O Carrefour divulgará as cifras referentes ao 2º trimestre de 2024 em 22/jul, após o fechamento do mercado. Acreditamos que a companhia deve ser a grande surpresa positiva do setor de varejo alimentar nesse trimestre, com uma dinâmica de recomposição de rentabilidade em todas as verticais do grupo, coroando a “volta dos que não foram”.
Projetamos uma receita bruta consolidada de R$ 30,1 bilhões (+3,7% a/a) e um lucro líquido de R$ 158 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 203 milhões registrado no mesmo período de 2023.
Negociando a um P/E 25E de 12,0x (Est. Genial), reiteramos a nossa recomendação de COMPRA para o Carrefour, com preço-alvo de 13,50 – potencial upside de 21% em relação ao fechamento do último pregão.
Atacadão
Após trimestres de fraco crescimento no indicador Same Store Sales (SSS), a época de “vacas gordas” deve finalmente voltar para o Atacadão – com um boost tanto em preço (repasse da inflação) quanto em volume (maior fluxo às lojas) ao longo do 2º trimestre.
Projetamos uma receita bruta em R$ 21,8 bilhões (+8,6% a/a), impulsionado em sua maioria por lojas maduras (>12m de abertura), com SSS de 5,2% a/a. Acreditamos que este crescimento de faturamento deve ser pautado em cinco grandes pilares:
(i) Crescimento da inflação alimentar em domicílio, que saltou de 2,51% (acum. 12m em mar/24) para 4,89% (jun/24);
(ii) Efeito Rio Grande do Sul, com impulso de volume de vendas para doações no estado gaúcho;
(iii) Apelo promocional, com eventos importantes como Dia A (aniversário do Atacadão) e semana promocional no fim de junho para o público B2B;
(iv) Normalização de volume de compra do B2B;
(v) Compra parcelada em até 3x em todas as unidades do Atacadão, impulsando o volume de compras do B2C.
Trade-off de margem bruta e volume de vendas. Para aumentar o fluxo de clientes às lojas, o Atacadão precisou ser mais promocional ao longo do 2º trimestre. Dito isso, acreditamos que esse investimento possa vir a custar um pouco de margem bruta no período. Projetamos um lucro bruto de R$ 2,9 bilhões (+7,9% a/a) e uma margem bruta de 14,8% (-10bps a/a).
Evolução no lucro operacional. Por outro lado, com o maior volume de vendas no trimestre, acreditamos que a diluição de despesas deve mais do que neutralizar o investimento realizado em margem bruta. Estimamos um EBITDA ajudado de R$ 1,2 bilhões (+15,1% a/a) e uma margem operacional de 6,0% (+30bps a/a).
E daqui pra frente? Apesar de ainda existir um grande trabalho em recompor a rentabilidade operacional da vertical, uma vez que a rentabilidade histórica dos últimos 6 anos do Atacadão girava em torno de 7,1%, entendemos que as “sementes” estão plantadas e é preciso “dar tempo ao tempo” para realizar a colheita.
E que sementes são essas? Existem pelo menos três alavancas que devem contribuir para o retorno da rentabilidade à curto e médio prazo: (i) maturação de lojas convertidas, (ii) inclusão de serviços em lojas (padarias, açougues, serviços de frios fatiados, etc.) e; (iii) diluição de despesas fixas, que devem tracionar na medida em que as vendas do Atacadão voltem a crescer constantemente acima da inflação.
Tabela 1: Expectativa da Genial para o Atacadão (R$ milhões; IFRS 16).
Carrefour Varejo
O cenário deve permanecer desafiador para a operação de varejo do Carrefour. Estimamos que as vendas brutas (exc. gasolina) recuem 12,7% a/a, impactado pelo fechamento de lojas não rentáveis (-123 unidades) e também por um retorno de fluxo dos consumidores ao modelo de cash-and-carry – um comportamento esperado dado o crescimento da inflação alimentar no período.
Em relação à rentabilidade, entendemos que o Carrefour ainda está em processo de ajuste entre o “novo normal” para margem bruta do modelo de varejo – buscando um equilíbrio entre precificação e volume de venda, sem deixar de lado o lucro operacional da vertical.
Para o Varejo, estimamos uma margem bruta de 23,5% (-90bps a/a) e uma margem EBITDA aj. de 3,0% (+20bps a/a).
Tabela 2: Expectativa da Genial para o Carrefour Varejo (R$ milhões; IFRS 16).
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Sam’s Club
Apesar de ainda ser pouco representativo na composição de faturamento bruto do Carrefour (aprox. 6,0% da receita do grupo), o Sam’s deve manter a dinâmica de crescimento acima da média da companhia.
Contudo, acreditamos que as vendas do Sam’s percam inclinação de crescimento na visão sequencial – dado que o evento de Páscoa impulsionou fortemente a receita ao longo do 1º trimestre.
Estimamos um faturamento de R$ 1,6 bilhão (+11,7% a/a; -2,4% t/t), com um Same Store Sales de 3,0% a/a (vs. 4,2% a/a no 2T23 e +6,9% a/a no 1T24).
Esperamos ver uma evolução anual em margem bruta (Est. Genial +130bps a/a), dado a maior penetração de marca própria no grupo. Contudo, maiores níveis de despesas devem consumir quase todo o ganho de rentabilidade. Projetamos que a margem operacional avance +10bps a/a, atingindo 5,0% nesse trimestre.
Tabela 3: Expectativa da Genial para o Sam’s Club (R$ milhões; IFRS 16).
Banco Carrefour (CSF)
Diante de uma forte base comparativa, projetamos um crescimento da carteira de crédito em níveis mais modestos (+19,6% a/a vs. 22,3% a/a no 1T24), com uma receita de intermediação financeira em R$ 1,4 bilhão (+8,8% a/a).
Esperamos que a carga de risco siga sob controle, de modo com que o EBITDA aj. atinja R$ 220 milhões (+4,9% a/a).
Para o 2º semestre devemos ficar de olho no resultado do banco, uma vez que a mudança do cap do rotativo deve afetar todo o resultado da vertical.
Tabela 4: Expectativa da Genial para o Banco Carrefour (R$ milhões).
Projeção para o grupo consolidado
Tabela 5: Expectativa da Genial para o grupo Carrefour consolidado (R$ milhões; IFRS 16).