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    Publicado em 13 de Novembro às 22:42:02

    Casas Bahia (BHIA3) | Resultado 3T24: No news is a good news!

    O Grupo Casas Bahia foi a última empresa a reportar as cifras referentes ao 3º trimestre, após o final do pregão dessa quarta-feira (13/nov). Foi um resultado de zero surpresas – o que a depende do ponto de vista pode ser positivo, dado que, coincidência ou não, o 3º trimestre costuma ser o grande mensageiro de más notícias.

    Dois esqueletos foram retirados do armário exatamente nesse período ao longo dos últimos 4 anos. No 3º trimestre de 2021, tivemos as provisões de R$ 1,3 bilhões para conter as demandas judiciais e no 3º trimestre de 2023, o plano de reestruturação, que apesar de necessário, implicou em uma ruptura de rentabilidade do grupo até o 2º trimestre de 2024.

    Foi um trimestre fraco e esse é um ponto indiscutível! Contudo, já começamos a ver tendências melhores na visão sequencial. A recuperação de vendas nas lojas físicas é um ponto positivo e veio acima da inflação, o que sugere que a demanda pelo menos nessas categorias básicas (linha branca e linha marrom) ainda está firme. No entanto, o crescimento foi impulsionado pela ampliação da concessão de crédito (+7,5% a/a), o que aumenta o risco, pois o FIDC (fundo de crédito) ainda não está operacional, deixando a companhia mais exposta ao risco de inadimplência no médio prazo.

    Neste resultado, ainda vemos uma base comparativa poluída pela antiga Casas Bahia, principalmente quando olhamos para o GMV 1P on-line, que ainda não encontra base para crescer, dado o tombamento de várias categorias não rentáveis para o 3P e a descontinuação do canal de vendas do B2B. O impacto da decisão de reduzir o B2B e priorizar vendas rentáveis no 1P foi um ajuste necessário para manter a margem, mas acabou por comprimir o GMV no digital.

    Acreditamos que o canal 1P on-line só deve voltar a crescer a partir do 1º semestre de 2025, dado que a descontinuação das vendas B2B foi feita de forma gradual ao longo desse mesmo período em 2024.

    As margens melhoraram de forma significativa, com um salto de 866 bps a/a na margem bruta e 867 bps a/a no EBITDA – retomando o mesmo patamar de 2022. Sem dúvidas, esse é o ponto alto do trimestre.

    Com as margens nos lugares certo e com carência de juros até 2026, o maior inimigo da Casas Bahia continua sendo o cenário macroeconômico brasileiro. Para vermos um início de geração de caixa, precisaríamos ver as vendas voltando a crescer acima da inflação dos próximos anos e, dado a abertura da curva de juros e a demora em implementar o FIDC, permanecemos céticos que essa virada de página acontecerá em 2025.

    Reiteramos a recomendação de VENDA e preço-alvo 12m de R$ 4,00.

    Com o impacto do on-line, receita líquida ainda cai a/a

    O volume bruto de mercadorias (GMV) totalizou R$ 8,9 bilhões (-8,7% a/a; +0,5% vs. Est. Genial), pressionado pela desaceleração do canal digital. Apesar disso, as vendas físicas mostraram sinais de recuperação, especialmente nas categorias de móveis e eletrodomésticos, impulsionadas pela concessão de crédito, que atingiu R$ 5,7 bilhões (+7,5% a/a; +2,8% t/t) – marginalmente abaixo da nossa expectativa, que esperava um crescimento de 8,5% a/a.

    O Grupo Casas Bahia reportou uma receita líquida consolidada de R$ 6,4 bilhões (-2,9% a/a; +0,1% vs. Est. Genial), refletindo o cenário desafiador para o setor de varejo

    Margem Bruta retoma patamares históricos com o fim do saldão

    Com o fim do saldão de estoques que pressionou margens nos trimestres anteriores, a companhia conseguiu recuperar a margem bruta para um patamar de 31,6% (+866bps a/a; +76bps vs. Est. Genial). O lucro bruto consolidado foi de R$ 1,9 bilhão (+33,7% a/a; +2,4% vs. Est. Genial), refletindo uma melhora na qualidade dos estoques e uma precificação mais controlada.

    EBITDA melhora, mas aumento da PDD impede ganhos mais fortes

    A companhia reportou um EBITDA ajustado de R$ 491 milhões (+6,9% vs. Est. Genial), com margem EBITDA de 7,7% (+867bps a/a; +70bps t/t), revertendo o EBITDA negativo apresentado no ano passado, em -R$ 66 milhões. Apesar do aumento da margem EBITDA vir do carrego positivo da margem bruta, a reversão integral foi limitada dado o aumento da PDD, efeito direto da expansão da carteira de crédito, que elevou o custo do crédito e adicionou uma camada extra de risco para o médio prazo.

    A melhora operacional reforça a mudança estratégica, mas as despesas financeiras elevadas continuam sendo um entrave significativo. A expansão da carteira de crédito coloca a empresa em um equilíbrio delicado, podendo limitar uma recuperação sustentável no médio prazo caso a inadimplência aumente.

    Lucro Líquido impactado por despesas financeiras, mas apresenta leve melhora

    Apesar da recuperação operacional, o bottom-line ainda sofre com o peso da alavancagem financeira. O resultado financeiro negativo foi de R$ 369 milhões, representando 10,9% da receita líquida (+692bps a/a). A expansão da carteira de crédito coloca a empresa em um equilíbrio delicado, podendo limitar uma recuperação sustentável no médio prazo caso a inadimplência aumente.

    Estoques reforçados para a Black Friday e temporada de festas

    Preparando-se para o pico de vendas do final do ano, a Casas Bahia aumentou os estoques em +9,6% t/t, com foco em categorias de giro rápido, como eletrodomésticos e móveis – áreas core da empresa. Esse acréscimo posiciona a companhia para a Black Friday e outros eventos sazonais, ainda que aumente temporariamente a alavancagem financeira. A estratégia é clara: captar o potencial da sazonalidade, com uma aposta em itens de alta demanda para impulsionar as vendas no 4º trimestre.

    Tabela 1: Comparação entre os números consolidados pela Casas Bahia e a estimativa da Genial (R$ milhões; IFRS 16).

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