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    Publicado em 05 de Maio às 00:38:09

    BRF (BRFS3) | 1T22: Prejuízo de R$ 1,5 bi e pressão nos custos

    O cenário macroeconômico e o de consumo no Brasil continua colocando forte pressão no balanço da BRF. Estávamos mais pessimistas do que o consenso de mercado para o trimestre porém a empresa divulgou resultados ainda piores. Analisando os gráficos nesse relatório, fica evidente que os números foram decepcionantes. Pensamos que os números divulgados afetarão negativamente o preço da ação no curto prazo. A companhia deve continuar passando por dificuldades, porém enxergamos possibilidades de recuperação mais para o final do ano. Com isso, continuamos com o nosso preço-alvo de R$ 15,00 e recomendamos MANTER o papel.

    Ainda que a receita da BRF avançou 13,7% a/a e foi em linha com a nossa expectativa de R$ 12 bi, isso veio a um custo muito alto. Por conta de um ambiente de consumo muito fraco no Brasil, causado por uma alta inflação e renda diminuída, a empresa realizou promoções e descontos para conseguir manter bons volumes de vendas. Isso, junto com uma forte pressão nos custos da empresa, que são principalmente os grãos milho e soja (que contam por mais de 70% dos custos de produção da companhia e estão em altas históricas) resultou em péssimas margens para a BRF. Seu EBITDA para o 1T22 ficou em 121 mi, redução de -90,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e -86,3% abaixo da nossa expectativa, além da margem EBITDA ter ficado em 1,0%, também bastante abaixo da nossa estimativa que já era pessimista e traduzindo em uma redução de -10,6 p.p. a/a. Apesar de alguns custos não-recorrentes terem impactado o bottom-line (a última linha da empresa, ou seja, o lucro/prejuízo), como por exemplo uma perda de R$ 406 mi em hedge de commodities, o prejuízo foi de R$ 1,5 bi, sendo muito abaixo tanto das nossas estimativas como as do mercado e reflete o péssimo desempenho no trimestre.

    Além do fraco desempenho no Brasil, também vimos redução de vendas na Ásia, com os números caindo -16% a/a. Apesar de não ter tanta relevância quanto Brasil e Ásia no resultado consolidado, o mercado Halal teve avanço de 21% em suas vendas em relação ao 1T21. A alta do combustível atrapalhou no que diz respeito aos custos de logística e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia também agregaram para o cenário desafiador de inflação de alimentos (principalmente grãos).

    A estrutura de capital da BRF teve uma leve melhora: seu índice de alavancagem vem de 2,96x no 4T21 para 2,83x agora no 1T22. Isso se deve por conta do follow-on que a companhia realizou em fevereiro desse ano, levantando recursos e efetivamente reduzindo sua dívida líquida em R$ 4,7 mi. Acreditamos que uma recuperação seja possível, porém com ainda muitas incertezas seguimos neutros em nossa recomendação. Na nossa visão, o cenário bastante desafiador para a BRF deve persistir no curto prazo, e continuará afetando negativamente os resultados da companhia e, consequentemente, o preço de sua ação. Porém a produção de milho em 2022 deve vir boa no Brasil além de uma possível melhora no ambiente macroeconomico e de consumo no país.

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