Para o 1T24, esperamos que a BB Seguridade reporte um lucro de R$1,88b, apresentando um crescimento de +6,5% a/a, mas com uma contração de-8,8% t/t. Acreditamos que grande parte do impacto trimestral deve estar relacionado com o desempenho do mês de janeiro, já divulgado pela Susep, que apresentou um aumento significativo na sinistralidade do segmento agrícola, além de um desempenho negativo no resultado financeiro da Prev devido ao descasamento temporal entre IPCA e IGPM. Do lado positivo, vemos os prêmios da seguradora ainda fortes, puxados principalmente pelo prestamista, que é beneficiado pelo crédito consignado do Banco do Brasil, além do financeiro revertendo o descasamento temporal negativo nos próximos meses. Colocando em perspectiva, após um mês de janeiro fraco, conforme dados já divulgados, prevemos que o trimestre termine de forma positiva. No entanto, não esperamos uma melhora substancial o suficiente para elevar significativamente nossas projeções de crescimento de lucro para 2024.
Esperamos que os próximos trimestres devam ser melhores, principalmente para a sinistralidade agrícola, além de uma retomada no financeiro da Prev com menor impacto da diferença temporal entre IPCA e IGPM. Assim, estimamos um lucro de R$ 8,17b para 2024, uma expansão de +6% a/a, mas em desaceleração em relação ao resultado de 2023. O risco de um resultado melhor vai depender de dois fatores principais na nossa visão: (1) controle da sinistralidade, principalmente do seguro agrícola; (2) IGPM descolar novamente do IPCA, impactando o resultado financeiro da empresa.
Ainda enxergamos as ações da BB Seguridade sendo negociadas a níveis de valuation atrativos, com um P/L de 8,1x para 2024 e com um dividend yield de 10,7%. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR. No entanto, revisamos nosso preço-alvo de R$ 48,3 para R$ 44, refletindo uma piora no custo de capital da companhia, mas ainda apresentando um upside atrativo de 31%.
Brasil Seg (unidade de seguros): Impactado pela sinistralidade do agrícola
Para a unidade de Seguros, estimamos um lucro de R$ 1,03b (-6,8% t/t e +13,6% a/a), puxado por uma forte sinistralidade no segmento agrícola em jan/24, mas ainda melhor que o 1T23. No entanto, esperamos uma melhora de +3,8% t/t e +9,2% a/a nos prêmios ganhos, ajudando parcialmente a compensar o impacto negativo da sinistralidade.
Para 2024, projetamos um lucro de R$ 4,5b (+11,1% a/a), beneficiado por um crescimento nos prêmios ganhos (+10,4% a/a) e um índice de sinistralidade levemente melhor (-1,33pp a/a), devido ao mix maior em prestamista com sinistralidade mais controlada, além de uma leve melhora no resultado de resseguros (-0,34pp a/a).
Brasil Prev (unidades de Previdência): Resultado financeiro fraco
Para a unidade de previdência, esperamos um lucro líquido de R$ 330m (-34,3% t/t e -24,7% a/a), impactado fortemente pelo resultado financeiro, que ficou em patamares negativos em janeiro, provocado pelo descasamento temporal entre o IPCA e o IGPM, mas esperamos uma melhora para fevereiro e março, finalizando o trimestre em R$ 0. A captação bruta (new money) de janeiro foi boa e estimamos que a captação liquida (net new money) continue sendo positiva após melhor controle nos resgates.
Já para o ano fechado de 2024, esperamos uma retomada para os próximos trimestres, com o resultado financeiro se normalizando. No entanto, nossas estimativas apontam para uma retração de lucro de –3,2% a/a, ficando em R$ 1,84b, devido a uma piora no resultado financeiro já que 2023 foi muito forte.
Brasil Cap (unidade de capitalização): Vendas fortes
Para a unidade de capitalização, estimamos um lucro líquido de R$ 77m (+10,4% t/t e +22,1% a/a), beneficiado por um resultado com títulos de capitalização mais robusto devido as vendas fortes e um bom resultado financeiro.
Para 2024, projetamos um lucro de R$ 291m (+8,5% a/a), beneficiado por um resultado financeiro ainda em níveis saudáveis e receita líquida atrativa, levando a um bom resultado operacional.
A unidade está posicionada em títulos pós-fixados, o que mitiga a volatilidade de marcação de mercado com as variações das curvas de juros em seu resultado financeiro. Porém, com a queda da Selic, a rentabilidade da carteira deve acompanhar a redução de juros.
BB Corretora: Despesas operacionais pesam no resultado
Na corretora, esperamos um lucro relativamente estável t/t, chegando em R$ 796m (1,7% t/t e +12,5% a/a), impactado negativamente pelas despesas operacionais, mas que foi em parte compensada por uma melhor geração de receitas de corretagem. Esperamos que as fortes vendas de produtos de previdência e capitalização contribuam com a geração de receita da unidade.
Para o ano, estimamos um lucro de R$ 3,2b (+7,6% a/a), puxado por um bom resultado com corretagens e resultado financeiro saudável. Como o reconhecimento de receita dos produtos de previdência são diferidos, esperamos uma resiliência nos resultados ao longo do ano, principalmente pelo aumento das % de comissões e do mix crescente em prestamista (produto com 60% de comissão e duration de 2 anos).