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    Publicado em 08 de Maio às 23:32:16

    Casas Bahia (BHIA3) | Resultado 1T24: Menor prejuízo deve chamar a atenção do mercado

    Encerrado o pregão da quarta-feira (8/mai), o Grupo Casas Bahia reportou as cifras referente ao 1º trimestre de 2024. Apesar de ainda vermos uma forte desalavancagem operacional, o resultado se consolidou melhor do que o esperado, com as vendas 1P on-line caindo menos do que a nossa projeção e a rentabilidade do grupo voltando a aparecer.

    Como dito em nosso último relatório “Casas Bahia (BHIA3) | Prévia 1T24: Um longo caminho à frente!“, resolvemos adotar um tom mais pessimista do que o consenso do mercado. Diante disso, o resultado operacional acabou se consolidando exatamente no “meio do caminho” entre as nossas estimativas e o consenso do mercado.

    Contudo, vale um destaque especial para o menor prejuízo consolidado pela companhia, em R$ 261 milhões, o qual ficou 37,4% abaixo de nossas estimativas e quase 12% inferior ao consenso da Bloomberg. Entendemos que, além do impacto positivo que as mudanças estratégicas vem trazendo para a rentabilidade do grupo, a última linha do resultado da companhia foi “beneficiada” por um menor montante de antecipação de recebíveis nesse trimestre.

    A antecipação de recebíveis costumava impactar negativamente ~R$ 260 milhões/trimestre no resultado financeiro e, nesse trimestre, a companhia antecipou um montante de R$ 159 milhões, quase R$ 100 milhões a menos do que o “normal”. Ao longo da teleconferência, devemos entender um pouco mais se esse deveria ser “o novo normal” para essa linha daqui em diante − ou se este trimestre fora apenas um outlier.

    Reiteramos a recomendação NEUTRA para o papel, com preço-alvo sob revisão. Esperaremos até a efetiva aprovação do plano de Recuperação Extrajudicial para incorporar novas estimativas.

    GMV On-line recua 12,5% a/a

    A companhia consolidou um GMV On-line +4,1% superior à nossa estimativa, em R$ 4,3 bilhões (-12,5% a/a). A dinâmica veio exatamente dentro do esperado, porém com uma intensidade um pouco mais suave.

    Além do reposicionamento de estratégia entre os canais, com tombamento de 23 subcategorias do canal 1P para o canal 3P (traziam margem negativa para a companhia), o desinvestimento do canal B2B acabou pressionando o volume de vendas do digital nesse trimestre.

    O canal B2B era onde o grupo vendia os seus produtos através de plataformas parceiras, bancos e empresas de fidelidade. Apesar de as vendas B2B ter se consolidado como avenida de crescimento muito importante para o on-line nos últimos 2 anos, movimentando cerca de R$ 4,7 bilhões de reais por ano (Est. Genial), nem todas as operações de vendas eram economicamente vantajosas − pensando em termos de lucro operacional para o grupo Casas Bahia.

    Acreditamos que essas mudanças devem afetar o GMV da companhia até parte do 3º trimestre – quando o volume bruto de vendas começa a ficar comparável, dado o início do plano de reestruturação.

    GMV Lojas físicas cai a duplo dígito

    Nenhuma grande surpresa em relação às lojas físicas. O grupo consolidou um GMV Lojas físicas de R$ 5,4 bilhões (-10,7% a/a; +0,5% vs. Est. Genial).

    Entendemos que a combinação entre fechamento de 57 lojas ao longo dos últimos 12 meses e um crédito ainda restritivo (carteira do crediário -1,5% a/a) pressionaram o volume de vendas do canal físico da companhia.

    Lucro bruto surpreende

    Após o fim do saldão de estoques antigos, realizado ao longo do 3º e 4º trimestre de 2023, a margem bruta da companhia finalmente retoma a patamares históricos, em 30,0%, +130bps superior à nossa estimativa. A companhia consolidou um lucro bruto de R$ 1,9 bilhão (-19,4% a/a; +6,5% vs. Est. Genial).

    Margem EBITDA volta a ultrapassar a barreira do mid single digit

    Com o boost de margem bruta, a companhia consolidou um lucro operacional +36% superior à nossa estimativa, com uma margem EBITDA de volta à casa dos 6,0%.

    Com a perspectiva de retração de faturamento, entendemos que a companhia equalizou a sua estrutura de despesas à nova realidade. Um crescimento de vendas e diluição de despesas será essencial para trazer a margem EBITDA de volta a patamares históricos.

    A companhia consolidou um EBITDA aj. de R$ 387 milhões (-42,7% a/a) e uma margem EBITDA aj. de 6,1% (-310bps a/a; +150bps vs. Est. Genial).

    Menor prejuízo deve chamar a atenção do mercado

    A primeira grande surpresa do resultado foi a maior margem bruta do grupo. Já a segunda grata surpresa veio em relação ao menor montante de despesas financeiras.

    Diante de um custo de dívida e alavancagem financeira ainda em patamar elevado (consolidado em 3,1x nesse trimestre), entendíamos que o resultado financeiro da companhia continuaria sendo uma “dor de cabeça” para a companhia no 1º trimestre.

    Vale lembrar que… o plano de reperfilamento das dívidas ainda não foi homologado e, portanto, a redução de despesas financeiras deveria ser algo que aconteceria entre o 2º e 3º trimestre deste ano.

    Contudo, uma redução substancial nos juros com fornecedores convênio (risco sacado) e o menor montante de antecipação de recebíveis fizeram com que o resultado financeiro líquido da companhia viesse 30,6% abaixo de nossa estimativa.

    Ao somarmos um maior lucro operacional junto a um menor montante de despesas financeiras, a companhia consolidou um prejuízo +37,4% abaixo de nossas estimativas, em R$ 261 milhões (+12,1% a/a).

    O que mais?

    Outros pontos relevantes: (i) A companhia monetizou R$ 203 milhões de créditos tributários nesse trimestre; (ii) encerrou o trimestre com uma redução de R$ 2,1 bilhões em estoques (-32 dias a/a) e com um Capex 68% menor do que o apresentado no 1T23; (iii) recuo na taxa Over-90 para 9,0% (anteriormente em 9,4%), com PDD caindo sequencialmente.

    Tabela 1: Resultado consolidado pelo Grupo Casas Bahia vs. Est. Genial (R$ milhões; IFRS 16).

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