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    Publicado em 03 de Setembro às 01:08:36

    BrasilAgro (AGRO3) | Prévia do 4T24AF: Em busca da terra prometida

    A BrasilAgro irá reportar o seu resultado do 4T24AF no dia 03 de setembro, após o fechamento de mercado. Projetamos uma receita operacional de R$240m Genial Est., o que leva a uma retração de -6,7% a/a e uma alta de +97,4% t/t. A melhora sequencial está ligada ao período da colheita e faturamento de maior volume. Estimamos um EBITDA operacional de R$11m Genial Est., forte recuo de -71,4% a/a, principalmente em função da queda nos preços dos grãos (soja e milho), mas coma alta de +87,2% t/t, equivalente a uma retração de -9,88p.p. na margem EBITDA, a qual deve alcançar, assim, 4,4%. Projetamos ainda um prejuízo de -R$25m, levemente mais arrefecido que as referências t/t e a/a.

    Pontos de destaque:

    (i) Receita operacional de R$240m Genial Est. (-6,7% a/a; +97,4% t/t); (ii) EBITDA operacional de R$11m Genial Est. (-71,4% a/a; +87,2% t/t); (iii) Prejuízo de -R$25m; (iv) Impactos das queimadas devem ser mínimos ou inexistentes; (v) Grãos ainda em baixa; (vi) Perspectivas de alta para os preços da soja e do milho parecem limitadas; (vii) Relatório USDA de agosto: redução na oferta de algodão; (viii) Mesmo assim, acreditamos que no médio prazo o preço do algodão vá desacelerar; (ix) Relatório USDA de agosto: produção de soja aumenta; (x) Cenário aponta para aquisição de terras?; (xi) É amplamente conhecido que o mercado imobiliário no agronegócio é um pilar estratégico para a Brasil Agro. No entanto, a empresa pode enfrentar dificuldades para adquirir terras neste ciclo, já que os produtores ainda não reduziram os preços das terras, mesmo diante da queda nos preços dos grãos. Reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target-Price 12M de R$27,50upside de +6,84%.

    AGRO3: Prévia 4T24AF

    Sem impactos das queimadas por enquanto.

    As queimadas em áreas de cultivo iniciadas em 23 de agosto, que causaram prejuízos significativos à agricultura do estado de São Paulo, também geraram desconfiança entre os investidores, levando a especulações sobre danos aos canaviais da região. Algumas notícias chegaram a sugerir que ˜50% da produção foi afetada, um número bastante expressivo e que parece exagerado. Acreditamos que o impacto real seja bem inferior.

    Considerando que há uma exposição a cana de açúcar entre as culturas do portfólio da Brasil Agro, entendemos que a companhia não foi afetada, assim como as usinas às quais a companhia fornece. Sendo assim, caso obtenhamos dados demonstrando que o preço do açúcar possa registrar uma alta como consequência das queimadas, entendemos que, neste aspecto unicamente comercial, o resultado será positivo para a Brasil Agro, que venderá seu produto por um preço mais elevado. 

    Preços dos grãos ainda em baixa afetam o resultado a/a.

    Sem grandes mudanças do trimestre anterior para este com relação ao panorama de sobreoferta de milho e soja, os preços dos grãos continuam com tendências anêmicas. Portanto, ainda percebemos um conjunto de fatores que devem manter a companhia enfrentando dificuldades. Dentre eles estão: (i) clima desfavorável que prejudicou as culturas (La Niña mais forte do que o inicialmente esperado, trazendo irregularidade nas chuvas); (ii) preços ainda baixos de soja e milho no mercado; (iii) estratégia de crescimento na produção de feijão falhando (preço no mercado interno recuou bastante).

    Olhando para frente: Perspectivas limitadas para soja e milho.

    No horizonte futuro, não identificamos fundamentos sólidos que justifiquem eventuais aumentos nos preços de soja e milho, mesmo com redução de área plantada na safra 23/24 e quebra de safra em algumas regiões devido ao La Niña. Assim sendo, prevemos que a companhia continuará sofrendo com margens bastante pressionadas. Na safra 24/25 podemos ver uma leve recuperação impulsionada por custos mais baixos e pela taxa de câmbio USD/BRL favorável, beneficiando tanto a soja quanto o algodão.

    Nossa visão e recomendação

    Relatório USDA de agosto: redução na oferta de algodão.

    O USDA revisou para baixo as estimativas de algodão para 24/25 nos EUA, destacando uma redução significativa na área plantada, produção, exportações e estoques finais vs. junho. A produção foi reduzida para 15,1m de fardos, devido à menor área plantada e a um aumento na taxa de abandono. Globalmente, a produção e o consumo também foram reduzidos, com destaque para as quedas na Índia e na China. Como resultado, os estoques finais globais foram revisados para baixo, e o índice “A”, que reflete os preços mundiais, foi ajustado para US$0,81/libra. Essas revisões indicam um cenário de oferta mais restrita e um possível suporte aos preços do algodão ainda no curto prazo.

    Mesmo assim, acreditamos que no médio prazo o preço do algodão vá desacelerar.

    O destino final de alocação de demanda de algodão costuma ser os EUA, pois a China o utiliza para fabricar roupas que são exportadas para o mercado norte americano. Com uma desaceleração econômica nos EUA já em curso, há um risco de que a demanda por produtos têxteis diminua no 2S24 ou 2025. Dado o tempo necessário para que esses efeitos se propaguem ao longo da cadeia de produção, pode levar algum tempo até que o preço do algodão, atualmente em patamares atrativos, comece a cair. Em nossa visão, esse movimento de queda nos preços do algodão tem maior chance de se concretizar no 2S25.

    Relatório USDA de agosto: produção de soja aumenta.

    A produção global de soja foi revisada para cima, com aumentos nos EUA, Ucrânia, Rússia, Índia e Benim.  Já as importações foram direcionadas para países na Europa, Irã e Turquia. Os estoques finais globais de soja subiram para 134,3Mt, principalmente devido ao aumento das reservas nos EUA, China e Argentina, apesar da redução nos estoques do Brasil. Além disso, as revisões nos números de China e Brasil decorrem de mudanças no comércio durante o ano 23/24, com importações mais altas pela China e um ritmo forte de exportações do Brasil. Com maior oferta de soja no mercado mundial, o impacto no preço deve ser de pressão baixista.

    Cenário aponta para aquisição de terras?

    O atual momento indica que, com margens de produtores ainda apertadas diante de um ciclo negativos das commodities (milho e soja), seria ideal para produtores maiores como a Brasil Agro, adquirir terras dos menores. Produtores médios e pequenos costumam atravessar períodos de ciclos negativos com mais dificuldade, com capital de giro pressionado ao prorrogarem o hedge da safra na expectativa de que o preço melhore. Diante desse cenário, a maior urgência para fazer fluxo de caixa acaba levando esses produtores de menor porte a colocarem uma parcela de seus ativos a venda, negociando-as por um preço mais baixo do que o usual.  No entanto, em conversa com a Brasil Agro, entendemos que o momento mencionado acima, de oferta de terras a preços mais baixos, ainda não chegou. Acreditamos que essa situação ainda esteja por vir.

    Em busca da terra prometida…

    É amplamente conhecido que o mercado imobiliário no agronegócio é um pilar estratégico para a Brasil Agro. No entanto, a companhia pode enfrentar dificuldades para adquirir terras neste ciclo, já que os produtores ainda não reduziram os preços, mesmo diante da queda nos preços dos grãos. Uma possível explicação para isso é o aumento nos pedidos de recuperações judiciais, que tem levado os produtores a reterem suas propriedades. Apesar desse cenário, acreditamos que, devido ao ciclo prolongado de baixa dos grãos, os produtores eventualmente serão forçados a vender suas terras, ou no mínimo, arrendá-las. Contudo, como essa oportunidade ainda não se concretizou, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target-Price 12M de R$27,50upside de +6,84%.

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