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    Publicado em 15 de Maio às 01:56:37

    Banrisul (BRSR6) | Resultado 1T24: Barato apesar do fraco desempenho 

    No 1T24, o Banrisul registrou um lucro líquido de R$ 188 milhões, 5% abaixo das nossas estimativas e 17% abaixo do consenso de mercado. Esse resultado representa uma contração significativa de -38,3% em relação ao trimestre anterior (t/t) e de -11,9% em relação ao mesmo período do ano anterior (a/a), resultando em uma rentabilidade (ROE) de apenas 7,7%, uma queda de 5,5pp t/t e de 1,5pp a/a. 

    O trimestre foi fortemente impactado pelo aumento significativo de +87,7% t/t e +42,8% a/a nas provisões para devedores duvidosos (PDD), devido à rolagem da carteira por níveis de risco e ao crescimento das operações de crédito em atraso. Por outro lado, a receita líquida de juros (NII) continua em forte expansão (+22,9% a/a), superando o crescimento da carteira de crédito (+7,5% a/a), beneficiada pelo processo de reprecificação e melhora de instrumentos de funding. 

    Em relação à catástrofe recente ocorrida no Rio Grande do Sul, o banco não forneceu nenhuma atualização ou mensuração dos impactos das enchentes na região. No entanto, reiterou o guidance apresentado no trimestre anterior. Diante do fraco desempenho no primeiro trimestre e dos potenciais impactos das enchentes no estado do RS, acreditamos que a probabilidade de revisões negativas no guidance aumenta à medida que o banco consiga mensurar melhor os impactos das chuvas. 

    Apesar do resultado fraco e das incertezas sobre os impactos das chuvas que assolam o estado do RS, acreditamos que as ações do Banrisul já refletem, em certa medida, esses eventos. Com o guidance reiterado e seguindo nossas estimativas para o ano conforme antecipado em nossa prévia (clique aqui), vemos as ações do Banrisul negociando a valores atrativos de 0,4x P/VP em 2024, 3,6x P/L em 2024 e 3,0x P/L em 2025. Além disso, o dividend yield da ação é atraente, atingindo 12,4% para 2024. Portanto, no momento, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com um preço-alvo de R$ 16,20.

    Banrisul (BRSR6) | 1T24: Lucro impactado pelas provisões 

    Carteira: Rural e imobiliário puxaram o crescimento  

    No trimestre, a carteira de crédito cresceu +0,4% t/t e +7,5% a/a, atingindo o montante de R$ 53,9 bilhões. A carteira foi beneficiada no 1T24 especialmente pelas linhas imobiliário (+1,8% t/t e +15,7% a/a) e rural (+2,0% t/t e +37,1% a/a). Do lado negativo, a pessoa jurídica contraiu -1,3%% t/t e -2,7% a/a. 

    Este crescimento fica ligeiramente acima do guidance de 2% a 7%. Projetamos que a expansão da carteira convergirá para o ponto médio do guidance ao longo de 2024, alcançando um crescimento de +4,5% ao ano e totalizando R$ 56 bilhões. Esperamos que essa convergência seja impulsionada principalmente por uma desaceleração estratégica no crescimento do crédito rural.

    Receita Líquida de Juros (NII): Reprecificação e melhora no funding  

    No 4T23, a receita líquida de juros (NII) aumentou +4% t/t e +22,9% a/a, totalizando R$ 1,53b. O trimestre foi beneficiado pelo aumento nos ativos rentáveis (+14,8% a/a) nas aplicações de tesouraria e crédito, e pela redução do custo de funding devido à queda da taxa de juros, em especial, nos depósitos a prazo. Além disso, o banco implementou uma nova metodologia de remuneração do “Raspa Conta” (aplicações de curto prazo), ajudando a reduzir o custo de funding. 

    A empresa conseguiu entregar um crescimento de margem financeira próximo ao intervalo do guidance (25%-30% a/a). Ainda que o apresentado no trimestre tenha ficado abaixo do esperado pela empresa para o ano, ainda é bem superior ao crescimento da carteira (7,5% a/a).  

    Para o ano de 2024, esperamos que o NII fique próximo da faixa baixa do guidance (25% a/a), beneficiado em parte pela mudança de remuneração do Raspa Conta e queda da taxa selic auxiliando no custo de funding. 

    Tarifas: Reclassificação ajuda comparativo anual  

    No trimestre, a receita com tarifas retraiu -4,1% t/t, mas registrou um aumento de +11% a/a, totalizando R$ 579 milhões. A queda na comparação trimestral deve-se à redução de -8,1% nas receitas do Banrisul Pagamentos, explicada pelos efeitos sazonais, que alcançaram R$ 202 milhões. 

    Por outro lado, observamos uma expansão de 11% a/a, em parte devido à base comparativa mais fraca do 1T23, devido ao efeito de reclassificação da linha ocorrido ao longo de 2023. As receitas de cartão de crédito tiveram uma expansão expressiva de +331,6% a/a, totalizando R$ 53,1 milhões. 

    Despesas: Impactada por aumento tributário e outras despesas 

    No trimestre, as despesas administrativas totais caíram -3,6% t/t, mas apresentaram um aumento de +9,0% a/a, totalizando R$ 1,6 bilhão. A forte expansão anual das despesas foi impulsionada pelo aumento dos níveis de despesas tributárias (+13,6% a/a) e outras despesas operacionais (+24,7% a/a). Por outro lado, as despesas com pessoal seguem controladas, com um aumento de apenas +4,1% a/a. 

    Apesar do aumento das despesas na comparação anual, o índice de eficiência apresentou uma melhora de -4,1 pp a/a, embora ainda se encontre em níveis elevados, alcançando 70,8%. Essa melhoria foi impulsionada pelo aumento das receitas, enquanto as despesas evoluíram em um ritmo mais moderado. 

    Despesas de Provisão: Destaque negativo do trimestre  

    No trimestre, as provisões de devedores duvidosos (PDD) apresentaram uma piora significativa de +87,7% t/t e +42,8% a/a, ficando em R$ 407m. O custo de crédito fico em 2,7%, em linha com as estimativas do guidance. A piora da provisão é reflexo da rolagem da carteira por níveis de risco e o crescimento das operações de crédito em atraso.  

    A forte deterioração em relação ao 4T23 se deu pelo fato de que o trimestre passado foi beneficiado pela rolagem da carteira por níveis de rating, liquidação de operações de crédito que estavam 100% provisionadas e revisão na política de provisionamento para o crédito rural. 

    Para o ano cheio, projetamos que as despesas de provisão de crédito em relação à carteira de crédito fiquem próximas do ponto médio do guidance, em 3%, levando a PDD para R$ 1,65 bilhão (+24% a/a).  

    No trimestre, o índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,39%, aumento de +0,44pp t/t e +0,66pp a/a. Já o índice de cobertura apresentou um forte consumo de -36,3pp t/t e -76,4pp a/a, ficando em 209,3%, nível ainda satisfatórios. 

    Imposto: Alíquota baixa devido ao JCP  

    Para o 1T24, a alíquota de imposto foi de 21%, beneficiado em parte pelo pagamento de JCP. 

    Capital: Capital principal cresce  

    O Índice de Capital Principal chegou a 14,35% no trimestre, apresentando uma expansão de +0,8pp t/t e estável a/a, ficando 7,4pp acima do mínimo regulatório.  

    Já o índice de Capital Nível I também encerrou em 14,35% (+0,8pp t/t e estável a/a), superando mínimo regulatório em 5,9 pp, beneficiado no trimestre pelo lucro líquido e efeito dos ajustes prudenciais. 

    Por fim, o Índice de Basileia atingiu 17,6% (+0,9pp t/t e +0,5pp a/a), ultrapassando o mínimo regulatório em 7,1pp. 

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