A BRF (BRFS3) anunciou seu follow-on a R$ 20,00 por ação, levantando um total de 270 milhões de ações (33,2% do total de suas ações) e equivalente a R$ 5,4 bilhões. Enxergamos a notícia como positiva, dado que terá uma boa redução em sua alavancagem financeira e trará maior espaço para a empresa seguir com seus planos de expansão, ainda que o valor que a oferta primária trouxe foi bastante abaixo do que era esperado pelo mercado (cerca de R$ 8 bilhões).
Seguimos com uma recomendação de MANTER para a BRF, com preço-alvo de R$ 22,00. Apesar da oferta ser positiva ao nosso ver, ainda enxergamos alguns prontos desafiadores para a empresa gerar valor:
- Acreditávamos que seria possível a Marfrig aumentar a sua participação na BRF para acima de 50%, efetivamente assumindo o controle da empresa. Porém, isso não ocorreu, e a Marfrig participará da oferta apenas mantendo os seus atuais 31,66% da BRF. Uma fusão entre as companhias seria ideal, contudo não temos como afirmar que isso acontecerá.
- A alavancagem financeira da empresa será reduzida com o follow-on para 1,8x Dívida Líquida/EBITDA para o final de 2022, uma boa redução dos atuais 3,1x (reportado no 3T21). Ainda que uma boa notícia, esse nível de alavancagem pode rapidamente voltar a próxima de 3x se a BRF seguir com seus plano agressivo de expansão e continuar com pouca geração de caixa.
- O resultado do 4T21 deve vir melhor do que os outros trimestres de 2021 (estamos preparando um relatório de prévia do 4T21) por conta da sazonalidade (vendas historicamente boas especialmente no mês de dezembro por conta do Natal), porém o cenário atual continua desafiador para a empresa, na nossa opinião. Milho e soja são os principais custos de produção para a BRF, e ambas commodities seguem com preços em forte alta. A situação macroeconômica no Brasil também segue frágil, com alta inflação e perspectivas de instabilidade.