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    Publicado em 18 de Janeiro às 20:06:57

    Follow-on BRF (BRFS3): Marfrig, endividamento e Visão 2030

    Conclusão

    Nossa recomendação para as ações da BRF continuam em MANTER, com um preço-alvo de R$ 22,00. Estamos mais pessimistas com o cenário atual para a empresa, com preços de grãos (milho e soja) ainda em alta, situação macroeconômica frágil no Brasil (maior inflação diminui poder de compra de consumidores e aumenta os custos da empresa), e um balanço desafiador, com alto endividamento e alavancagem. Contudo, esse follow-on pode trazer um alívio quanto a situação financeira e abre uma oportunidade para a Marfrig assumir o controle. Também enxergamos um valuation atrativo para a BRF, atualmente sendo negociada a 4,8x EV/EBITDA enquanto o nosso valor para o múltiplo para o final de 2022 é de 6,3x EV/EBITDA, justificando a nossa recomendação de MANTER.

    Oferta de ações (Follow on)

    A BRF anunciou que fará uma oferta subsequente de ações (chamado de follow-on), com a precificação prevista para o dia 1º de fevereiro. Apesar do preço em que a ação será negociado e o valor total ainda não terem sido determinados, a oferta pode chegar a mais de R$ 7,5 bilhões, com base no preço de fechamento do dia 17/jan (R$ 23,32). O follow-on consistirá de um total de até 325 milhões de ações e ADRs (ações da empresa negociadas nos EUA).

    De olho na Marfrig

    Atualmente, a Marfrig tem 31,66% da BRF. De acordo com o estatuto da BRF, o poison pill (forma de proteção de aquisição hostil) dita que o acionista que ultrapassar 33,33% de participação do frigorífico será obrigado a realizar uma OPA (Oferta Pública de Aquisição de ações, em inglês chamado de tender offer) a todos os demais acionistas e pagar um prêmio de 40% por ação – algo que seria extremamente caro para a Marfrig. Contudo, o poison pill não se aplica caso a Marfrig ultrapassar os 33,33% através de um follow-on, o que permitiria a empresa a ultrapassar os 50% de participação da BRF e portanto, obter o controle da empresa. Se por exemplo a Marfrig obter todas as 325 milhões de ações da oferta (apesar de improvável, na nossa visão), o frigorífico alcançaria cerca de 51% da BRF.

    Endividamento e alavancagem

    A situação financeira da empresa é delicada e está dessa forma ha algum tempo. Baseado na última divulgação de resultados da companhia (3T21), sua dívida líquida é de R$ 16,6 bilhões, enquanto a sua alavancagem financeira fica em 3,1x dívida líquida/EBITDA (considerado alta quanto comparado a média histórica e outras empresas do setor). A oferta pode trazer um alívio a essa situação, diminuindo a alavancagem para até 1,9x dívida líquida/EBITDA. Isso não é traduzido em geração de valor para a empresa, lembrando que mais ações disponíveis no mercado não significa uma maior demanda por elas. Porém, acreditamos ser algo positivo pois abre espaço para a BRF seguir com seus planos de expansão (descritos abaixo) com maior flexibilidade em seu balanço.

    Visão 2030

    Divulgado no final de 2020, o plano “Visão 2030” inclui metas bastante ambiciosas para a companhia, tais como chegar em R$ 65 bilhões de receita até 2023 e dobrar seu EBITDA até 2026 – e para atingir isso, investir uma média de R$ 6 bilhões em CAPEX por ano (3x mais do que foi investido nos últimos anos). Esse plano já foi atualizado no final de 2021, adiando o meta da receita para 2024 e do EBITDA para 2027 – porém o objetivo final (que termina em 2030) mantém igual. Pensamos que o follow-on ajudará a conquistar esses objetivos por trazer um alívio financeiro e (provavelmente) atrair maior investimento e controle da Marfrig. Todavia, o adiamento dos objetivos no final do ano passado não agradou investidores, e apesar de que atingir essas metas seja possível, acreditamos que não será nada fácil.

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