Esperamos que o Banrisul reporte mais um trimestre com desempenho modesto, com queda na rentabilidade e no lucro neste 3T24. Estimamos um lucro de R$ 246 milhões, representando uma leve retração de -0,7% t/t, mas com um crescimento significativo de 92,7% a/a, impulsionado por uma base de comparação baixa no 3T23, quando a economia da região Sul enfrentava dificuldades e o banco teve um aumento significativo nas provisões para devedores duvidosos (PDD).
Projetamos um ROE ainda em patamares baixos, em torno de 9,8%, com leve compressão de -0,2 pp t/t, mas uma boa melhora de 4,4 pp a/a. Acreditamos que a retração no lucro neste trimestre decorre do crescimento acelerado das provisões para PDD (+12,1% t/t), das despesas administrativas (+2,5% t/t), enquanto as receitas de juros (NII) devem avançar apenas 2,3% t/t, refletindo um ritmo de expansão insuficiente para impulsionar o resultado.
O Banrisul divulgará seus resultados do 3T24 no dia 12 de novembro (terça-feira), após o fechamento do mercado.
Após uma desaceleração da carteira de crédito causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul no 2T24, esperamos que o banco volte a originar crédito mais fortemente no 3T24, levando a carteira a crescer +3,1% t/t e +7,6% a/a. O avanço da carteira deve ser impulsionado por uma expansão no segmento de Pessoa Jurídica, Pessoa Física (PF), pelos programas emergenciais e pelas extensões dos prazos de créditos do Plano Safra, com alternativas para perdas causadas pelo desastre.
Além disso, projetamos que o NII (receita líquida de juros) apresente um desempenho modesto no trimestre, com crescimento de apenas +2,3% t/t. A alta dos juros deve impactar negativamente o banco, devido ao descasamento entre seus ativos, que são majoritariamente pré-fixados, e seus passivos, predominantemente pós-fixados. Além disso, o teto regulatório da taxa do consignado, pressionado por fatores políticos, continua a comprimir os spreads, especialmente em um cenário de elevação da Selic. Em resposta, o banco tem ajustado sua estratégia para mitigar esse desalinhamento, ampliando a proporção de ativos pós-fixados e de passivos pré-fixados.
Para 2025, já sem os impactos da catástrofe no Rio Grande do Sul, acreditamos que o banco deverá retomar um ritmo mais robusto de crescimento na carteira de crédito, mantendo, ao mesmo tempo, o nível de inadimplência sob controle. O banco almeja dobrar a carteira de Pessoa Jurídica (R$ 10,2b) até 2026. Esperamos que o NII acompanhe a expansão da carteira de forma mais alinhada. Esses fatores devem impulsionar o lucro do banco e melhorar sua rentabilidade, levando a um ROE de 12,7%, mas ainda aquém do esperado.
Apesar de enxergarmos o cenário mais desafiador no curto-prazo, esperamos que o banco volte a crescer e o valuation continua bem atrativo, negociando a 4,6x P/L 2024e, 3,3x P/L 2025e e 0,44x P/VP 24e. Mantemos nossa recomendação de COMPRA para o Banrisul com preço-alvo de R$ 14,30, que representa um upside de 29,1%. Nosso valuation usa o método Gordon Growth baseada nas seguintes premissas: ROE Sustentável de 12,0%; Custo de Equity (Ke) de 17,0%; Crescimento na Perpetuidade (g) de 6,6%.
Banrisul (BRSR6) | 3T24e: Forte expansão do lucro a/a
Carteira: Prorrogações e programas emergenciais impulsionem aceleração na carteira
Para o 3T24, projetamos uma retomada do crescimento na carteira de crédito do banco, com expansão de +3,1% t/t e +7,6% a/a, alcançando R$ 56,4b, na faixa alta do guidance de 3%-8%. Esse crescimento deve ser impulsionado principalmente por uma expansão no segmento de Pessoa Jurídica (PJ), Pessoa Física (PF), pelos programas emergenciais voltados ao segmento empresarial e pela extensão dos prazos de crédito no âmbito do Plano Safra.
No segmento Rural, o governo anunciou prazos estendidos para prorrogação de créditos destinados a produtores rurais afetados pelas enchentes, com os vencimentos das dívidas prorrogadas para 15/out. Para o pequeno produtor que teve perda superior a 30% da lavoura, o governo poderá cobrir até R$ 25k das perdas. Já para o grande produtor, foi oferecida a alternativa de prorrogar o pagamento por até 7 anos.
Receita Líquida de Juros (NII): Estável t/t, mas forte crescimento a/a
Para o 3T24, estimamos que a receita líquida de juros (NII) se mantenha praticamente estável no trimestre (+2,3% t/t), mas registre uma forte expansão de +20,6% a/a, alcançando R$ 1,65b, dentro da faixa do guidance de 18%-23%.
Projetamos que o aumento da Selic impactará negativamente o NII do Banrisul, elevando o custo de funding e pressionando os spreads do banco. Esse efeito é intensificado pelo descasamento entre ativos e passivos, dado que a maior parte dos ativos é pré-fixada, enquanto os passivos são pós-fixados. Para mitigar esse impacto, a estratégia do banco envolve ajustes na carteira para aumentar a participação de ativos pós-fixados e passivos pré-fixados, reduzindo o desalinhamento. O foco estará em uma maior exposição a operações com Pessoa Jurídica (PJ), que são predominantemente indexadas ao CDI, buscando mitigar o impacto dos custos de funding.
O crescimento da carteira de crédito no 3T24, que deve favorecer o NII, deve compensar parcialmente o término do efeito de reconhecimento de juros sobre os créditos em carência, concedidos em determinados casos de auxílio às populações impactadas pelo evento climático no estado do Rio Grande do Sul no 2T24.
Tarifas: Leve avanço t/t e a/a
Para o trimestre, estimamos que a receita de tarifas chegue a R$ 602m, apresentando um leve crescimento de +3,0% t/t e +4,8% a/a.
Despesas de Provisão (PDD): Forte expansão t/t, mas queda a/a
Para o 3T24, prevemos um forte aumento com as despesas de provisão de crédito de +12,1% t/t, mas expressiva queda de -21,9% a/a, chegando a R$ 340m. A melhora anual é reflexo de esforços do banco para a preservação da qualidade da carteira.
No 2T24, o banco foi parcialmente beneficiado pela concessão de carências em alguns créditos para a população afetada pelo evento climático no Rio Grande do Sul, o que levou a uma redução das despesas com provisões, uma vez que não houve reclassificação dos níveis de rating. Isso resultou em uma queda significativa das despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD), de -25% t/t e -23% a/a no trimestre passado.
Despesas Administrativas: Expansão mais alta pelo dissídio salarial
Para o trimestre, esperamos que as despesas administrativas totais alcancem R$ 1,7b, apresentando uma boa expansão de +2,5% t/t e +9,1% a/a, devido principalmente ao dissídio salarial em setembro.
Imposto: Ainda em níveis baixos
Acreditamos que a tributação se manterá próxima aos níveis do trimestre anterior, com uso mais limitado de créditos tributários em comparação ao ano passado. Dessa forma, projetamos uma alíquota efetiva de 25% para o 3T24, ainda em níveis baixos.