A brMalls apresentou um bom resultado para o 1T22, mas sofreu um pouco com o aumento despesas financeiras em vista do aumento da Selic e da inflação (parte da dívida é atrelada à inflação), reportando um lucro líquido de R$ 72,1m. A performance operacional da companhia não decepcionou, com margem NOI de 89,2% e aumento de 5% das vendas no 1T22 (comparado ao 1T19). Um destaque muito positivo foi performance de vendas em abril 21,6% maiores que no 1T19, trazendo boa expectativa para o 2T21 (lembrando que em maio e junho temos dias das mães e dia dos namorados, que impulsionam as vendas). Apesar de esperarmos uma recuperação melhor para empresas do setor com portfólio de padrão mais elevados, estamos otimistas com o ano para o setor de Shoppings como um todo, que ainda está bem descontado.
Apresentando crescimento de receita líquida de 41,7% a/a, destacamos as receitas de aluguéis crescendo 33,1% a/a no trimestre, fruto da diminuição dos descontos que foram dados durante a pandemia. O fluxo de pessoas nos shoppings da brMalls também apresentou melhora, sendo corroborado pelo crescimento de 101,8% a/a na receita de estacionamento. O crescimento observado está ancorado na melhora da situação de pandemia, e esperamos que a recuperação continue ao longo de 2022. Ainda, foi anunciado uma parceria com a Vitacon para construção de torres empresariais e residenciais junto com os empreendimentos de brMalls, em uma idéia similar aos projetos multiuso já desenvolvidos pela Multiplan.
Vale ressaltar a performance da receita de mídias (+72% a/a), com o início da incorporação dos resultados da Helloo. O uso de dados sobre compradores, somado ao desempenho do programa de relacionamento impulsionaram a receita, alcançando 5,1% da receita bruta no 1T22, ainda com uma visão de passar a representar ~20% da receita bruta no médio prazo. Os membros engajados no programa representaram cerca de 60% do valor total das vendas, demonstrando o potencial da iniciativa.
Em termos de custos, houve pressão dos novos negócios e da retomada de operações normalizadas que causaram um crescimento nos custos totais de 35,1% a/a, mas de apenas 15,7% vs 1T19. Em despesas, houve pressão inflacionária do ajuste anual de dissídio e aumento do quadro de funcionários, sendo que a performance das ações também aumentou as provisões para o plano de incentivo de longo prazo. Mesmo assim, o crescimento das receitais mais que compensou estes efeitos de custos e despesas, de forma que o EBITDA ficou em R$ 253m e margem de 74,5%, acima da nossa expectativa e em patamar similar ao 1T19.
As nossas expectativas de lucro ficaram fora do reportado por 2 motivos principais: aumento da depreciação e amortização (não-caixa), provavelmente relacionado a softwares da Helloo e uma despesa financeira bem mais alta do que esperávamos, também com impacto da aquisição da Helloo (ajuste a valor presente, não-caixa). O nível de endividamento da brMalls, hoje o maior entre as 4 empresas de shoppings listadas, foi reduzida para 3,2x EBITDA ante 3,7x EBITDA no 4T21. A redução se deu com a ajuda da entrada de caixa com a venda de 30% de participação no Center Shopping Uberlândia e com o aumento do EBITDA.
Consideramos o resultado de BRML3 como positivo para o 1T22, com expectativa um crescimento mais acelerado das vendas no 2T22 e normalização do fluxo de pessoas nos shoppings. Assim, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 12,00