O Carrefour divulgou seus resultados do 3T23 nessa terça-feira (31/10). O trimestre foi marcado por uma retração de vendas e uma fraca alavancagem operacional. Ainda assim, a pressão das despesas financeiras foi menor do que o estimado, consolidando um resultado líquido acima de nossas expectativas. Confira a análise!
Dinâmica de vendas
O Carrefour reportou um faturamento bruto consolidado de R$ 28,2b (-3,9% a/a), em linha com nossas estimativas (-0,6% vs. Est. Genial).
O Cash & Carry foi impactado pela continuidade da deflação de alimentos, a medida em que a redução dos preços não foi acompanhada por uma recomposição do volume – clientes B2B seguem ‘desestocando’ e comprando em padrões fracionados para se aproveitar da desinflação. Com isso, observamos um indicador Like-for-Like (LfL) ainda negativo em -2,7% a/a. As vendas brutas no Atacadão ficaram estáveis em relação ao ano passado, totalizando R$ 19,7b.
Além do impacto da desinflação alimentar, sem recomposição imediata de volumes, a vertical de Varejo ainda teve o impacto da redução 17% do seu parque de lojas vs. 3T22, com a conversão de 32 lojas em Atacadão. As vendas brutas desse segmento apresentaram uma retração de 17,7% a/a, chegando a R$ 6,1b (ex. gasolina). O LfL ficou em -7,7% a/a.
Impulsionado pela adição de novos clientes na base e pela campanha de aniversário, o Sam’s Club foi a única bandeira a apresentar crescimento no trimestre, expandindo o faturamento em +9,3% a/a – totalizando R$ 1,5b.
Banco Carrefour
Frente a um crescimento de duplo dígito no cartão Atacadão (+16,9% a/a), impulsionado pela aquisição dos clientes do Grupo BIG, e dado o rápido ramp-up do cartão Sam’s Club, o faturamento total do Banco Carrefour atingiu R$ 15,1 bilhões no trimestre (+13,1%) a/a.
Com um NPL estável nos últimos 12M, a carga de risco acelerou apenas 7,1% a/a, enquanto a mesmo tempo em que a carteira cresceu 25,6% a/a. Isso permitiu uma forte expansão do resultado operacional do Banco, consolidando um EBITDA Aj. de R$ 235m (+42,4% a/a; +8,1% vs. Est. Genial).
Consolidando o resultado
No Atacadão, os ganhos em negociações com fornecedores no contexto de integração do Grupo BIG mais do que compensaram a pressão de margem de uma maior atividade promocional na vertical de Varejo. A margem bruta apresentou uma leve expansão de +20bps a/a, chegando a 20,1%.
Somando os efeitos de (i) uma retração de vendas, (ii) inflação de custos e (iii) parte do parque de lojas ainda em maturação, o Carrefour reportou uma margem EBITDA consolidada de 5,5% – uma pressão de -92bps a/a.
O reconhecimento de R$ 163m referentes a atualização monetária de provisões e depósitos judiciais aliviou o impacto das despesas financeiras do trimestre. Dado esse efeito, a pressão sobre a última linha foi menor do que projetávamos, permitindo que o Carrefour postasse um resultado positivo no trimestre. O lucro líquido consolidado foi de R$ 194m (-46,3% a/a).