A C&A divulgará o seu resultado do 3T23 na quinta-feira (09/nov), após o encerramento do pregão. Esperamos uma aceleração do ritmo de crescimento de vendas e novos ganhos de rentabilidade, a medida em que a companhia segue otimizando seus modelos de distribuição e precificação.
Com diversos drivers de crescimento e rentabilidade daqui para frente (confira nossa Iniciação de Cobertura) e precificada a um múltiplo EV/EBITDA 2024E de 2,4x, acreditamos que a C&A esteja negociando com desconto em relação aos seus pares. Reiteramos nossa recomendação de COMPRA com target price 12M de R$ 8,20 – um upside de 43,4% em relação ao fechamento de hoje (06/nov).
Esperamos uma aceleração do crescimento de vestuário
No último 2T23, a C&A foi a única das empresas em nossa cobertura do setor que conseguiu evitar uma retração do faturamento de vestuário, apresentando um crescimento sútil de +1,7% a/a da vertical.
Para este 3º trimestre, esperamos uma aceleração do nível de crescimento apresentado. Sendo um trimestre sazonal de promoção e de coleção de ticket mais baixo (vs. coleção de inverno), acreditamos que as condições sejam mais favoráveis aos consumidores que ainda veem sua renda disponível pressionada em função do cenário macroeconômico. Assim, esperamos um leve aquecimento do volume de vendas, impulsionando a performance da vertical de vestuário.
Ainda assim, entendemos que os volumes não devem se recuperar completamente na visão anual, a medida em que a demanda segue pressionada. Desse modo, estimamos um crescimento de +6,3% a/a do faturamento líquido de vestuário.
Por outro lado, acreditamos que a vertical de Fashiontronics & Beleza continue sendo um detrator de crescimento da receita de mercadorias. Em meio a um cenário desafiador para o consumo da categoria de eletrônicos, projetamos uma retração de -6,2% a/a do faturamento desse segmento.
Totalizando os efeitos, estimamos um crescimento de +4,4% a/a da receita de mercadorias, estimada em R$ 1,4b (+4,4% a/a; -10,4% t/t). Para a vertical de serviços financeiros, esperamos uma aceleração de +36,7% a/a do faturamento, a medida em que a companhia cresce a operação de crédito própria – C&A Pay.
Consolidando ambas as verticais, estimamos uma receita líquida total de R$ 1,5b (+6,1% a/a; -9,1% t/t).
Projetos internos devem continuar impulsionando margem bruta
A C&A vem trabalhando na implementação do Push&Pull (modelo inteligente de distribuição) e da precificação dinâmica, levando a importantes ganhos de rentabilidade ao longo deste ano. Para este trimestre, esperamos que o aprimoramento dessas tecnologias tenha novamente um impacto positivo na margem bruta vs. 2022.
Adicionalmente, a menor penetração da vertical de Fashiontronics no mix de vendas – que gira a uma margem menor – deve ter efeito positivo na margem consolidada da companhia. Projetamos uma expansão de +100bps a/a da margem bruta, chegando a 50,3%.
Ganhos de redução de despesas devem estabilizar
No 2S22 a C&A iniciou um trabalho relevante de redução de despesas, levando a grandes ganhos de margem operacional ao longo deste ano. Para o 3T23, com uma base comparativa mais normalizada, acreditamos que os ganhos observados anteriormente devem estabilizar.
Ao mesmo tempo, a medida em que a companhia cresce sua carteira de crédito própria, esperamos um aumento natural das despesas de provisão, e, consequentemente, um aumento sobre a cobertura de créditos vencidos acima de 90 dias pela companhia.
Em nossa visão, o carrego positivo da margem bruta deve ser capaz de compensar o efeito de um maior provisionamento, permitindo um leve incremento de margem operacional. Estimamos uma margem EBITDA de 12,6% (+20bps a/a; -431bps t/t).
Última linha deve seguir pressionada
Considerando uma Selic ainda em patamar de duplo dígito, acreditamos que o nível de despesas financeiras deve continuar pressionando o resultado da C&A neste trimestre. Projetamos um prejuízo líquido consolidado de -R$ 54m vs. um prejuízo de -R$ 61m no 3T22.