Sob pressão!
O lucro recorrente de apenas R$ 171,5m veio 38% abaixo da nossa expectativa de R$ 275m e 28% abaixo dos R$ 239m esperados pelo mercado, despencando 39% t/t. A elevação da Selic, que impacta o custo de funding, fez com que a margem financeira caísse 2,7% t/t e 1,9% a/a, especialmente negativo pelo fato de que todos os grandes bancos apresentaram melhora de margem. Além disso, o crescimento de 30,6% t/t das provisões, elevação de 7,3% t/t das despesas administrativas e 44% de outras despesas também jogaram contra o lucro.
Já esperávamos um impacto negativo por conta da elevação da Selic no custo de funding pelo Banrisul não ser muito ativo no hedge da margem, mas o resultado veio pior que o estimado. Além disso, por ser um banco que possui um mix de produto mais concentrado em crédito consignado, cuja taxa é regulada, o Banrisul deve seguir com dificuldade para reprecificar portfólio, alongando o impacto da elevação da taxa Selic na sua receita de juros. Dada a conjuntura negativa, que se soma a incerteza da entrada em um ano eleitoral para o banco estatal com baixa possibilidade de privatização em ano de eleição, reiteramos a nossa recomendação de MANTER.
Apesar de estar com um nível de provisionamento elevado se comparado a demais bancos, as despesas com provisões para crédito subiram 30,6% t/t. Por isso, acreditamos que o banco adote uma política mais conservadora de não consumir reservas (cobertura) de forma agressiva. Assim, num eventual aumento da inadimplência, esperado para 2022, maiores provisões para crédito podem seguir pressionando o lucro.
Pontos Positivos
- Qualidade da Carteira e Cobertura. O índice de inadimplência (> 90 dias) continuou melhorando, dessa vez caiu 2 pb t/t e 77 pb a/a para 2.21%. O índice de cobertura se manteve em patamares confortáveis de 315%.
- Capital. O índice de capital principal de 14,46% permanece sólido, 8,34 pp. acima do regulatório apesar de queda a/a de 1,7 pp.
Pontos Negativos
- Margem financeira sob pressão. A margem financeira de crédito continua caindo, cedendo 1,28 p.p. t/t e 2,95 p.p. a/a para 11,31%, pressionadas pelo crescimento de despesas com juros associada a elevação da taxa Selic.
- Crescimento de crédito abaixo dos pares. A carteira de crédito total cresceu apenas 6,7% a/a e 5,6% t/t, bem abaixo dos demais bancos, que vem crescendo em torno de 10-15%.
- Despesa trabalhista. Outras despesas administrativas subiram 44% t/t pressionadas por provisões trabalhistas que subiram para R$ 63m em 2T21 para R$ 149m nesse trimestre.
- Aumento do custo de crédito. Despesas de provisão de perdas de crédito subiu 30.6% t/t apesar da queda de 11% a/a.