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    Publicado em 10 de Maio às 00:30:52

    Via (VIIA3) | 1T22: E essa dívida, rola ou não rola?

    A dívida de longo prazo se tornando de curto prazo. Rola ou não rola?

    A Via (VIIA3), ex Via Varejo, foi a primeira varejista de e-commerce a divulgar os seus resultados do primeiro trimestre de 2022 ao mercado. Este é um resultado muito aguardado pelo mercado, afinal a Via é uma das “queridinhas” dos mais de 495 mil investidores “pessoa física” posicionados no papel.

    Bom, sabemos que não tem sido uma sequência de meses fáceis para os acionistas de VIIA3. Analisando os papéis presentes no Ibovespa, as ações da varejista emplacam a 4ª maior queda no acumulado anual, derretendo em mais de 48% de seu valor de mercado apenas neste ano.

    Diante de um cenário macroeconômico mais fraco, com alta inflação e menor poder aquisitivo do brasileiro médio expandido, as empresas varejistas tem sentido compressões em suas margens. No entanto, enxergamos o varejo mais “racional” para 2022, com as companhias buscando monetizar melhor as suas operações de marketplace (3P) e enxugando as despesas operacionais, de forma a atravessar o ano com uma boa saúde financeira.

    Apesar de uma notável diluição nas despesas SG&A, fruto de uma maior produtividade líquida dos vendedores, ainda mantemos nosso tom de cautela para VIIA3 no curto prazo. Nossa recomendação é NEUTRA, e estamos atualizamos o preço-alvo de 22E para R$ 4,00 (ante R$ 5,00).

    Faturamento

    A Via reportou um GMV (sigla para Volume Bruto de Mercadorias) líquido marginalmente dentro do esperado pelo nosso modelo. Projetávamos um GMV líquido de R$ 9,6 b, uma cifra que ficou 2% abaixo do consolidado pela varejista no trimestre (R$ 9,8 b).

    A dinâmica de crescimento entre o volume de pedidos do 1P (produtos próprios) e 3P (marketplace) trimestre começa a se tornar mais uniforme. Esperamos que esse padrão se mantenha ao longo dos próximos trimestres do ano.

    Após o GMV líquido 3P crescer 123% a/a do 1T20 para o 1T21, a base de comparação começa a ficar mais pesada, e diante de um cenário macro ainda desafiador, a Via reporta um crescimento mais tímido, de dois dígitos (+12% a/a), atingindo R$ 1,16 b de faturamento nessa linha de marketplace.

    Ainda sobre os pedidos 3P, precisamos colocar chamar atenção para alguns destaques:

    (i) O share de cauda longa avançou 10 pontos percentuais em 1 ano, aumentando sua participação para 33% do volume de pedidos bruto do marketplace;

    (ii) O ticket médio dos produtos de cauda longa caiu 31% a/a, a R$ 431,00, um reflexo da estratégia de ampliação de sortimentos comercializados no marketplace da Via, que busca atingir maior recorrência de compras;

    (iii) Na base sequencial, o crescimento de sellers deu uma desaquecida, saindo de 133 mil no 4T21 para 138 mil no 1T222. Esperamos ver uma melhor reação do destravamento do processo de onboarding a partir daqui.

    (iv) Buscando uma melhor monetização de sua estrutura, a Via consolidou um take rate médio de 9,6% nesse trimestre.

    Reunimos algum desses dados na tabela dinâmica abaixo, aproveite para conferir!

    A dinâmica de crescimento uniforme também seguiu entre as linhas de e-commerce e operações físicas. A varejista começou a sentir uma melhora sequencial nas vendas de mesma lojas, passando por um movimento de reversão de tendência, principalmente a partir de fevereiro. O indicador Vendas de Mesma Lojas (“SSS”) atingiu uma alta marginal de 0,3% no primeiro trimestre de 2022.

    Com um crescimento mais padronizado entre suas linhas, mas ainda impactado pela incidência do Ômicron e Influenza em janeiro, prejudicando o fluxo de lojas físicas, a Via reportou uma receita líquida de R$ 7,4 b, o que representa uma queda de 2% frente ao 1T21.

    Destaque positivo para as receitas de serviços financeiros e crediário, que apresentaram grande evolução com a retomada do fluxo de loja física na segunda metade do trimestre.

    E as margens?

    Margem Bruta

    Excluindo o impacto de processos trabalhistas e outros itens não recorrentes, que somaram R$ 30 m no trimestre, a Via reportou uma margem bruta estável, a 31,2% (-20 pontos-base a/a).

    Margem EBITDA

    Novamente, a análise dessa linha exclui os efeitos não recorrentes (R$ 55 m) do trimestre. Observamos uma importante evolução do enxugamento de despesas da companhia, com destaque para diluição das linhas de despesas de vendas, que representavam 21,4% da receita líquida no 1T21 e passaram a representar 18,8% da cifra no 1T22. A diluição mostra um ganho de produtividade líquida dos vendedores “phygital” da Via.

    No lado negativo, as despesas estimadas para créditos duvidosos acabaram pressionando nesse trimestre. No frigir dos ovos, a companhia conseguiu reportar um ganho de 140 bps em sua margem EBITDA ajustada.

    O ganho de margem decorrente das despesas de vendas foi uma surpresa positiva frente ao estimado pelo nosso modelo, onde estimávamos uma margem estável em relação ao 1T21.

    Margem Líquida

    Essa é uma linha pesada, e que o mercado certamente manterá os olhos bem abertos ao longo das próximas divulgações da Via.

    Altamente alavancada, as despesas financeiras da Via cresceram 80% a/a. Considerando a Selic média do período, o custo da dívida subiu viu o CDI subir pouco mais de 8 pontos percentuais no período de um ano.

    E falando em despesas financeiras…

    Permanecemos atentos em relação à amortização de dívida no valor de R$ 896 m prevista para este 2º trimestre de 2022. Será que veremos uma rolagem de dívida acontecer?
    Uma coisa é certa: o caixa está diminuindo e a dívida de “longo prazo” vai virando de “curto prazo”. A ver.

    Apesar de um ótimo trabalho no enxugamento de despesas, a Via não conseguiu fugir da forte compressão (esperada) de sua para a margem de última linha (-220 bps). Analisando a cifra contábil, a companhia viu sua cifra cair 90% a/a, a R$ 18 m.

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