Estamos otimistas com a tese de BB Seguridade que deve continuar se beneficiando da alta de juros. Com os dados de dezembro de 2022, já reportados pela SUSEP, sabemos que o 4T22 vem forte. Com boa parte do desempenho já contratado para 2023, acreditamos em quatro principais fatores para o bom desempenho da empresa nos próximos trimestres:
- Forte desempenho de prêmios emitidos em 2022, se transformando em receita ao longo de 2023
- Normalização nos níveis de sinistralidade, principalmente no segmento agrícola
- Reprecificação das apólices
- Fortes resultados financeiros impulsionados pela Selic em patamares elevados
Apesar das mudanças de presidência do Banco do Brasil trazerem algumas dúvidas em relação ao alinhamento de interesses e potenciais uso do banco para fins políticos, as subsequentes nomeações de executivos de carreira (funcionários com muitos anos de experiencia no BB), nos deixam menos preocupados com o eventual risco de ingerência. Acreditamos que a BB Seguridade tem menos risco ainda, por contar com sócios privados nas unidades de seguros, previdência e capitalização. Por fim, a nova presidente do BB Tarciana Medeiros já foi executiva comercial da BB Seguridade, o que ao nosso ver, pode facilitar as vendas de produtos da BB Seg no balcão do BB.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, revisando nosso preço alvo (PA) de R$ 45,7 para R$ 49,4, acreditamos que o valuation atual está atrativo negociando a 10,0x P/L 2023E. Nosso preço alvo é baseado no modelo de dividendos descontados (DDM), sendo utilizado um crescimento (g) de 5,5%, custo de capital (Ke) de 15,45%. Ainda, estimamos um dividend yield robusto de 8,8% para 2023 com um payout de 86,7%.
Perspectivas para 2023: Mais um ano para ser lembrado?
Para 2023 acreditamos que será novamente um ótimo ano para a BB Seguridade, uma vez que o crescimento das novas apólices já contratados garantem um fluxo de receita forte para os próximos meses em sua principal unidade, BrasilSeg de seguros. Ainda do lado operacional, esperamos uma normalização no índice de sinistralidade com redução dos impactos no segmento agro e menos sinistros relacionados a COVID-19, acrescidos de uma melhor precificação nas apólices de seguro. Do lado de investimentos, estimamos um resultado financeiro com crescimento em todos os segmentos devido a nossa expectativa de uma Selic média alta em 2023. Assim, estimamos um lucro líquido de R$ 7,3b 2023E vs R$ 7,1b esperado pelo mercado, apresentando um crescimento de +19,3% a/a.
4T22: Resultado continua forte
Parcialmente divulgados pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), podemos prever um resultado robusto para a companhia neste 4T22. De acordo com os dados divulgados pela SUSEP, com a BrasilPrev (previdência) crescendo o lucro em +96,0% t/t e +4,5% a/a, BrasilCap (capitalização) aumentando lucro em +68,0% t/t e +150,2% a/a e BrasilSeg (Seguros) com +0,4% t/t e 58,6% a/a.
Portanto, estimamos um lucro consolidado de R$ 1,9b (+15,2% t/t e +55,0% a/a), um pouco acima da expectativa do mercado de R$ 1,63b.
Brasil Seg (seguros): Redução do rural, mas lucro se mantém
No 4T22, ocorreu uma alta dos prêmios emitidos de +31,7% a/a, mas com queda de -17,9% t/t, conforme divulgado pela SUSEP. Acreditamos que a redução no t/t se deu pela desaceleração do rural devido a sazonalidade. Para 2023, estimamos que o seguro rural continue forte, assim como o setor de prestamista, impulsionada pelo consignado e os servidores públicos.
Esperamos uma certa estabilidade no índice de sinistralidade (sinistralidade+resseguro) de -0,26pp t/t e +1,63pp a/a, indicado pelos dados da SUSEP ficando em 36,67% para o 4T22. Vale ressaltar que no 1T22 os efeitos da La Niña afetaram fortemente os sinistros, mas esperamos um impacto mais brando em 1T23. Estimamos que esses resultados mais normalizados de sinistralidade deem sequência para 2023.
O resultado financeiro no 4T22 apresentou crescimento de +9,5% t/t e +396,6% a/a com um total de R$ 240m, segundo reportado pela SUSEP. Estimamos que o financeiro continuará se beneficiando da elevada taxa Selic e, de acordo com nossa equipe macroeconômica, não enxergamos uma redução da taxa Selic em 2023, o que deverá continuar agregando de forma positiva para os resultados da companhia.
O lucro de seguros ficou em R$ 857m no trimestre com crescimento de +0,4% t/t e +58,6% a/a. No tri ocorreu uma desaceleração dos prêmios emitidos, sendo puxado pelo rural, mas que foi contido pelo crescimento das outras linhas de negócio. Ainda, o menor nível de sinistros do ano foi atingindo nesse trimestre, o que contribuiu para geração de resultado mesmo com uma receita menor.
Brasil Prev (previdência): Resultado financeiro positivo depois de dois trimestres
No 4T22, o segmento de previdência registrou, o maior lucro trimestral de 2022 com R$ 567m (+96,0% t/t e +4,5% a/a), conforme os dados reportados pela Susep. O resultado financeiro foi o principal fator que puxou esse resultado com R$ 260m vs um número negativo de -R$ 35m 3T22, porém no a/a houve uma queda de -6,8%. Acreditamos que esse resultado expressivo no t/t está relacionado com o menor descasamento entre o IGP-M e IPCA e pela manutenção da taxa Selic em patamares elevados.
As contribuições de previdência indicaram queda de -14,4% t/t e alta de +8,1% a/a com total de R$ 12,96b no 4T22. A elevada queda t/t deve-se a forte base comparável (tough comps) do trimestre passado (R$ 15,1b). Apesar desse aumento a/a, os resgastes dos planos previdenciários continuam pressionando e impactam negativamente o saldo das reservas ao longo do ano, e por consequência indireta, uma menor capacidade de geração de lucro (bottom line).
Para 2023 estimamos um resultado financeiro com crescimento em linha ao realizado em 2022, devido a nossa expectativa de uma taxa de juros média maior. Esperamos que o descasamento entre os índices de inflação (IGP-M e IPCA) sejam cada vez menores devido a estrutura de hedge (proteção) que a companhia vem realizando. Já as contribuições acreditamos em um crescimento mais contido de +10,5% a/a, além de uma captação líquida maior que 2022.
Brasil Cap (Capitalização): Resultado muito melhor
Para a Cap, o lucro total esperado é de R$ 63m (+68,0% t/t) vs um prejuízo de R$ 126m no 4T21, sendo destaque no trimestre o resultado financeiro (+40,7% t/t), mas com queda de -140,9% a/a, além da arrecadação (+7,9% t/t e +55,8% a/a) devido ao aumento do ticket médio dos títulos de pagamento único.
Para o ano de 2023 estimamos um bom financeiro (+19,1% a/a) devido a Selic alta, sendo esperado um lucro de R$ 291m 2023E (+33,3% a/a).
BB Corretora: No reboque das boas vendas
A BB Corretora é o único segmento não reportado pela Susep. Porém, esperamos um crescimento mais ameno no t/t pelo fato da corretora receber uma taxa de comissionamento dos outros segmentos. Logo, como as outras frentes tiveram grande parte de seus fortes desempenhos via resultado financeiro e não por vendas, esperamos que a comissão recebida pela BB Corretora não seja tão expressiva. Assim, projetamos um lucro de R$ 770m (+2,6% t/t e 39,3% a/a) para o 4T22.
Para 2023, esperamos um repasse maior para a corretora, principalmente da Seg devido ao forte crescimento dos prêmios emitidos. Ainda, esperamos que o resultado financeiro continuará ajudando o ano. Assim, esperamos um lucro de R$ 2,9b 2023E (+5,8% a/a).