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    Publicado em 16 de Outubro às 18:58:32

    Carrefour (CRFB3) | Prévia 3T24: Hangover!

    O Carrefour abrirá a temporada de resultados do varejo no 3º trimestre. Na próxima semana, em 22/out, a companhia irá divulgar sua prévia de vendas, contudo, o resultado financeiro consolidado só vai ser conhecido pelo mercado em 31/out.

    Passado o período promocional que impulsionou as vendas no 2T24, acreditamos que neste 3º trimestre o Carrefour deve encontrar um cenário mais desafiador para varejo alimentar em sua principal bandeira (‘Atacadão’) – mesmo diante de uma base anual comparativamente mais fácil de ser “batida”.

    Somando essa pressão em sua principal vertical à reestruturação do segmento de Varejo, que ainda encaminha a equação de posicionamento de preço e redução de lojas, não esperamos um grande crescimento das vendas consolidadas para o grupo.

    Em relação à rentabilidade, entendemos que a margem bruta consolidada deve continuar retraindo a/a, à medida em que a companhia implementa ajustes de precificação para aumentar a competitividade da vertical de varejo.

    Ainda assim, acreditamos em melhores tendências para o resultado operacional, especialmente no Varejo – compensando o impacto negativo da margem bruta (est. em -75bps a/a) na margem EBITDA consolidada (est. em +120bps a/a).

    Projetamos vendas consolidadas de R$ 29,36b e um lucro líquido de R$ 230m (+18,3% a/a), impulsionado pela melhora operacional – parcialmente compensada por uma alíquota de imposto ainda distorcida e um resultado financeiro mais pesado (este poluído por uma base comparativa que tem impacto positivo de correção monetária relacionada à reversão de provisão no 3º trimestre de 2023).

    Reiteramos nossa recomendação de COMPRA, contudo estamos cortando o preço-alvo para R$ 10,50 (anteriormente em R$ 13,50) – upside de 42% em relação ao fechamento do último pregão (15/out).  

    O atual target considera uma redução de lucro para 2025 e 2026 em 35% e 10%, respectivamente, em relação à nossa estimativa anterior. Vale destacar que o nosso valuation não considera o destravamento de valor que o carve-out da vertical imobiliária. Reunimos as atualizações das expectativas na Tabela 6, ao final do relatório.

    Atacadão

    Cenário inflacionário. Após dois meses de deflação mensal na categoria “Alimentação no domicílio”, os dados do IPCA-15 sinalizam que setembro foi o primeiro mês do 3º trimestre a apresentar inflação m/m no segmento.

    Apesar de uma visível melhora nos preços no último mês do trimestre, entendemos que a dinâmica de deflação mensal ao longo da maioria do período impactou o comportamento de compra do público transformador (B2B). Frente a um cenário de deflação, os consumidores B2B reduzem o volume de compra e compram em padrões mais fracionados, para poder se aproveitar da queda dos preços.

    Trimestre de ‘ressaca’. Adicionalmente, o trimestre anterior foi marcado por uma alta venda B2B – tanto pelo fato de que todo o 2T foi marcado por uma dinâmica inflacionária, quanto por questões promocionais direcionadas a esse público. Assim, entendemos que esses consumidores já entram bastante estocados no 3º trimestre, gerando uma espécie de ‘ressaca’ de vendas.

    Considerando esses fatores, acreditamos em uma desaceleração sequencial do ritmo de crescimento na visão ‘Mesmas Lojas’ − projetamos um Same Store Sales (SSS) de +4,0% a/a (vs +10,1% a/a no 2T24 e -2,7% a/a no 3T23).

    Apesar de termos um cenário de deflação mensal predominando ao longo do trimestre, desde o início do ano estávamos observando uma dinâmica de inflação alimentar – fazendo com que, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação da categoria chegasse a 5,50% em setembro. O cenário é bastante diferente do ano passado, quando observamos recorrentes reduções de preços e uma deflação na visão acumulada 12M.

    Frente a isso, vale destacar que no ano passado a venda B2B estava bastante pressionada – algo que prejudicava o top line, porém acabava por beneficiar a rentabilidade, uma vez que essa venda gira a uma margem inferior à média do Atacadão.

    Com o retorno a um cenário inflacionário e a consequente normalização do ritmo de compra do público transformador ao longo deste ano (apesar da desaceleração sequencial, a venda B2B ainda é maior a/a), entendemos que haverá alguma pressão sobre a margem bruta. Projetamos um lucro bruto de R$ 2,93b (+4,5% a/a), com uma margem de 15,2% (-50bps a/a).

    Ainda assim, acreditamos que com a maturação das lojas convertidas, aliada ao crescimento do top line, teremos um cenário de diluição de despesas – compensando o carrego negativo da margem bruta e protegendo uma margem operacional estável a/a. Projetamos um EBITDA aj. de R$ 1,25b (+4,4% a/a), com uma margem de 6,5% (-20bps a/a).

    Tabela 1: Estimativa Genial para Atacadão (R$ milhões; IFRS 16).

    Carrefour Varejo

    A evolução do faturamento deve permanecer impactada pela revisão da área de vendas. Com uma redução de cerca de 130 lojas da vertical de Varejo nos últimos 12 meses (entre fechamentos e conversões para Atacadão), esperamos uma retração de -10,1% a/a do faturamento bruto (exc. gasolina). Estimamos vendas totais de R$ 5,49b.

    Apesar das vendas totais retraírem, acreditamos que o Same Store Sales deve se manter positivo. Como resultado da nova estratégia que vem sendo implementada na vertical (ajustes de preço, revisão do parque de lojas e oferta de produtos com posicionamento de preço de marca mais atrativos), no último trimestre observamos uma recuperação do SSS – que voltou para território positivo, algo que não acontecia desde o 2º trimestre de 2023.

    Com a maturação dessas iniciativas e o consequente aumento da competitividade do Varejo, esperamos que o SSS continue em trajetória positiva, com aceleração sequencial. Projetamos um crescimento na visão ‘Mesmas Lojas’ de +6,5% a/a (vs. +2,3% no 2T24).

    Revisão da estratégia de precificação e novo patamar de margem bruta. Como resultado dos ajustes de precificação que vem sendo implementados para aumentar a competitividade da vertical, naturalmente esperamos uma margem bruta menor em comparação com o ano passado (-75bps a/a Est. Genial). Projetamos um lucro bruto de R$ 1,31b (-11,9% a/a), com uma margem de 22,8% − em linha com o padrão dos últimos trimestres.

    Resultado das iniciativas compensa impacto sobre lucro operacional. Entendemos que a combinação entre (i) o fechamento de lojas de baixo desempenho (revisão de portfólio) e (ii) a maior alavancagem operacional (preços mais competitivos, alavancando o volume de vendas) deve continuar compensando o carrego negativo da margem bruta para o resultado operacional. Esperamos um EBITDA aj. de R$ 177m (-19,6% a/a), com uma margem de 3,1% (+140bps a/a).

    Tabela 2: Estimativa Genial para Carrefour Varejo (R$ milhões; IFRS 16).

    Sam’s Club

    Para a vertical de clube do Carrefour não esperamos grandes novidades em relação ao último trimestre. Projetamos uma receita bruta de R$ 1,74b (+14,8% a/a), com um Same Store Sales de +1,5% a/a (vs. +2,0% a/a no 3T23).

    Sobre a rentabilidade, esperamos margens relativamente estáveis sequencialmente – projetamos margens bruta e EBITDA aj. de 21,5x% (+170bps a/a) e 4,8% (+90bps a/a) respectivamente.

    Tabela 3: Estimativa Genial para Sam’s Club (R$ milhões; IFRS 16).

    Banco Carrefour (CSF)

    Impactos do ‘cap do rotativo’. Como já comentamos em relatórios anteriores, a partir deste trimestre a mudança do cap do rotativo passa a afetar todo o resultado da vertical – uma vez que a maioria da carteira já está na nova política de juros.

    O limite sobre os juros rotativos naturalmente impacta as receitas de intermediação financeira. Neste caso, como mais da metade da carteira passa a estar sob a nova política, acreditamos que a evolução das receitas do banco deve ser pressionada.

    Redução do lucro operacional. Nesse cenário, por mais que estejamos observando uma contínua melhora do NPL e uma carga de risco sobre controle, a limitação sobre o crescimento das receitas de intermediação financeira implica em uma redução da margem da operação – impacto que deve chegar diretamente no resultado operacional do Banco, que deve apresentar uma retração a/a.

    Projetamos um EBITDA aj. de R$ 212m (-9,7% a/a). Entendemos que o impacto do cap do rotativo deve ser ainda maior no 4º trimestre, uma vez que ao final do ano 100% da carteira estará dentro da nova política.

    Tabela 4: Estimativa Genial para Banco Carrefour (R$ milhões).

    Resultado consolidado

    Tabela 5: Estimativa Genial para o Grupo Carrefour (R$ milhões; IFRS 16).

    Atualização de estimativas

    Tabela 6: Estimativa Genial para o Grupo Carrefour nos próximos três anos (R$ milhões; IFRS 16).

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    Leitura Dinâmica

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