Segue melhorando, mas sempre com adendos…
A Cielo apresentou um lucro de R$ 212m, um crescimento de 111% a/a e 17,5% t/t, 7,1% acima da expectativa do mercado de R$ 198m, mas um pouco abaixo da nossa expectativa de R$ 219m. A melhora do lucro foi puxada principalmente pelo crescimento de 8% da receita da Cielo Brasil, dado o avanço de 8,5% a/a e 8,8% t/t dos volumes transacionados (TPV) e aumento da penetração de produtos de prazo, que atingiu 41,2% no 3T21, ante 31,6% no 3T20 e 35,9% no 2T21. Ajudada também pela retomada dos volumes, a Cateno (subsidiaria de cartões do BB) também teve uma melhora substancial do resultado em 128% a/a. Por fim, as despesas sob controle também foram destaque, crescendo menos que receita. Em suma, a nossa avaliação do resultado é ligeiramente positiva com destaque para gradual melhora operacional parcialmente impactada pelo ainda resultado negativo de outras controladas (principalmente Merchant e-Solutions) e a alta da Selic, que tem dois efeitos: (1) eleva as despesas financeiras para financiar o crescimento dos produtos de crédito (antecipação de recebíveis e Receba Rápido) e, (2) dificulta o repasse de preço no produto Receba Rápido (d+2) que tem taxa pre-fixada.
As despesas tiveram uma retração de 13,4% a/a na Cielo Brasil, contribuindo para o lucro da empresa. Do lado negativo, a pressão de preços continuou impactando negativamente o yield de receita líquida da Cielo Brasil, que caiu de 0,71% para 0,7%. Mas, se considerarmos as receitas de antecipação de recebíveis, o take rate da Cielo teve uma ligeira melhora t/t saindo de 0,82% no 2T21 para 0,83% nesse trimestre. Ainda jogando contra, as outras controladas tiveram um prejuízo de R$ 42,8m, que poderia ser melhor se não fosse um aumento na amortização de ágil ocorrida no tri.
Esperamos uma continuidade na recuperação dos volumes em 2022. Por isso, ao valuation de 3,57x P/L 22 estamos reiterando a nossa recomendação de COMPRAR para Cielo. Ainda há de se destacar que a venda da participação na Merchant e-Solutions, que já vem sendo comentada pela própria empresa, e um eventual fechamento do capital, dado o valuation descontado e imbróglio entre controladores, o Banco do Brasil e Bradesco, podem destravar valor para a ação.
Pontos Positivos
- Retomada de volumes. Volumes seguiram melhorando 8,8% t/t e 8,5% a/a.
- Cateno. Lucro de R$ 128m da Cateno sobe 128% a/a e 33% t/t com retomada de volumes e queda de 91,4% a/a e 60% t/t de perdas operacionais.
- Penetração do Receba Rápido. Penetração do Receba Rápido vem melhorando t/t e a/a, tendo saído de 8.9% no 3T20 e 11.9% no 2T21 para 13.6% no último tri. Penetração de produtos de prazo (antecipação de recebíveis e o Receba Rápido pagamento em 2 dias) aumentou 1,3 pp t/t e 7,2 pp a/a para 21,3%.
- Despesas. Despesas seguem controladas, caindo a/a.
Pontos Negativos
- Outras controladas. Outras controladas (principalmente a Merchant-eSolutions), seguiram jogando contra o resultado.
- Selic mais alta. Elevação da Selic, prejudicou as despesas financeiras da Cielo. Também prejudica o repasse de preço no produto Receba Rápido, pois envolve renegociação dos contratos.
- Yield. Yield de receita vem caindo como efeito da competição e volta de crescimento nas grandes contas com um mix pior. A tão esperada melhora de yield está demorando para aparecer.
- Base ativa de clientes. Está caindo 11,1% a/a, em parte pelo maior foco no segmento de varejo, mas que não cresce a 4 trimestres.