A nova tendência do mercado se resume em 3 letras: ESG.
Esta sigla (“Environment, Social and Governance”), traduzida como ASG (Ambiental, Social e Governança), indica uma abordagem de boas práticas e responsabilidades, que aliam a geração de valor econômico das empresas a uma conduta socialmente consciente, sustentável e transparente.
Como exemplo da importância dessa pauta, hoje mais de 33% de todos os ativos sob gestão nos EUA estão sendo alocados em investimentos socialmente responsáveis (2022), além de um recorde de US$ 120 bilhões investidos em Fundos de Índice – ETFs – com foco em ESG (2021, mais que o dobro de 2020), de acordo com a revista Forbes. Ademais, a Bloomberg estima que a agenda ESG deve atrair US$ 53 trilhões em investimentos em 2025, comprovando que essa tendência já é realidade.
A BrasilAgro é uma companhia que possui foco na aquisição, desenvolvimento, exploração e comercialização de propriedades rurais, e que busca um modelo de negócios visando às melhores práticas ESG. Acreditamos que a empresa possui uma Governança (G) e posicionamento Social (S) sólidos, entretanto, ainda existe espaço para melhorias no Ambiental (A). Neste relatório, iremos abordar as práticas adotadas pela empresa nas três esferas.
Ambiental
Quando falamos de Agro, o tema de maior relevância para os investidores ESG é a responsabilidade ambiental que as empresas desse setor têm em sua produção, uma vez que esse processo, por natureza, é degradante para o meio ambiente.
Gestão de terras
A BrasilAgro conta com aproximadamente 230 mil hectares de áreas próprias, nas quais são realizados trabalhos de conservação da fauna, incluindo a prática de monitoramento de caça ilegal, além de possuírem uma infraestrutura de prevenção de incêndios.
Desse total, 70 mil hectares são de áreas protegidas, com a vegetação nativa sendo preservada. Considerando que a preservação de áreas nativas em fazendas é um requisito previsto por lei, não enxergamos essa prática como um grande diferencial.
Transformação de resíduos
A geração de resíduos sólidos é inerente ao processo de plantio agrícola, portanto, a forma com que as empresas lidam com esses dejetos é de suma importância para avaliar sua responsabilidade sustentável.
Reciclagem, compostagem, processamento e refino são as técnicas usadas pela AGRO3 para tratar esses resíduos, a depender de sua composição.
Essa tratativa foi um avanço ecológico impulsionado pelo movimento ESG que contribuiu muito para a minimização de danos ao meio ambiente, e, atualmente, já é aderida por vários players do setor.
Água, Energia e Emissões
A majoritária captação da água advinda de rios, poços e chuvas, corresponde a 100% do uso da BrasilAgro em suas operações. Apesar de ser comum para o setor, isso indica uma autossuficiência da empresa, a qual capta água a partir de fontes sustentáveis.
Somente 4% do consumo de energia dentro da organização é feito através de fontes renováveis, enquanto o uso do diesel corresponde a aproximadamente 86% do gasto energético total. Isso evidencia a dependência de fontes poluentes pelo setor de um modo geral, e acreditamos que deveria ser dada uma maior importância a essa pauta.
No que diz respeito à emissão de carbono, a empresa teve uma redução de 10% nas emissões totais e vêm buscando novas formas de mitigar esse dano do processo agrícola. Frente a pares do setor, a BrasilAgro se destaca nesse quesito.
Social
Desde maio de 2022, a empresa coordena todos seus projetos sociais através do Instituto BrasilAgro. Essa instituição é signatária do Pacto Global da ONU, que nada mais é que um conjunto de diretrizes que exigem uma conduta socialmente responsável por parte das companhias. Por se tratar da ONU e ser aceito mundialmente, o Pacto confere bastante credibilidade às empresas signatárias.
Governança
Transparência e Prestação de Contas
A BrasilAgro foi a primeira empresa agrícola brasileira a abrir capital no Novo Mercado, o mais alto nível de governança corporativa, assim como a emitir ADR´s na Bolsa de Nova Iorque (NYSE). Isso indica que a empresa teve – já há algum tempo – que se adequar às normas de transparência e de divulgação de informações, exigidas por órgãos de controle do mercado.
Além disso, conta com um Comitê de Auditoria e com um Conselho Fiscal que é responsável pelo monitoramento dos controles internos e contábeis.
Estrutura da governança corporativa
No ano-safra 2021/2022, não foram identificados casos de corrupção ou fraude, bem como não houve registro de processo administrativo ou investigação judicial envolvendo a Companhia e/ou seus colaboradores relacionados a casos de corrupção.
Conselho Administrativo
Seu Conselho de Administração deixa a desejar no quesito conselheiros independentes, com 44% de participação – frente a média de 66% do mercado, porém se destaca na presença feminina, 22% de mulheres – frente a média de 14,3%.
Conclusão
Com práticas ambientais razoáveis (dentro da média do setor), uma conduta social certificada e credibilizada e sendo precursora de uma governança transparente e ética, enxergamos a BrasilAgro como uma empresa referência na frente ESG e uma boa opção a se observar para os investidores que valorizam a causa.
Sempre há espaço para melhorar. Como o caminho ainda é longo, acreditamos que dada a sua posição no setor, a companhia poderia liderar um movimento para substituição do uso de diesel por combustíveis mais sustentáveis, além de uma gestão de terras que vise o desmatamento zero. Por fim, acreditamos que deveria haver maior participação de conselheiros independentes na administração da empresa.