O lucro de Banrisul de R$ 228m (+38,9% t/t e -18,9% a/a) superou em 2,9% as nossas expectativas e em 21% as expectativas de mercado. Mas não se engane, a qualidade do resultado ainda não melhorou. Com o resultado antes do imposto caindo -46% t/t e -77% a/a e lucro ajudado em grande parte por um imposto positivo, não gostamos tanto do desempenho do 2T22. O ROE segue tímido no patamar de 10%, com a margem financeira decaindo mesmo com forte crescimento da carteira.
Por um lado, vemos maior probabilidade de privatização do Banrisul em um eventual segundo mandato do Eduardo Leite, que lidera as pesquisas no Estado. No curto prazo, eventual reeleição do candidato pode novamente animar o mercado para uma privatização. No entanto, mesmo incorporando o aumento probabilidade para 20%, as dinâmicas operacionais fracas, baixa rentabilidade e alto custo de capital continuam justificando a nossa recomendação de MANTER com preço alvo (PA) de R$ 12.
NII: Estável no 2T, mas ainda sofrendo com funding
A margem financeira com juros (NII) ficou estável t/t e caiu -10,7% a/a refletindo a continuidade da elevação do custo de funding em função da alta da Selic. O NII seguiu pressionado mesmo com avanço da carteira de 5,2% t/t e 21% a/a, refletindo a forte compressão de margem. A margem financeira sobre ativos geradores de receita (earnings assets) retraiu -1,1 pp a/a e -0,21 pp t/t, ficando em 4,69%.
PDD: Positiva! Caindo t/t e a/a
As despesas com provisão para perdas de crédito totalizaram R$ 202 no trimestre, caindo 17,9% t/t e 7,1% a/a. O custo de crédito vem sendo beneficiado pela baixo nível de inadimplência, refletindo o mix conservador com grande concentração em consignado e rolagem da carteira por níveis de rating. O NPL 90d foi de 1,78% (-0,17 pp t/t e -0,45 pp a/a). Mesmo com a queda do custo de crédito, a cobertura atingiu 319,7%, subindo 4,4 pp t/t e caindo 8,0 pp a/a.
Opex (despesas operacionais): Perdendo eficiência por mais um tri
As despesas administrativas totais subiram 33,6% t/t e 41,6% a/a, pressionadas pelas despesas de pessoal, outras despesas administrativas e outras despesas operacionais. As despesas de pessoal subiram 7,8% t/t e 13,2% a/a, impactadas pelo dissídio de salários e implementação de um programa de distribuição de lucros (profit sharing). As outras despesas administrativas cresceram 6,7% t/t e 9,5% a/a. Por último, as outras despesas operacionais subiram 135,4% t/t e 180,3% a/a, atingindo R$ 649m (vs. R$ 276m no 1T22 e R$ R$ 232m no 2T21). As outras despesas operacionais foram impactadas pela constituição de provisões para ações coletivas classificadas como perdas prováveis e aumento das provisões para riscos fiscais. Como resultado da elevação das despesas e receitas pressionadas, a razão entre custos / receita atingiu 63,3%, piora de 3,7 pp t/t e 9,3 pp a/a
Outras receitas operacionais: beneficiadas por reversão de provisões
As outras receitas operacionais foram de R$ 421,8m (vs. R$ 102m no 1T e R$ 110m no 2T21), crescimento de 312,4% t/t e 281,9% a/a. A alta foi explicada pela reversão de uma provisão de R$ 158,9m e uma reclassificação de R$ 103,8 do PL. O conjunto de reversões, reclassificações e provisões gerou um diferimento tributário que fez com que o imposto viesse R$ 150m positivo. O resultado antes de imposto foi de R$ 77m, uma queda 46,2% t/t e 76,5% a/a. Portanto, excluído o diferimento do imposto o lucro teria vindo expressivamente pior.
Guidance: Revisão refletindo macro pior
A margem financeira do guidance foi ajustada para um range (uma faixa) inferior em função da continuidade do aperto monetário e decorrente elevação do custo de funding. O range da margem financeira saiu de 4,5 a 8,5% para de 1 a 5%. O range do custo de crédito também foi alterado de 2% a 3% para de 1,5% a 2,5%, em decorrência da inadimplência sob controle a qualidade dos ativos.
Cenário eleitoral: Apesar de baixa, aumenta o risco de privatização
Um dos eventos que pode ocorrer nos próximos anos é a privatização do Banrisul, principalmente após Eduardo Leite confirmar a pré-candidatura ao Estado do Rio Grande do Sul. Caso reeleito, os fatores positivos para a privatização do Banrisul são: (i) sua forte agenda de desestatização (ii) momento favorável para privatizar no segundo mandato, dado que não concorrerá novamente; (iii) apoio da Assembleia Legislativa, e; (iv) fim do plebiscito para privatizações.
Dada impopularidade da agenda de privatização do Banrisul no Rio Grande do Sul, estamos aumentando a probabilidade de privatização de 10% para 20%. Incorporamos o valor de uma eventual privatização via valor esperado, multiplicando o potencial de destrave de valor pela probabilidade de ocorrência. Assumimos um P/VP justo para o Banrisul caso seja privatizado de 1,4x.