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    Publicado em 07 de Maio às 23:16:58

    BRF (BRFS3) | Resultado do 1T24: Trajetória de melhora continua, mas seguimos com cautela

    Pontos de destaque:

    (i) Oferta e demanda global de frango mais equilibrada contribuiu para uma melhora na rentabilidade; (ii) Menores custos com grãos (soja e milho) beneficiaram significativamente a rentabilidade do 1T24 e devem impulsionar as margens dos próximos exercícios; (iv) Brasil segue entregando um bom desempenho, com relevante expansão de margens na base anual, e uma tímida retração sequencial; (v) Momentum no segmento Internacional continua positivo, impulsionado pelo mercado Halal, que foi beneficiado nesse trimestre pelo Ramadã; (vi) Menores custos com grãos (soja e milho) beneficiaram significativamente o 1T24 e devem impulsionar as margens dos próximos exercícios; (vii) Novamente foi entregue uma geração de caixa positiva e a alavancagem atingiu o menor patamar do últimos 8 anos; (viii) Acreditamos que a maior parte do benefício da queda dos grãos e da captura de eficiências com os programas BRF+ 1.0 e 2.0 já estão precificados; (ix) Reiteramos recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 16,00.

    A BRF (BRFS3) entregou um trimestre forte, com resultados pouco abaixo das nossas expectativas em termos de Receita (-1,9% vs. Genial Est.), devido a menores volumes, mas bastante acima de nossas projeções de margem EBITDA (+4,1p.p. vs. Genial Est.), as quais se encontravam apenas -0,2p.p. abaixo do consenso.

    Houve uma expansão relevante de margens na base anual e uma expansão também sequencial, impulsionada por custos menores com grãos, um maior equilíbrio entre a oferta e demanda de frango globalmente, e maiores preços de venda Tanto o Brasil quanto o segmento Internacional apresentaram números sólidos e margens robustas e contribuíram para que a companhia atingisse a menor alavancagem dos últimos 8 anos (1,45x).

    Seguimos com viés baixista para os grãos, e acreditamos que as cotações da soja e milho em queda devem seguir viabilizando boas margens para a companhia nos próximos exercícios. Ademais, vemos espaço para novas melhorias de capital de giro com a implementação do programa de eficiência BRF+ 2.0, embora a maioria das eficiências já tenham sido capturadas, em nossa visão, em 2023 com o BRF+ 1.0 e já estejam precificadas.

    No entanto, alguns fatores nos levam a manter um posicionamento conservador em relação aos papéis da companhia: (i) o histórico da BRF de consumir significativamente seu caixa pós captações; (ii) o acirramento da competição no mercado interno brasileiro com a Seara e players regionais; (iii) a incerteza em relação a manutenção do atual patamar saudável de alavancagem da companhia e (iv) enxergarmos que parte relevante do benefício da queda dos grãos e da captura de eficiências com os programas BRF+ 1.0 e 2.0 já estejam precificados.

    Desse modo, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 16,00.

    Análise dos Resultados

    Foi entregue uma receita líquida de R$13,4b (+1,5% a/a e -1,9% vs. Genial Est.), e um EBITDA de R$2,1b (+248,8% a/a e +32,9% vs. Genial Est.). Assim, a companhia atingiu uma margem EBITDA de 15,8% (+11,2p.p. a/a e +4,1p.p. vs. Genial Est.). Por fim, foi entregue um lucro líquido de R$594m (-158,0% a/a e +83,9% vs. Genial Est.), revertendo o prejuízo de -R$1,0b do 1T23.

    BRF: Variação Anual e Trimestral

    Brasil segue entregando fortes margens, apesar de uma tímida retração sequencial. No Brasil, vimos um resultado razoável em termos de receita, mas forte em termos de margens. O trimestre foi pautado por (i) um leve recuo na receita na base anual (-16,6% t/t e -4,0% a/a), devido a um recuo no preço médio de venda (-3,2% t/t e -2,8% a/a) e a uma queda nos volumes (-13,8% t/t e -1,2% a/a) e (ii) uma forte expansão da margem EBITDA, a qual alcançou 15,1% (-0,5p.p. t/t e +7,1p.p. a/a), avanço anual viabilizado por uma significativa queda nos custos com grãos.

    No Internacional, momentum positivo do 4T23 continua. No segmento Internacional, observamos uma melhora relevante de rentabilidade, impulsionada pelo Halal. Desse modo, vimos (i) uma receita sólida (+4,4% t/t e +5,5% a/a), impulsionada por (ii) preços de venda maiores (+7,1% t/t e +5,5% a/a), puxados pelo mercado Halal, no qual se viu uma demanda aquecida devido às celebrações do Ramadã e os impactos na oferta de produtos em virtude dos desafios logísticos no Mar Vermelho e (iii) volumes ligeiramente menores (-2,5% t/t e -0,1% a/a),  os quais foram compensados no top-line pelos melhores preços. Por fim, (iv) vimos também uma forte expansão anual de margem EBITDA, a qual alcançou 16,9% (+5,8p.p. t/t e +18,6p.p. a/a), viabilizada pela queda significativa nos grãos, aumento das habilitações de exportação e menores estoques de produtos. Assim, vemos o momentum positivo do 4T23 se estendendo para o 1T24.

    Geração de caixa positiva novamente e alavancagem em queda. No 3T23 a companhia havia se aproximado de um breakeven em termos de geração de caixa, e, no 4T23, foi entregue, após vários trimestres de queima de caixa, uma geração de de R$613m. Como um dos maiores destaque positivos do 1T24, vimos, novamente, uma geração de caixa positiva, dessa vez de R$ 844m, viabilizada por (i) uma forte recuperação do desempenho operacional e (ii) um balanço consideravelmente mais sólido pós follow-on de R$ 5,4b realizado no início do 2S23.

    Além disso, vimos a alavancagem da companhia alcançar, no 1T24, 1,45x Dívida Líquida/EBITDA (vs. 3,35x no 1T23), o menor patamar atingido nos últimos 8 anos, reforçando a trajetória de melhora em que a companhia se encontra. 

    A implementação do BRF+ 2.0 pode trazer novas melhorias no capital de giro, mas a maior parte das eficiências já foi capturada em 2023 e estão precificadas. Depois de uma implementação bem-sucedida do programa BRF+ 1.0 na maior parte de suas unidades, a companhia está focada (i) em implementar o BRF+ 2.0 a fim de capturas novas eficiências em suas plantas, e (ii) em pôr em prática o BRF Pet+ em sua operação de petfood. Embora esperemos que estes dois fatores tragam novas melhorias de capital de giro, em nossa visão, a maioria das eficiência já foi capturada em 2023 e já se encontram precificadas no atual preço de tela dos papéis.

    Nossa visão e recomendação

    Trajetória de melhora continua, mas seguimos com cautela. O momentum positivo do 4T23 seguiu presente no desempenho operacional da companhia no 1T24. Além disso, vemos alguns ventos favoráveis para os próximos trimestres, como (i) uma oferta e demanda de frango global mais equilibrada; (ii) grãos (milho e soja) em tendência de queda, a qual deve persistir e (iii) possíveis novas melhorias de capital de giro com a implementação do programa de eficiência BRF+ 2.0 e BRF Pet+ na divisão de petfood. A combinação bem-sucedida desses fatores pode ajudar a companhia a manter um patamar saudável de alavancagem.

    No entanto, ainda vemos fatores negativos, como (i) o histórico da BRF de consumo significativo de caixa pós captações; (ii) o acirramento da concorrência no mercado interno brasileiro com a Seara e players regionais; (iii) a incerteza em relação a manutenção do atual patamar saudável de alavancagem da companhia e (iv) a nossa visão de que parte relevante do benefício da queda dos grãos e da captura de eficiência com os programas BRF+ 1.0 e 2.0 já estejam precificados no atual preço de tela dos papéis.

    Desse modo, mantemos a cautela com as ações da companhia e  reiteramos a nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 16,00.

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