Como antecipado em nosso relatório de roadshow com o Bradesco (link do relatório), esperamos uma melhora gradual nos resultados do banco ao longo do ano. Nesse trimestre, como destaque, esperamos o ponto de inflexão na receita de juros com cliente (NII clientes). Após vários trimestres com quedas sequenciais, estimamos que o banco reporte seu primeiro crescimento t/t de NII clientes, passo fundamental para que o banco retome rentabilidade de forma sustentável. No 1T24, observamos o ponto de inflexão na carteira de crédito após vários trimestres de contração, que deve seguir uma trajetória de crescimento até o final do ano, com o banco assumindo mais risco de crédito à medida que a inadimplência continue caindo.
Para o 2T24, projetamos um lucro líquido de R$ 4,4 bilhões, um aumento de +4,6% t/t, mas uma queda de -2,5% a/a. Esperamos uma rentabilidade (ROE) de 10,9% (+0,45pp t/t e -0,57pp a/a), ainda aquém dos principais concorrentes que operam acima de 20% de ROE.
No curto prazo, a melhoria trimestral deve ser impulsionada pelo crescimento da margem com clientes (NII Clientes), beneficiada pela retomada da originação em linhas mais arriscadas, como Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e varejo massificado. Estimamos que as provisões de crédito alcancem R$ 8,5 bilhões, um aumento de +9,2% t/t devido ao crescimento em linhas mais arriscadas, mas ainda registrando uma queda de –17,3% a/a.
Com a retomada do crescimento do NII, antecipamos uma melhoria na rentabilidade ao longo do segundo semestre de 2024, com ROEs projetados de 12,7% no 4T24, 11,4% para o ano completo de 2024, e 14,1% para 2025.
Para 2024, esperamos que a rentabilidade retorne com o crescimento do crédito, a melhora da margem de juros (NIM) à medida que o banco expanda em linhas de maior risco, a redução das provisões para crédito duvidoso e a contenção de despesas. Acreditamos que o processo de reestruturação levará tempo, com a maior parte dos resultados positivos sendo capturados em 2025 e 2026.
Apesar do desempenho do Bradesco estar abaixo do ideal, as ações estão sendo negociadas a múltiplos atrativos de apenas 0,8x P/VP 2024e e 5,8x P/L 2025e. Com grande base de clientes, ampla rede de distribuição nacional, capital robusto e marca forte, acreditamos que o banco eventualmente recuperará sua rentabilidade para pelo menos um pouco acima do custo de capital de 14-15%, mesmo que a execução da reestruturação não seja transformacional. Portanto, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com um preço-alvo de R$ 17,00, o que representa um potencial de valorização de 34%.
Bradesco (BBDC4) | Prévia 2T24: NII Clientes deve chegar à inflexão
Carteira de crédito: Aposta nos segmentos mais arriscados
Após a inflexão da carteira de crédito no 1T24, projetamos uma leve aceleração para o 2T24, com uma expansão de +2,4% t/t e +4,0% a/a. Acreditamos que esse movimento será impulsionado pela retomada da originação em segmentos mais arriscados, como pequenas e médias empresas (PMEs) e varejo massificado.
Receita de juros (NII): Ponto de inflexão na Margem com Clientes
Para o 2T24, projetamos que a receita de juros (NII) atinja R$ 15,66b (+3,4% t/t e –5,4% a/a). Estimamos que o NII Clientes chegue ao ponto de inflexão neste trimestre, com expansão de +4,8% t/t, após vários trimestres em contração, mas ainda com queda de -8,6% a/a, totalizando R$15,2b. Acreditamos que o avanço trimestral deve se dar pela retomada da originação em linhas de crédito de maior risco, melhorando o spread (NIM) da carteira.
Por outro lado, acreditamos que o NII Mercado apresente uma contração de –29,9% t/t, mas positivo e revertendo o valor negativo de -R$ 96m no 2T23, atingindo R$ 441m. Estimamos que queda trimestral deva se dar pela abertura da curva de juros futura no período, impactando negativamente o resultado da tesouraria.
Receita com tarifas: Leve melhora t/t
Acreditamos que a receita com tarifas continue fraca no 2T24, mas ficando dentro do intervalo do guidance. Estimamos um total de R$ 9,1b, crescimento de +2,8% t/t e +4% a/a.
Receita com seguros: Continua forte, mas desacelerando
Para o 2T24, esperamos que os resultados de seguros continuem atrativos, com expansão de +16,7% t/t, mas com queda –3,6% a/a, atingindo R$ 4,66b. Em nossa visão, acreditamos que a linha não deve apresentar impactos materiais do desastre ocorrido no Rio Grande do Sul, mas que pontualmente pressionem o trimestre juntamente com a abertura de juros.
Custo de Crédito (PDD): Piora trimestral
Esperamos que o custo de crédito aumente ligeiramente de um trimestre para o outro (t/t), mas que continue bem abaixo dos níveis observados em 2023. Projetamos que o custo de crédito atinja R$ 8,5 bilhões no trimestre (+9,2% t/t e -17,3% a/a). Esse aumento t/t pode ser parcialmente atribuído à retomada da originação em linhas mais arriscadas. Com a volta da originação ao longo de 2024, especialmente em segmentos de maior risco, acreditamos que as provisões crescerão, embora ainda fiquem abaixo dos níveis registrados em 2023.
Em relação à inadimplência, esperamos uma melhora sequencial em todos os segmentos nesse trimestre, impulsionada pelo bom desempenho das novas safras. Após ter operado em níveis significativamente acima da média histórica, acreditamos que a inadimplência do Bradesco continuará em trajetória de queda ao longo de 2024.
Despesas administrativas: Controladas
Para as despesas totais administrativas, estimamos um aumento controlado de +3,4% t/t e +3,8% a/a, totalizando R$ 14,2b.
Por outro lado, na linha de receitas, acreditamos que as outras despesas/receitas continuem pressionadas (-R$1,54 bilhões), puxadas principalmente pelas despesas cíveis e fiscais, com expansão de +1,9% t/t e +13,1% a/a.
Imposto: Beneficiado pelo JCP
Estimamos que a alíquota de imposto fique em 17,5%, beneficiada pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP) e um lucro antes de imposto abaixo do normalizado.