Pontos de destaque:
(i) Queda nos preços dos grãos já deve impactar positivamente o trimestre, viabilizando uma ligeira recuperação de margens; (ii) Pequenas melhoras operacionais devem ser observadas em ambos os segmentos (Brasil e Internacional); (iii) Cenário de sobreoferta global de frango segue prejudicando as operações; (iv) Reiteramos recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 9,00.
A BRF (BRFS3) vai reportar o seu resultado do 2T23 no dia 14/08, e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia e compará-las às expectativas de mercado.
Esperamos ver uma recuperação gradual de margens nesse trimestre, tanto no segmento Brasil quanto no Internacional, em virtude da queda nos preços dos grãos e pequenos ganhos de eficiência.
No entanto, não devemos ver resultados fortes. Seguimos ainda monitorando o risco de gripe aviária em aves comerciais no Brasil e o plano de desalavancagem da companhia, o qual segue em curso. Reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 9,00.
Prévia 2T23
Para o 2T23, projetamos uma receita total de R$ 13,3b, um crescimento de 2,9% a/a. Estimamos ainda um EBITDA de R$ 927m, queda de 38,0% a/a, equivalente a uma compressão de 4,6 p.p. a/a na margem EBITDA, a qual deve alcançar, assim, 7,0%. Projetamos ainda um prejuízo de R$ 639m.
BRF: Variação Anual e Trimestral
Operacional. Devemos ver (i) volumes melhores em ambas business units (Brasil e Internacional); (ii) preços menores de venda, dado cenário de sobreoferta de frango no mercado global; (iii) queda nos preços do milho e da soja no período viabilizando expansão de margens; (iv) melhorias de eficiência implementadas nos processos das operações nacionais e internacionais.
Com os fatores mencionados, projetamos um ligeiro crescimento de top-line acompanhado de uma recuperação gradual nas duas business units da companhia.
Cenário para a proteína do frango. O cenário de sobreoferta global da proteína do frango ainda deve ter prejudicado os resultados da companhia no 2T23, porém, o pior já passou. Acreditamos que a dinâmica de oferta e demanda de frango no mercado internacional está em via de normalização.
Vale destacar que o ciclo do frango dura um período consideravelmente menor que o ciclo do gado, durando cerca de 3 meses, enquanto o do gado leva cerca de 3 anos. Isso favorece uma normalização da oferta de modo relativamente rápida.
Alavancagem. A companhia vem sofrendo com um alto patamar de endividamento nos últimos trimestres, tendo encerrado o 1T23 com uma alavancagem de 3,35x Dívida Líquida/EBITDA UDM. No entanto, com o follow-on da companhia, de R$ 5,4b (injeção de oriunda da Marfrig e do fundo árabe Salic), acreditamos que a companhia deve reduzir sua alavancagem para próximo de 2,5x Dívida Líquida/EBITDA.
Além disso, pós conclusão do processo de follow-on, acreditamos que BRF deve retomar a negociação de venda de seus ativos non-core, procedimento de que integra o plano de desalavancagem da companhia. Até o final de 2023, vemos chances razoáveis da venda da divisão de petfood, seu principal ativo non-core, ser concretizada.
Nossa visão e recomendação
Nos próximos trimestres, vemos ventos favoráveis como (i) tendência de queda nas principais commodities que compõe o COGS da companhia (soja e milho); (ii) desalavancagem caso a venda dos ativos non-core seja concretizada e (iii) normalização da dinâmica de oferta e demanda da proteína do frango.
No entanto, também enxergamos fatores negativos, como (i) a falta de visibilidade acerca do plano de eficiência operacional da companhia no curto e médio prazo; (ii) a forte concorrência com a Seara no mercado nacional e (iii) o baixo upside frente ao preço de tela atual.
Dessa forma, seguimos cautelosos com os papéis da companhia e reiteramos a nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 9,00.