O lucro recorrente de BB Seguridade no 4T21 de R$ 1,22b superou em 10% as expectativas de mercado e veio em linha com as nossas estimativas. O lucro cresceu bem, 33,8% a/a e 25,7% t/t. Os principais destaques no tri foram a melhora dos resultados da Brasil Seg (+30,8% a/a e 65,7% t/t) e da Brasilprev (+349,8% a/a e 241,8% t/t).
A Brasilseg vinha sendo pressionada com o aumento da sinistralidade decorrente da pandemia, que arrefeceu no 4T21. Já a Brasilprev, que vinha sofrendo em seu resultado financeiro com o descasamento de ativos (IPCA) e passivos (IGP-M), reverteu essa tendência nesse trimestre. O descolamento entre índices vem se normalizando com a convergência entre IGP-M e IPCA.
Em 2022 esperamos uma continuidade da recuperação na Brasilseg e Brasilprev, que deve impulsionar o resultado. Além disso, com a alta da Selic média (11,23% em 2022 vs. 4,29% em 2021), o resultado financeiro das subsidiárias e do consolidado deve aumentar substancialmente. Dado cenário positivo para 2022 e valuation atrativo de 9,12x P/L 22 reiteramos a nossa recomendação de COMPRAR.
Brasilseg
O lucro da Brasilseg foi de R$ 540m no 4T21 (+31% a/a e +65% t/t). O bom desempenho foi atribuído a uma melhora da sinistralidade. Do lado negativo, a retração do resultado financeiro e alíquota efetiva mais alta foram detratores do resultado.
Os prêmios emitidos cresceram 14% a/a, mas decresceram 9,8% t/t. O crescimento a/a foi puxado pelos segmentos rural (+32,2%), de vida (11,1%) e residencial (29%). Do lado negativo o prestamista retraiu 18% a/a.
A sinistralidade caiu 0,22 pp a/a em função do arrefecimento dos impactos da Covid-19 nos ramos que possuem cobertura por morte. Os sinistros retidos cresceram 12,9% a/a, abaixo do avanço de 20,7% dos prêmios ganhos, e caíram 31,1% t/t. Com a 2a onda da pandemia, o grande número de óbitos gerou um maior acionamento dos seguros de vida e prestamista, pressionando a sinistralidade. A sinistralidade corresponde aos custos com o acionamento dos seguros (sinistros) em relação à contribuição dos beneficiários (premios ganhos).
No 3T21 ainda havia uma maior pressão na sinistralidade em decorrência de muitos dos óbitos que ocorreram durante a 2a onda da pandemia no 2T21 terem sido reportados somente no 3T21. Pelo número de óbitos já terem caído consideravelmente no 3T21, não houve o mesmo impacto no 4T21, levando o índice de sinistralidade praticamente para patamares normalizados.
No ano, a aumento temporário da CSLL retirou R$ 60,7m do lucro líquido da Brasilseg. Deduzido esse efeito o lucro anual teria sido 2,5% superior. Uma medida provisória sancionada em jun/21 elevou a aliquota da CSLL de 15% para 20% para seguradoras no 2o semestre até dez/21.
Brasilprev
O lucro da Brasilprev atingiu R$ 543m no trimestre, com um crescimento de 353,3% a/a e 231,7% t/t. O resultado financeiro do 4T21 foi de R$ 279m (vs. -R$ 220m no 3T21 e -R$ 297,5m). A melhora do resultado está atribuída em grande parte a convergência do IPCA e IGP-M. O IGP-M desde o final de 2020 estava a patamares muito superiores ao IPCA.
Parte dos passivos da Brasilprev é indexada ao IGP-M e em contrapartida a maior parte dos ativos é indexado pelo IPCA, já que os ativos em IGP-M são escassos. Por isso, o IGP-M mais elevado do que o IPCA, vinha gerando uma pressão no resultado financeiro. No 4T21 o IGP-M foi de 1,5% em comparação a 3% do IPCA. Como o IPCA foi mais alto do que o IGP-M, os ativos geraram receitas mais elevadas do que despesas originadas pelo passivo, beneficiando o resultado financeiro, revertendo a maré negativa dos últimos resultados financeiros da unidade.
Os custos de aquisição caíram 23,6% a/a e 26,4% t/t, também contribuindo com o resultado. A diminuição foi decorrente do maior volume de devoluções de comissão devido ao aumento de pedidos de resgate em planos com menos de um ano de vigência.
De acordo com a Brasilprev, os pedidos de resgate foram motivados pelo cenário econômico, no qual beneficiários tiveram uma queda na renda precisando resgatar valores em planos de previdência. Como consequência dos resgates e queda do volume de contribuições (-0,9% a/a) a captação líquida no trimestre foi de R$ 546m negativos (vs. R$ 3b no 4T20).
Cabe ressaltar que vemos uma continuidade da estratégia de melhora de mix da Brasilprev. A taxa média de gestão anualizada cresceu 0,4 pp, reflexo do aumento dos ativos sob gestão em fundos multimercados.
No ano o resultado da Brasilprev também foi prejudicado pelo aumento da CSLL. O impacto foi estimado em R$ 44,9m no lucro líquido da subsidiária.
Brasilcap
A Brasilcap teve um prejuízo de R$ 125,6m comparado com lucro dos trimestres anteriores. O desempenho ruim está atribuído ao resultado financeiro negativo em função da perda com a marcação a mercado de títulos pré-fixados. Com a elevação da curva de juros, os títulos de renda fixa são reavaliados para baixo. Contudo, a reavaliação só circula no resultado se esses títulos forem vendidos. A Brasilcap está vendendo os títulos para elevar o nível de solvência e adequá-lo ao apetite de risco da companhia.
Além da pressão no resultado financeiro, o desempenho comercial do trimestre foi fraco. A arrecadação com títulos de capitalização retraiu 10,9% a/a e 1,2% t/t. Por fim, a majoração temporária da CSLL gerou um impacto negativo no lucro de R$ 8,9m no ano.
BB Corretora
A Brasilcorretora teve um resultado de R$ 552,8 (+7,3% a/a e -4,5% t/t). O crescimento a/a se deve em grande parte a melhora do resultado financeiro de R$ 53,9m, que aumentou 429% a/a e 62% t/t. Puxada pelo crescimento dos prêmios emitidos da seguradora, as receitas de corretagem cresceram 9,7% a/a e 2,5% t/t. No entanto, a baixa performance comercial na Brasilprev e Brasilcap foram detratores do crescimento das receitas.
Guidance
A BB Seguridade apresentou um bom guidance para 2022. A companhia enxerga um resultado operacional não decorrente de juros crescendo em um range de 12% a 17% (vs. 5,3% realizado em 2021). Os prêmios emitidos pela Brasilseg devem crescer entre 10% e 15% (vs. 16,2% realizado em 2021). Já as reservas para previdência devem crescer de 9% a 13% (vs. 0,9% em 2021).
Dividendos
A BB Seguridade divulgou junto aos resultados a distribuição de R$ 1,8b em dividendos, equivalente a 83% do lucro líquido apurado no 2S21. Somado ao montante distribuído no 1S21, os proventos do ano equivalem a 73% do lucro líquido.
Esperamos que a BB Seg siga pagando bons dividendos em 2022. Projetamos uma distribuição (payout) de 80% do lucro. O dividend yield que esperamos é de 8,64%.