A BRF irá reportar o seu resultado do 2T24 hoje, no dia 14 de maio, pós fechamento de mercado, e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia. Diante de uma conjuntura favorável para (i) aumento de volume, (ii) puxado pelo trade down de proteínas mais caras (Beef) para as mais baratas (Frango e Suínos), bem como (iii) melhora de margens em ato contínuo, direcionadas pela queda nos preços dos grãos (milho e soja), alteramos nossas premissas para um viés mais otimista.
Além disso, apesar de termos tido algum tempo para refletir sobre a postura do novo management (mudança aconteceu com a entrada de Sr. Miguel Gularte ao final de 2022), nós precisávamos ter mais clareza sobre o caminho mais direcionado para rentabilidade e melhor gestão de fluxo de caixa, uma vez que o histórico da gestão anterior julgávamos como muito negativo. Considerando não só o momentum favorável para frangos (fatores externos), mas as inciativas como a BRF+ 2.0 (que são internas), entendemos que a gestão de fato transparece mais confiança. É uma mudança estrutural… Passamos então a recomendar a COMPRA das ações (vs. Manter anteriormente), elevando nosso Target Price 12M para R$27,50 (vs. R$17,00 anteriormente), configurando um upside de +22,49%.
Pontos de destaque:
(i) receita total de R$14,2b Genial Est (+6,2% t/t; +16,4% a/a); (ii) EBITDA de R$2,4b Genial Est. (+13,7% t/t; +139,1% a/a); (iii) Lucro líquido de R$798m Genial Est. (+34,4% t/t); (iv) Mercado internacional com avanço no top line ajudado por câmbio; (v) Segmento Brasil com aumento de volume; (vi) Custos seguem tendência de queda; (vii) Doença de Newcastle; (viii) Cautela em meio a um cenário de desafios e oportunidades; (ix) Alteramos nossas premissas para um viés mais otimista. Passamos então a recomendar a COMPRA das ações (vs. Manter anteriormente), elevando nosso Target Price 12M para R$27,50 (vs. R$17,00 anteriormente), configurando um upside de +22,49%.
BRFS3 Prévia 2T24
No 2T24, projetamos uma receita líquida total de R$14,2b Genial Est (+6,2% t/t; +16,4% a/a). Estimamos um EBITDA de R$2,4b Genial Est., avanço de +139,1% a/a e +13,7% t/t, representando uma forte expansão de +8,69p.p. a/a e +1,11p.p t/t na margem, a qual deve atingir, assim, 16,9% Genial Est. Projetamos ainda um lucro líquido de R$798m Genial Est., revertendo o prejuízo de -R$1,3b visto no 2T23 e avançando +34,4% t/t.
Mercado internacional com avanço no top line ajudado por câmbio.
Diferente do 1T24, que foi impulsionado pelo Ramadã, o 2T24 não contará com essa sazonalidade, o que naturalmente reduziria o volume de vendas. No entanto, a BRF deve compensar essa queda com crescimento de volume em mercados como América e Ásia, ainda que em um patamar não muito expressivo. A BRF deve continuar com forte rentabilidade no mercado internacional, possivelmente apresentando uma leve melhora na receita líquida em relação ao trimestre anterior.
Segmento Brasil com aumento de volume.
Para o 2T24, o segmento Brasil da BRF deve apresentar um cenário de estabilidade, com um crescimento de volume impulsionado por uma demanda aquecida. Apesar desse aumento de volume, não esperamos um impacto significativo no preço médio de venda, uma vez que a maior parte do crescimento provém de categorias com preços médios mais baixos. Dessa forma, o impulso na receita deve ser mais em função do aumento de volume do que de mudanças nos preços. A rentabilidade, por sua vez, provavelmente permanecerá em níveis saudáveis, mantendo a estabilidade que caracteriza o mercado brasileiro neste período.
Custos seguem tendência de queda.
A tendência de queda nos grãos (soja e milho) se manteve no 2T24. Ademais, acreditamos que o processo de desestocagem acarrete preços dos grãos mais baixos tramitando no P&L. Possivelmente a redução de custos não será em igual nível à observada trimestre passado, porém haverá declínio novamente.
Nossa visão e recomendação
Doença de Newcastle com impacto restrito.
A doença de Newcastle, que resultou em algumas restrições às exportações da BRF, deve ter um impacto mais limitado do que inicialmente se temia. Embora 25% da receita da companhia venha do mercado externo, grande parte das proibições de exportação foi baseada em “raios de restrição”, que não afetaram significativamente as plantas da BRF, exceto no caso do Japão, que impôs um raio maior (50Km). Mesmo em situações de banimento estadual, como no caso da Arábia Saudita, a BRF pode adaptar rapidamente suas operações, redirecionando a produção para outras unidades no Paraná (PR) e Santa Catarina (SC), garantindo a continuidade das exportações.
Além disso, acreditamos que esforços do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento) para reduzir o tempo de suspensão de exportações em países como México e China, somados à forte posição da BRF no mercado global, devem ajudar a mitigar os potenciais efeitos negativos, mantendo o impacto geral da doença de Newcastle baixo.
O cenário de desafios se transformando em oportunidades.
A BRF enfrenta um ambiente complexo nos próximos trimestres, com desafios e oportunidades que devem ser monitoradas. Entre os principais ventos contrários, destacamos: (i) a pressão constante sobre os preços de venda em alguns mercados internacionais, apesar da estabilidade cambial; e (ii) a forte concorrência no mercado nacional, tanto da Seara quanto de outros players regionais.
No entanto, há fatores positivos que podem sustentar uma perspectiva mais otimista para a BRF: (i) a continuidade da queda nos preços dos grãos (soja e milho), que deve aliviar os custos de produção e melhorar as margens; (ii) a possibilidade de um melhor equilíbrio entre oferta e demanda de frango globalmente, o que pode estabilizar os preços internacionais; (iii) as novas melhorias operacionais decorrentes da implementação do programa BRF+ 2.0, que devem contribuir para ganhos de eficiência e uma melhor gestão do capital de giro e (iv) um trade down de proteínas observado mundo afora, como na Europa, isto é, uma migração da demanda para proteínas mais baratas, como frango e porco, o que pode impulsionar o desempenho da companhia no curto prazo.
Esses elementos combinados indicam que, apesar de alguns desafios, a BRF tem potencial para continuar avançando em sua estratégia de desalavancagem e melhorar sua posição no mercado. Além disso, já vislumbramos no resultado de JBS a grande performance que frangos obtiveram no trimestre, nos levando a crer ainda mais em um bom resultado no 2T24 para a BRF.
Mudança estrutural.
Apesar de termos tido algum tempo para refletir sobre a postura do novo management (mudança aconteceu com a entrada de Sr. Miguel Gularte ao final de 2022), nós precisávamos ter mais clareza sobre o caminho mais direcionado para rentabilidade e melhor gestão de fluxo de caixa, uma vez que o histórico da gestão anterior julgávamos como muito negativo. Considerando não só o momentum favorável para frangos (fatores externos), mas as inciativas como a BRF+ 2.0 (que são internas), entendemos que a gestão de fato transparece mais confiança. É uma mudança estrutural… Passamos então a recomendar a COMPRA das ações (vs. Manter anteriormente), elevando nosso Target Price 12M para R$27,50 (vs. R$17,00 anteriormente), configurando um upside de +22,49%.