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    Publicado em 13 de Agosto às 23:11:23

    Banrisul (BRSR6) | Resultado 2T24: Com Lucro Pouco Afetado pelas Enchentes, Valuation Continua Descontado

    O Banrisul reportou um lucro líquido de R$ 247 milhões no 2T24, representando um aumento de 32% em relação ao trimestre anterior (t/t) e de 9% na comparação anual (a/a). O resultado superou nossas expectativas em +5,6%, mas ficou abaixo do consenso de mercado em -6,8%. Embora a rentabilidade (ROE) tenha melhorado em +2,3pp t/t e +0,3pp a/a, ainda se manteve em um nível modesto de 10%.

    Dada a relevância do Banrisul no Estado do Rio Grande do Sul, era esperado que o banco fosse mais impactado por suas operações e pelas medidas de auxílio à população e às empresas afetadas pela enchente. Apesar da situação adversa, o banco foi parcialmente beneficiado pela carência concedida em alguns créditos, o que resultou em uma redução das despesas com provisões, devido à não reclassificação dos níveis de rating. Ao mesmo tempo, as receitas continuaram sendo reconhecidas contabilmente, embora sem impacto imediato no caixa.

    Esse movimento permitiu que a receita líquida de juros (NII) registrasse um crescimento de +5% t/t e +16% a/a, enquanto as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) tiveram uma forte queda de -25% t/t e -23% a/a. No entanto, acreditamos que algumas das medidas de concessão de carência e prorrogação de prazos podem ter efeitos negativos mais à frente.

    Por outro lado, devemos esperar um aumento na demanda de crédito para a reconstrução das áreas afetadas pelo efeito climático. No entanto, não notamos uma melhora relevante no guidance de crescimento de crédito.

    Além disso, o banco revisou seu guidance para 2024, com destaque para a margem financeira (NII), cuja projeção de crescimento foi reduzida de 25%-30% a/a para 18%-23% a/a, em função da expectativa de uma taxa Selic mais alta do que o previsto no início do ano, com impacto no custo de funding.

    Apesar do cenário mais desafiador no curto prazo, o guidance continua a mostrar uma perspectiva positiva. O banco está negociando a um valuation muito descontado, com múltiplos de 4,4x P/L 2024e, 3,6x P/L 2025e e 0,5x P/VP 24e, além de um dividend yield de 9%. Mesmo na ausência de um catalizador imediato, mantemos nossa recomendação de COMPRA para o Banrisul, principalmente devido ao valuation atraente. Nosso preço-alvo de R$ 16,20 representa um upside de 36%.

    Banrisul (BRSR6) | Resultado 2T24:  Lucro beneficiado pela forte queda da PDD

    Ajuda ao Rio Grande do Sul: Prorrogação de parcelas e linhas de crédito especiais

    O Banrisul anunciou uma série de medidas emergenciais para apoiar a população e as empresas do Rio Grande do Sul. Entre as principais ações, destacam-se:

    • Crédito Consignado: possibilidade de prorrogação de parcelas e concessão de carência para servidores estaduais e municipais.
    • Crédito Não Consignado: reprogramação de parcelas para clientes com operações ativas contratadas até 30/04/2024.
    • Crédito Imobiliário: concessão de carência no pagamento de prestações de financiamentos imobiliários para imóveis situados no RS.
    • Crédito Rural: prorrogação das parcelas em 60 dias, conforme os normativos vigentes.
    • Cartão de Crédito: prorrogação dos vencimentos das faturas de maio e junho sem custos adicionais e ampliação do prazo de parcelamento do saldo total para até 18 meses.
    • Adquirência Vero: substituição gratuita de maquininhas danificadas ou perdidas para credenciados e isenção temporária de tarifas de conectividade e aluguel.
    • Pronampe: Instituição habilitada a operacionalizar o Pronampe das Enchentes

    Guidance: Revisado

    O Banrisul revisou suas estimativas para o ano, refletindo os resultados para os 1S24 e o impacto climático no Estado:

    • Crescimento da Carteira de Crédito: A previsão de crescimento foi ajustada marginalmente de 2% a 7% para 3% a 8%. Essa revisão é resultado das medidas adotadas após os eventos no Rio Grande do Sul, que incluem prorrogações de operações de crédito, programas emergenciais de apoio às empresas e a abertura de novas linhas de crédito.
    • Despesas de Provisão para Perdas de Crédito: As despesas foram redimensionadas para refletir os menores níveis de risco observados no primeiro semestre de 2024.
    • Margem Financeira: A projeção de crescimento foi reduzida de 25%-30% para 18%-23%. Essa revisão leva em conta a expectativa de uma taxa Selic mais alta do que o inicialmente previsto que impacta o funding do banco e os efeitos emergenciais relacionados aos eventos no Rio Grande do Sul.
    • Despesas Administrativas: A previsão de expansão de despesas foi reduzida de 6%-10% para 5%-9%, devido ao controle mais rigoroso dos gastos do banco.

    Guidance para 2024: Revisado com maior crescimento de carteira, mas menor crescimento de receita

    Carteira: Dentro do guidance mas sem muito dinamismo

    No 2T24, a carteira de crédito cresceu +1,6% t/t e +6,2% a/a, alcançando R$ 54,7 bilhões, situando-se próximo à faixa média do guidance revisado de 3% a 8%. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelas linhas de crédito rural, que aumentaram +6,2% t/t e +23,8% a/a, e pela carteira imobiliária, que registrou alta de +2,1% t/t e +13,6% a/a. Em contraste, a carteira comercial apresentou uma desaceleração, com uma contração de -1,0% t/t e -0,8% a/a, destacando um desempenho menos favorável nesse segmento.

    Carteira de Crédito 2T24: Crescimento de +6,2% a/a

    Receita Líquida de Juros (NII): Abaixo do guidance

    No 2T24, a receita líquida de juros (NII) aumentou +5,1% t/t e +15,9% a/a, totalizando R$ 1,6b. Apesar do crescimento bem acima da carteira, o desempenho ficou abaixo do antigo guidance (25% a 30%) e também da nova revisão (18% a 23%). O desempenho da linha foi beneficiado pelas maiores receitas com derivativos e operações de câmbio, além de menores despesas com operações de empréstimos, cessões e repasses.

    Nesse trimestre, o banco se beneficiou da liberação de compulsório no montante de R$ 2,2b no passivo como medidas compensatórias para instituições financeiras expostas as enchentes.

    Tarifas: Puxado pela Banrisul Pagamentos

    No 2T24, a receita com tarifas cresceu +1,0% t/t e +9,7% a/a, atingindo R$ 585 milhões. Esse crescimento trimestral foi impulsionado principalmente pelas receitas de serviços da Banrisul Pagamentos (Vero), que conseguiu aumentar os volumes transacionados (TPV) em +4,23% t/t e +9,8% a/a, mesmo diante da catástrofe no Rio Grande do Sul, totalizando R$ 12,3 bilhões. No entanto, esse avanço foi parcialmente compensado pela redução das rendas com serviços de conta corrente e administração de consórcios.

    Anualmente, o crescimento foi impulsionado pela expansão das rendas de cartão de crédito e dos serviços da Banrisul Pagamentos, que ajudaram a mitigar a queda nas receitas com serviços de conta corrente.

    Despesas: Forte aumento t/t e a/a

    No trimestre, as despesas administrativas totais cresceram +5,7% t/t e +12,6% a/a, totalizando R$ 1,65 bilhão. A forte expansão das despesas foi impulsionada principalmente pelas “outras despesas operacionais” que cresceram +21,2% t/t e +48,2% a/a, impactadas pelo aumento das despesas com descontos concedidos em renegociações, com tarifas de convênio INSS, despesas com serviços associados a transações de pagamentos e despesas de portabilidade de operações de crédito.

    Despesas de pessoal e administrativas continuam controladas crescendo em torno do ritmo da inflação.

    Além disso, o índice de eficiência apresentou piora de +1,1pp t/t e +1,5pp a/a, alcançando 71,9% (níveis bem elevados). Essa piora foi ocasionada pelo das despesas administrativas totais em um ritmo mais acelerado que as receitas totais.

    Despesas de Provisão: Beneficiada pela carência

    No trimestre, as provisões de devedores duvidosos (PDD) apresentaram uma melhora significativa de -25,4% t/t e -22,8% a/a, ficando em R$ 304m. O custo de crédito ficou em 2,5%, em linha com as estimativas do guidance. A melhora da provisão é reflexo da rolagem da carteira por níveis de rating e redução das operações de crédito em atraso. No trimestre, o banco realizou uma constituição de provisão adicional para o crédito consignado.

    O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 2,31%, melhorando –0,1pp t/t, mas piorando +0,33pp a/a. Em resposta à catástrofe do RS, o Banrisul implementou medidas para a prorrogação de prazos de pagamento, oferecendo condições de renegociação e antecipando operações de pré-custeio, o que ajudou a conter a elevações dos índices de inadimplência.

    Além disso, o índice de cobertura foi novamente consumido (-3,4pp t/t e –51,4pp a/a), ficando em 205,9%.

    Imposto: Ajudado pelo JCP

    Para o 2T24, a alíquota de imposto foi de 27,6%, beneficiado em parte pelo pagamento de JCP.

    Capital: Acima do regulatório

    Os níveis de capital do banco continuam sólidos, com o índice de Capital Principal chegou a 14,9% no trimestre, apresentando uma expansão de +0,6pp t/t e +1,5pp a/a, ficando 8,0pp acima do mínimo regulatório. 

    Já o índice de Capital Nível I também encerrou em 14,9% (+0,6pp t/t e +1,5pp a/a), superando mínimo regulatório em 6,5pp, beneficiado no trimestre pelo lucro líquido e efeito dos ajustes prudenciais.

    Por fim, o Índice de Basileia atingiu 18,5% (+0,8pp t/t e +2,4pp a/a), ultrapassando o mínimo regulatório em 8,0pp.

    Banrisul (BRSR6) | Resultado Estimativa 2024:  Lucro cresce 27% a/a, mas ROE continua fraco em 11%

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