CARREFOUR

    Ações > Supermercado > CARREFOUR > Relatório > Carrefour (CRFB3) | Vai faltar carne?

    Publicado em 25 de Novembro às 18:47:07

    Carrefour (CRFB3) | Vai faltar carne?

    “Em solidariedade ao mundo agrícola, o Carrefour se compromete a não comercializar nenhuma carne do Mercosul”

    Essa recente declaração do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, feita na quarta-feira (20/nov), desencadeou uma reação em cadeia negativa para o Carrefour Brasil. Grandes frigoríficos, como JBS, Marfrig e Masterboi, já suspenderam as entregas de carne ao grupo.

    Acenou à política local e acertou no 2º maior mercado do grupo. O Carrefour tem andado sobre ‘cacos de vidro’. Trata-se de uma questão extremamente delicada, uma vez que não se limita ao desempenho operacional da empresa, mas também está profundamente entrelaçada com as dinâmicas políticas do Brasil e da França.

    A interrupção do fornecimento de carne para o Grupo Carrefour se iniciou na sexta-feira (22/nov) e, passados três dias após a interrupção, o abastecimento de lojas tem sido realizado a partir de estoques da companhia. Ainda que não haja sinais de ruptura de proteína animal, é uma questão de tempo até notarmos refrigeradores mais vazios.

    Atualmente, o Atacadão responde por aproximadamente 75% do faturamento do grupo. Em nossas estimativas, as proteínas animais representam cerca de 5% do faturamento total da vertical de cash-and-carry.

    A carne ocupa uma posição central na composição da cesta do consumidor do grupo e mais do que o impacto imediato causado pela falta de proteínas animais, é essencial captar as ‘entrelinhas’: a ausência de carne nas gôndolas pode comprometer a dinâmica de compra da cesta completa, incentivando o consumidor a migrar para outros atacarejos que ofereçam uma experiência mais completa, garantindo acesso a todos os itens de sua preferência.

    Se não endereçado com a devida urgência, o Carrefour poderá enfrentar uma desaceleração em Same Store Sales, minar margem bruta (dado o impacto de negociação com fornecedores comprometidos) e resultar em uma possível desalavancagem operacional, mesmo em um trimestre tradicionalmente favorável ao aumento de volumes e impulsionado também por uma inflação alimentar mais elevada.

    É importante destacar que, no 3º trimestre de 2024, o Same Store Sales do Atacadão (+5,6% a/a) ficou aquém da inflação alimentar acumulada no período (+6,3% a/a). Com uma inflação superior à média da cesta alimentar (para mais informações, leia o último tópico do relatório), a carne assume um papel estratégico para que a companhia consiga alinhar o crescimento do Same Store Sales ao nível da inflação ao longo do 4º trimestre.

    Ainda é muito cedo para cravar estimativas de impacto do boicote à varejista e acreditamos que algum anúncio de gestão de crise deve ser feito ao longo dessa semana. Até este momento, não existe nenhum comunicado oficial da companhia.

    O que aconteceu?

    A declaração recente do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, desencadeou uma reação intensa no Brasil, levando grandes frigoríficos a boicotarem a rede.

    Bompard anunciou que a empresa não comercializará mais carne proveniente do Mercosul, alegando que os produtos não atendem aos padrões exigidos pelo mercado francês.

    Embora a decisão fosse direcionada à operação na França, o impacto ressoou fortemente no Brasil — o segundo maior mercado da companhia —, minando as relações com fornecedores locais.

    A indústria de carne brasileira reagiu com rapidez. Frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o fornecimento de carne para as unidades do Carrefour no Brasil. Até o momento, cerca de 150 lojas das bandeiras Carrefour, Atacadão e Sam’s Club já enfrentam rupturas nos açougues, com expectativa de agravamento nos próximos dias.

    O cenário ainda está em evolução, com o Carrefour lidando com o risco de uma escalada do boicote, enquanto os frigoríficos aguardam uma retratação formal de Bompard. Esse impasse não apenas ameaça as relações comerciais com fornecedores brasileiros, mas também coloca em xeque o desempenho da companhia no Brasil, considerando o impacto direto e indireto que isso pode gerar em vendas e na reputação da marca.

    Carne inflacionou acima da cesta média

    As proteínas bovinas apresentaram alta de 8,3% a/a nos últimos 12 meses, destacando um gap de +1,05 p.p. em relação à inflação de Alimentos em Domicílio e +3,57 p.p. frente ao IPCA geral no mesmo intervalo. Ao desdobrar o desempenho por item, Patinho e Carne de Porco e lideraram as variações positivas, com altas de +11,5% a/a LTM e +10,6% a/a LTM, respectivamente. No lado oposto, apenas um subitem registrou deflação: o Fígado, cujo preço recuou -6,8% a/a LTM.

    Acesse o disclaimer.

    Leitura Dinâmica

    Recomendações

      Vale a pena conferir