciais foram de R$ 238 milhões (+40% a/a), refletindo o maior volume de lançamentos. O lucro líquido alcançou R$ 609 milhões (+29% a/a), com margem de 28,6% (+5,3 p.p. a/a) e ROE LTM de 19,9% (+2,3 p.p. a/a). Por fim, destacamos a forte geração de caixa, que totalizou R$ 423 milhões no trimestre, influenciada por efeitos não recorrentes relacionados à venda de ações da Cury. Mesmo excluindo esses itens, a geração teria sido de R$ 172 milhões.

