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    Publicado em 04 de Setembro às 02:54:31

    BrasilAgro (AGRO3) | Resultado do 4T24AF: Nem grão e nem terra

    A Brasil Agro reportou seu resultado do 4T24 ontem, 03 de setembro de 2024, após o fechamento de mercado. A companhia registrou uma receita líquida operacional de R$230m (-4,2% vs. Genial Est.; -10,6% a/a; +89,2% t/t) e um EBITDA de R$20m (+88,1% vs. Genial Est.; -46,2% a/a; +252,1% t/t). Assim sendo, atingiu uma margem EBITDA de 8,6% (-5,68p.p. a/a e +4,2. vs. Genial Est.), ainda prejudicada pelo ciclo de baixa dos grãos. Finalmente, a empresa divulgou prejuízo operacional de R$-11m (-56,8% vs. Genial Est.; -87,4% a/a; -64,2% t/t).

    Mantemos uma postura pessimista em relação aos preços globais de soja e milho, sem sinais de recuperação no horizonte. Para o algodão, nossa visão é cautelosa, reconhecendo o potencial de uma desaceleração caso a economia dos EUA perca fôlego. Adicionalmente, o cenário atual não parece favorável para a venda de terras, e as oportunidades de compra ainda são escassas e pouco atraentes, levando a uma conjuntura adversa para a companhia.

    Pontos de destaque:

    (i) Receita líquida operacional de R$230m (-4,2% vs. Genial Est.; -10,6% a/a; +89,2% t/t); (ii) EBITDA de R$20m (+88,1% vs. Genial Est.; -46,2% a/a; +252,1% t/t); (iii) Margem EBITDA de 8,6% (-5,68p.p. a/a e +4,2. vs. Genial Est.); (iv) prejuízo operacional de R$-11m (-56,8% vs. Genial Est.; -87,4% a/a; -64,2% t/t); (v) Grãos continuam com preços fracos e BrasilAgro obtém resultados aquém; (vi) Margens devem seguir pressionadas com braço imobiliário e grãos em baixa; (vii) Estratégia falha de feijão em função dos preços no mercado interno; (viii) Venda da Fazenda Chaparral; (ix) Guidance de área plantada; (x) Relatório USDA de agosto: redução na oferta de algodão; (xi) Mesmo assim, acreditamos que no médio prazo o preço do algodão vá desacelerar; (xii) Relatório USDA de agosto: produção de soja aumenta; (xiii) Cenário aponta para aquisição de terras?; (xiv) Nem grão e nem terra… É amplamente conhecido que o mercado imobiliário no agronegócio é um pilar estratégico para a Brasil Agro. No entanto, a companhia pode enfrentar dificuldades para adquirir terras neste ciclo, já que os produtores ainda não reduziram os preços, mesmo diante da queda nos preços dos grãos. Uma possível explicação para isso é o aumento nos pedidos de recuperações judiciais, que tem levado os produtores a reterem suas propriedades. Apesar desse cenário, acreditamos que, devido ao ciclo prolongado de baixa dos grãos, os produtores eventualmente serão forçados a vender suas terras, ou no mínimo, arrendá-las. Contudo, como essa oportunidade ainda não se concretizou, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target-Price 12M de R$27,50, upside de +7,72%.

    AGRO3: Resultado 4T24AF

    Grãos continuam com preços fracos e BrasilAgro obtém resultados aquém.

    A BrasilAgro enfrentou desafios substanciais no 4T24, tanto na produção de soja quanto de milho, com ambos os segmentos sendo duramente impactados por condições climáticas adversas. A soja sofreu com chuvas insuficientes e altas temperaturas, na Bahia e Mato Grosso, que geraram alta taxa de replantio. O milho, por sua vez, enfrentou chuvas excessivas que afetaram a qualidade da colheita, especialmente nas regiões de Xingu e Piauí, além de uma forte retração nos preços. Apesar de um aumento no volume de milho vendido, as condições desfavoráveis resultaram em margens reduzidas e uma performance financeira aquém das expectativas para ambas as culturas, refletindo a complexidade de operar em um cenário climático desafiador. O algodão continuou demonstrando crescimento com maior volume faturado e preços ligeiramente mais altos, no entanto nada que pudesse compensar as outras culturas.

    Margens devem seguir pressionadas com braço imobiliário e grãos em baixa.

    Não esperamos um aumento nos preços de soja e milho no curto prazo. Além disso, o cenário para o mercado de terras está desafiador, tanto para vendas, o que compromete o desempenho do setor imobiliário, quanto para aquisições. Isso ocorre porque, embora os preços dos grãos estejam baixos, comprimindo as margens dos pequenos produtores (o que também sugeriria preços mais baixos para a BrasilAgro vender suas propriedades), acreditamos que a empresa não esteja conseguindo adquirir terras a valores mais atrativos.

    Estratégia falha de feijão em função dos preços no mercado interno.

    A BrasilAgro registrou um aumento significativo no volume de feijão vendido, mas enfrentou uma forte queda no preço unitário, que caiu -53% a/a. Embora as condições climáticas tenham favorecido a produtividade, com áreas mais maduras gerando maior colheita, a redução nos preços do mercado interno resultou em uma margem bruta de -2%.

    Venda da Fazenda Chaparral

    Em 26 de março, a companhia vendeu uma parte da Fazenda Chaparral, localizada na Bahia. A transação envolveu 12,3k ha, dos quais 8,8k ha úteis, resultando em um valor de venda de R$364,5m. O estado da Bahia se destacou por valorizações significativas no mercado de terras agrícolas em comparação com outras regiões do país ao longo do ano.

    Guidance de área plantada.

    A produção estimada para a safra 24/25 foi atualizada e demonstra um aumento a/a em todas as culturas, exceto feijão. Acreditamos que um La Niña de leve intensidade figurará na safra 24/25. Se de fato a intensidade for branda, entendemos que o cenário seja realmente favorável para a produção.

    Nossa visão e recomendação

    Relatório USDA de agosto: redução na oferta de algodão.

    O USDA revisou para baixo as estimativas de algodão para 24/25 nos EUA, destacando uma redução significativa na área plantada, produção, exportações e estoques finais vs. junho. A produção foi reduzida para 15,1m de fardos, devido à menor área plantada e a um aumento na taxa de abandono. Globalmente, a produção e o consumo também foram reduzidos, com destaque para as quedas na Índia e na China. Como resultado, os estoques finais globais foram revisados para baixo, e o índice “A”, que reflete os preços mundiais, foi ajustado para US$0,81/libra. Essas revisões indicam um cenário de oferta mais restrita e um possível suporte aos preços do algodão ainda no curto prazo.

    Mesmo assim, acreditamos que no médio prazo o preço do algodão vá desacelerar.

    O destino final de alocação de demanda de algodão costuma ser os EUA, pois a China o utiliza para fabricar roupas que são exportadas para o mercado norte americano. Com uma desaceleração econômica nos EUA já em curso, há um risco de que a demanda por produtos têxteis diminua no 2S24 ou 2025. Dado o tempo necessário para que esses efeitos se propaguem ao longo da cadeia de produção, pode levar algum tempo até que o preço do algodão, atualmente em patamares atrativos, comece a cair. Em nossa visão, esse movimento de queda nos preços do algodão tem maior chance de se concretizar no 2S25.

    Relatório USDA de agosto: produção de soja aumenta.

    A produção global de soja foi revisada para cima, com aumentos nos EUA, Ucrânia, Rússia, Índia e Benim. Já as importações foram direcionadas para países na Europa, Irã e Turquia. Os estoques finais globais de soja subiram para 134,3Mt, principalmente devido ao aumento das reservas nos EUA, China e Argentina, apesar da redução nos estoques do Brasil. Além disso, as revisões nos números de China e Brasil decorrem de mudanças no comércio durante o ano 23/24, com importações mais altas pela China e um ritmo forte de exportações do Brasil. Com maior oferta de soja no mercado mundial, o impacto no preço deve ser de pressão baixista.

    Cenário aponta para aquisição de terras?

    O atual momento indica que, com margens de produtores ainda apertadas diante de um ciclo negativo das commodities (milho e soja), seria ideal para produtores maiores como a Brasil Agro, adquirir terras dos menores. Produtores médios e pequenos costumam atravessar períodos de ciclos negativos com mais dificuldade, com capital de giro pressionado ao prorrogarem o hedge da safra na expectativa de que o preço melhore. Diante desse cenário, a maior urgência para fazer fluxo de caixa acaba levando esses produtores de menor porte a colocarem uma parcela de seus ativos a venda, negociando-as por um preço mais baixo do que o usual.  No entanto, em conversa com a Brasil Agro, entendemos que o momento mencionado acima, de oferta de terras a preços mais baixos, ainda não chegou. Acreditamos que essa situação ainda esteja por vir.

    Nem grão e nem terra…

    É amplamente conhecido que o mercado imobiliário no agronegócio é um pilar estratégico para a Brasil Agro. No entanto, a companhia pode enfrentar dificuldades para adquirir terras neste ciclo, já que os produtores ainda não reduziram os preços, mesmo diante da queda nos preços dos grãos. Uma possível explicação para isso é o aumento nos pedidos de recuperações judiciais, que tem levado os produtores a reterem suas propriedades. Apesar desse cenário, acreditamos que, devido ao ciclo prolongado de baixa dos grãos, os produtores eventualmente serão forçados a vender suas terras, ou no mínimo, arrendá-las. Contudo, como essa oportunidade ainda não se concretizou, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target-Price 12M de R$27,50, upside de +7,72%.

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