Retomada de rentabilidade step by step (passo a passo): Bradesco deve crescer de forma gradual
Para o 3T24, projetamos um lucro líquido de R$ 5,15 bilhões, cerca de 2% acima do consenso, representando uma razoável expansão de 9,1% t/t e 11,4% a/a, com um ROE de 12,6% (+1,00pp t/t e +1,22pp a/a). Acreditamos que a recuperação da rentabilidade do banco ocorrerá de forma gradual nos próximos trimestres, sem grandes oscilações, à medida que as linhas de receita ganhem força, as despesas com provisões permaneçam controladas e o plano estratégico seja implementado. Para este trimestre, esperamos que o Bradesco priorize a rentabilidade em vez de um crescimento agressivo.
De maneira geral, a carteira de Pessoa Física (PF) deve continuar crescendo, com uma reaceleração na carteira de grandes empresas, que não apresentou tanto crescimento no início do ano. Estimamos uma aceleração no crescimento da carteira de crédito, impulsionada por linhas de menor risco e spread, como grandes empresas, consignado, imobiliário e rural, enquanto o banco desacelera em linhas mais arriscadas, como pequenas empresas, que cresceram bem no primeiro semestre com o apoio de programas como o Pronampe voltado ao pequeno empreendedor.
Devido a essa estratégia mais conservadora, do lado positivo, as despesas com PDD devem permanecer sob controle, acompanhadas por uma queda na inadimplência. No entanto, o foco em produtos mais conservadores deve resultar em uma desaceleração no crescimento anual do NII Clientes (receita de juros de clientes). Além disso, o novo ciclo de alta de juros deve impactar negativamente a receita de tesouraria (NII Mercado) nos próximos trimestres.
Com isso, acreditamos que o Bradesco deve se afastar ainda mais da faixa de crescimento do NII projetada no guidance para o ano. Por outro lado, as despesas com PDD devem ter um desempenho melhor do que o inicialmente previsto, o que deve aproximar a margem financeira líquida de provisões de crédito do intervalo estabelecido no guidance, entre R$ 28,1 bilhões e R$ 34,7 bilhões.
Guidance realizado 1S24: Aquém em NII, mas deve ser bom em PDD
Reversões de provisões do caso Americanas: Possível reforço de balanço pode incrementar 4,61pp do índice de cobertura
Assim como outros bancos, o Bradesco deve se beneficiar de reversões de provisão do caso Americanas neste trimestre, a qual detinha aproximadamente R$ 4,8 bilhões em dívidas com o banco. Dado o momento de reestruturação do Bradesco, esperamos que o valor revertido seja utilizado para a realização de provisões de crédito adicionais (reforço de balanço) no 3T24. Segundo nossas estimativas, considerando que a reversão em caixa de aproximadamente 30% do valor da dívida, as provisões adicionais devem gerar um aumento de +4,61pp no índice de cobertura (saldo de provisão / créditos em atraso 90+).
Índice de cobertura pode aumentar +4,61pp com possível provisão adicional realizada com reversões de Americanas
2025: Melhora gradual, com possibilidade de surpresas
Para 2025, esperamos que a rentabilidade (ROE) chegue a 13,8% (+1,94pp a/a), que deve ser acompanhada do crescimento do crédito (+10,9% a/a), melhora da margem de juros (+0,15pp a/a), e pelo maior controla de despesas com PDD e administrativas. Acreditamos que o processo de reestruturação do banco levará tempo, e que a maior parte dos resultados positivos será capturado em 2025 e 2026. Para o próximo ano, projetamos um lucro líquido de R$ 23,77 bilhões (+22,8% a/a).
Reestruturação: Acontecendo
Estamos observando avanços no plano estratégico do banco. Um novo plano de remuneração foi implementado no 2S24, além da chegada de executivos externos, rompendo com a tradição de promover apenas talentos internos.
Desde a fusão com o HSBC em julho de 2016, o número de agências caiu de 5.337 para 4.478 no 4T19, antes da pandemia. Durante a pandemia, o fechamento de agências se acelerou, e ao final de 2020 o banco contava com 3.395 unidades. Logo antes da posse de Marcelo Noronha como CEO, em novembro de 2023, o número de agências havia reduzido para 2.754 no 3T23, e esse número caiu ainda mais para 2.510 no 2T24.
O quadro de funcionários também passou por uma redução significativa, saindo do pico de 109.922 pessoas em setembro de 2016 para 84.711 no 2T24.
Valuation: Reiteramos COMPRA
Apesar do desempenho do Bradesco ainda estar abaixo do ideal, acreditamos em uma recuperação consistente e gradual nos próximos períodos, seguindo o princípio de “under promising and over delivering”. Mesmo com o ROE abaixo da média, as ações estão sendo negociadas a múltiplos atrativos de 1,0x P/VP 2024e e 6,8x P/L 2025e. Dessa forma, recomendamos COMPRApara BBDC4. Atualizamos nosso preço-alvo de R$ 17,00 para R$ 19,00 (24,3% de upside) considerando os dados de 2025.
Bradesco | Prévia 3T24: Expansão de + 5,7% t/t e +7,9% a/a no lucro
Carteira de Crédito: Crescimento t/t e a/a
Projetamos para o 3T24 que a carteira de crédito fique em R$ 671,5b, aumento modesto de +2,0% t/t, mas alto crescimento de +7,2% a/a. A expansão menos robusta no trimestre é fruto de uma composição mais conservadora da carteira, com maior exposição ao segmento de Grandes Empresas e menor exposição as Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
Receita Líquida de Juros (NII): Desaceleração do NII
Para o trimestre, projetamos que a receita líquida de juros (NII) atinja R$ 16,22b (+4,1% t/t e +2,3% a/a). Esperamos uma desaceleração do NII Clientes de 5,0% t/t no 2T24 para +3,8% t/t (estável a/a) no 3T24, totalizando R$ 15,8b. A diminuição no ritmo dessa linha deve ocorrer por conta do maior crescimento em produtos de menor spread. Além disso, estimamos que o NII Mercado apresente uma evolução de +20,0%, atingindo R$ 390 milhões. A abertura da curva de juros iniciada em set/24 deve impactar mais fortemente o 4T24, ofuscando o crescimento antes esperado, mas não o bastante para diminuir significante o resultado dessa linha.
Receita com Tarifas: Leve melhora t/t e a/a
Acreditamos que a receita com tarifas continue com um desempenho moderado no 3T24, mas ficando no intervalo do guidance (crescimento de 2% a 6% em 2024). Estimamos um total de R$ 9,47b no trimestre, crescimento de +1,7% t/t e +4,0% a/a.
Receita com Seguros: Saúde impulsiona vertical
Esperamos para o 3T24 que as receitas com tarifas alcancem R$ 4,9b (+1,7% t/t e +4,0% a/a), com a melhora puxada pela vertical de saúde, que deve apresentar uma boa dinâmica de sinistralidade no trimestre. Esperamos que ao longo do ano o Bradesco se aproxime do guidance de crescimento entre 4% a 8% para o ano.
Provisão (PDD): Forte queda a/a
Projetamos que a provisão para devedores duvidosos (líquidos de recuperação de crédito) deve atingir R$ 7,8b no 3T24, representando uma alta trimestral (+8,3% t/t), mas uma forte queda anual (-14,1% a/a). Esperamos que a inadimplência siga em tendência de queda, atingindo 4,7%, melhora de –0,26 pp t/t e –2,11 pp a/a.
Despesas Administrativas: Em linha com a inflação
Esperamos que as despesas administrativas totais continuem comportadas, alcançando R$14,57b no trimestre, expansão de + 1,4% t/t e +5,8% a/a. No entanto, estimamos um forte aumento das outras despesas/receitas, crescendo +35,1% a/a, puxado pelas despesas com provisões cíveis e fiscais.
Imposto: Beneficiado pelo pagamento de JCP
Estimamos que a alíquota de imposto fique em 16,3%, beneficiada pelo pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio (JCP).
Impacto Marginalmente Positivo da Incorporação da Cielo: Aproximadamente R$ 60 milhões de lucro adicional por tri
Além disso, acreditamos que a incorporação da Cielo após o fechamento de capital (OPA) trará impactos positivos para o Bradesco nos próximos trimestres. A maior integração dos produtos da credenciadora com a plataforma do banco deve ampliar a oferta de valor para os clientes SME, o que pode resultar em um aumento tanto no volume de transações quanto no número de clientes. Além disso, de acordo com nossos cálculos, o aumento de participação na Cielo deve gerar um incremento de aproximadamente R$ 59 milhões no lucro trimestral do banco. Como a integração da Cielo com o Bradesco ocorreu em set/24, o banco não deve se beneficiar completamente desse efeito no 3T24.