Após o encerramento do pregão dessa quarta-feira (9), o Carrefour Brasil (ticker CRFB3) divulgou seu resultado consolidado para o 3º trimestre.
Na visão consolidada (inc. gasolina), o grupo registrou uma Receita Bruta de R$ 29,3b (+41,4% a/a; LfL +10,9% a/a). A adição do Grupo BIG foi responsável pelo crescimento de quase 27% desse crescimento total. Todos os negócios do Carrefour (Varejo, Cash-and-Carry e Banco) apresentaram um crescimento de faturamento sólido nesse trimestre.
Segundo dados da Nielsen, este é, pelo menos, o 9º trimestre sequencial em que o atual líder de mercado do varejo alimentar, o Grupo Carrefour, apresenta um ganho de market share. Se desconsiderarmos o ganho por vias inorgânicas (aquisição do Grupo BIG), a varejista adicionou +0,8 p.p. de participação no mercado a/a. Ao incluir o Grupo BIG, esse número totaliza 2,4 p.p. a/a.
Falando em BIG, a integração continua a todo vapor: foram 7 unidades convertidas até final de setembro, sendo 4 conversões de Maxxi para Atacadão e 3 lojas BIG para Carrefour Hiper. Os resultados iniciais dessa primeira onda de conversão se mostram animadores. No 1º mês, as lojas em questão já atingiram um ramp-up de 60% do patamar mensal de vendas/m².
A companhia consolidou um lucro bruto de R$ 5,2b (+39,2% a/a) e uma margem bruta de 19,9% (-10 bps a/a). O lucro operacional foi de R$ 1,7b (+14% a/a), com uma margem EBITDA aj. de 6,4% (-150 bps a/a).
Com um impacto do aumento das despesas financeiras, devido ao maior nível de endividamento (3,1x DL/EBITDA) e taxa de juros, o Carrefour registrou uma queda de 49% a/a na linha lucro líquido, a R$ 323m, uma margem líquida de 1% no período (-230 bps a/a).
Atacadão: de volta às margens históricas
O Atacadão registrou um faturamento bruto de R$ 17,8b (+15,1% a/a; LfL +10,5% a/a) no 3T22. Com um indicador de Vendas de Mesmas Lojas em duplo dígito, a bandeira de atacarejo mostra uma performance um pouco superior ao seu principal concorrente, Assaí (ticker ASAI3).
Durante o 3T22 foram inauguradas 6 novas lojas Cash & Carry, totalizando 268 unidades de Autosserviço e 33 Atacados de Entrega. Nessa terça-feira, o Carrefour divulgou a intenção de atingir 470 lojas até o final de 2026 ꟷ o número inclui as 70 conversões do Grupo BIG já anunciadas, as 20 lojas Maxxi restantes e uma média de 25 aberturas por ano, nos próximos 3 anos.
Impulsionado por um Like-for-Like (LfL) de 10% a/a e por um efeito positivo que a expansão de metragem total do modelo de atacarejo do grupo nos últimos 12 meses ꟷ que ultrapassa um crescimento de 35% a/a ꟷ, o braço de Cash-and-Carry (Atacadão + Maxxi) registrou um lucro bruto de R$ 2,6b no 3T22 (+20,9% a/a) e uma margem bruta de 14,8% (-69 bps a/a), retomando ao patamar histórico de operação do modelo de C&C do grupo.
As despesas SG&A cresceram 34% a/a e se manteram acima do aumento de receita no período. O efeito de novas lojas (+87 unidades nos últimos 12 meses) traz uma pressão natural para a margem EBITDA da companhia. Com um impacto de +40 bps no aumento de despesas, o Cash-and-Carry apresentou um lucro operacional de R$ 1,2b (+8,1% a/a) e uma margem de 6,7% (-110 bps a/a, sendo -60 bps a/a o impacto da bandeira Maxxi) nesse 3T22 ꟷ próximo à margem histórica do modelo.
Varejo: mostrando sólida recuperação
As Vendas Brutas do Carrefour Varejo (exc. Gasolina e inc. Operações BIG) atingiram R$ 7,4b (+63,8% a/a; LfL +15,0% a/a). O faturamento de Gasolina (inc. Operações BIG) foi de R$ 808m (+7% a/a; LfL: -3,7% % a/a).
Com uma melhora sequencial, o canal de varejo ganhou forte tração com a recuperação no faturamento de itens não-alimentares − principalmente com a venda de eletroeletrônicos, que mostra a primeira recuperação desde o 1º trimestre de 2021, crescendo em LfL de 11,6% a/a.
Todas as três categorias do não-alimentar (Bazar, Eletroeletrônicos e Têxtil) cresceram nesse trimestre, faturando R$ 1,83b no período. As vendas de itens alimentares continua mostrando força, crescendo a 10,7% a/a e registrando vendas de R$ 3,37b.
Em uma comparação anual, os produtos de marca própria ganham ainda mais participação na receita do varejo, com uma penetração de 19,8% no 3T22 (+1,8 p.p. a/a), mostrando grande relevância na cesta do consumidor em um ambiente inflacionário.
O lucro bruto do varejo (inc. BIG varejo) apresentou um crescimento de 66% a/a, a R$ 1,9b nesse 3T22. O forte desempenho da categoria alimentar, que apresentou um Like-for-Like de 17,5%% a/a, impulsionou a recomposição de margem bruta do Varejo em 170 bps a/a, atingindo 25,5% no 3T22.
O Varejo registrou R$ 1,6b (+79,3% a/a) de despesas SG&A no período, também um crescimento maior do que o faturamento nesse 3T22. Com um impacto de despesas de -300 bps a/a, impactado principalmente pela incorporação de despesas do BIG varejo, a margem EBITDA ficou em 3,8% (-130 bps a/a), a R$ 281m (+15,3% a/a).
Banco: a provisão aumentou
O faturamento total do Banco Carrefour atingiu R$ 13,3b (+8,7% a/a; +3,2% t/t), mantendo um crescimento tanto no cartão de crédito Carrefour (+6,4% a/a), quanto no Atacadão (+10,2%).
Com isso, a carteira de crédito do banco atingiu R$ 17,9b no período (+24,5% a/a; 6,5% t/t), apresentando uma ‘reaceleração’ após uma abordagem mais restritiva no final do ano passado. Frente a um aumento dos índices de inadimplência, o saldo de Provisão para Perdas de Crédito Esperadas subiu quase 43% a/a, atingindo R$ 5,2b nesse 3T22.
Em visão IFRS 9, o Banco Carrefour registrou uma receita de intermediação de R$ 1b (+21% a/a) e um lucro bruto de R$ 484m (+4,1% a/a).