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    Publicado em 28 de Abril às 00:21:34

    Cielo (CIEL3) | Resultado 1T23: Se o 1T23 foi bom, imagina o 2T23…

    Quando o ganho de margem fala mais alto que o volume

    A Cielo apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 441m, um crescimento de 139% a/a, sendo o 7º trimestre consecutivo de crescimento anual de lucro recorrente. O valor reportado ficou acima das nossas estimativas em 18% e 16% acima do consenso de mercado. Ainda, a Cielo conseguiu aumentar sua margem EBITDA em 6,7pp t/t e 16,4pp a/a, mostrando uma forte melhoria operacional, principalmente por meio da redução de gastos totais.

    Do lado da receita, a companhia apresentou um forte aumento no take-rate (o quanto de receita a companhia consegue extrair a cada real de volume transacionado), refletindo o movimento de reprecificação e melhor mix da empresa. Além disso, os produtos de antecipação apresentaram níveis recordes de penetração e crescimento considerável no volume financeiro, o que auxiliou na composição do take rate. Por fim, as despesas continuam controladas, principalmente após as vendas de ativos não-core e deficitários como a MerchantE.

    De negativo, o total de volume financeiro transacionado (TPV) apresentou um desempenho fraco com queda no principal segmento estratégico de varejo com redução do volume do produto d+2 (Receba Rápido).

    Consideramos o resultado do trimestre positivo, principalmente porque esperávamos uma melhora mais significativa a partir do 2T23 devido:

    1. a mudança regulatória do intercâmbio dos cartões pré-pagos, melhorando as margens das adquirentes (taxa de desconto liquida)
    2. aumento de precificação (taxa de desconto) em março de 2023, refletindo na dinâmica de preço e receita no 2T23, reflexo de uma melhor dinâmica competitiva
    3. finalização do treinamento dos 400 novos colaboradores de vendas do varejo no 1T23, entrando em operação

    Assim, o trimestre ressalta as tendências mais construtivas com recuperação gradual da rentabilidade da empresa, enquanto o cenário competitivo continua mais racional. Reiteramos nossa visão mais otimista para o momento em que a Cielo está passando e nossa recomendação de COMPRAR das ações CIEL3 com preço alvo de R$ 6,78.

    Volumes e Clientes: O ponto negativo do tri

    A Cielo Brasil apresentou um volume financeiro (TPV) fracos, somando R$ 201b no 1T23, queda de -13,1% t/t devido principalmente a sazonalidade do período, porém com um crescimento de apenas 1,4% a/a, impulsionado pelo aumento de 3,1% nas transações com cartões de crédito, mas parcialmente compensado pela queda de 1,3% nas transações de débito. A surpresa mais negativa na volumetria foi a contração de -9,7% t/t e -1,5% a/a no segmento varejo, totalizando R$ 65b no trimestre, revertendo o crescimento estratégico da companhia. A retração se deve principalmente a maior competição no segmento e a demora da Cielo na expansão dos 400 vendedores adicionais planejados para 2022, que em tese, estarão prontos e treinados apenas agora no 2T23.

    Já a Cateno apresentou um volume financeiro de R$ 98b, apresentando também uma queda no t/t de -7,7% e um aumento no a/a de 8,3%, sendo que o volume de crédito chegou a representar 58,5% e o débito 41,5%.

    A base ativa de clientes da Cielo Brasil (estabelecimentos comerciais que realizaram pelo menos uma transação nos últimos 90 dias) chegou a 1,02 milhão de clientes, apresentando uma queda de -4% t/t e -10% a/a, devido, principalmente, a suspensão na política de concessão de subsídios para terminais de captura (POS) na modalidade de venda, que acaba impactando as afiliações no segmento de empreendedores.

    Receita: Apesar do volume, mix e reprecificação ajudam o tri

    A receita líquida da Cielo totalizou R$ 2,6b no 1T23, apresentando uma queda de 7% a/a e t/t. Porém, se expurgarmos os resultados da MerchantE que foi desinvestida em abr/22 e considerarmos apenas os efeitos de Cielo Brasil mais Cateno, a receita líquida apresentaria um crescimento de 17% a/a. A queda na comparação t/t, se deu, principalmente, pela redução do volume transacionado devido a sazonalidade do período. Talvez, o ponto para se destacar é que a receita líquida (c/ pré-pagamento) caiu menos (-2,7% t/t) que o volume de cartões (-13% t/t).

    • Cielo Brasil: apesar da queda no volume no 1T23 em relação ao 4T22, a companhia apresentou um aumento no yield de receita (receita ex pré-pagamento/TPV) em 0,06pp t/t e 0,12pp a/a para 0,78%, devido aos efeitos de reprecificação e melhor mix, o que auxiliou na composição da receita para o trimestre. Ainda, a forte penetração dos produtos a prazo auxiliou na composição do take rate (receita c/ pré-pagamento/TPV) a aumentar +0,14pp e +0,25pp para 1,1%, ou seja, a cada R$ 100 de volume de crédito, a companhia conseguiu extrair R$ 1,10 de receita.
    • Cateno: apesar de também ter tido uma queda no volume t/t, a companhia teve uma composição de mix mais favorável, com maior participação relativa em cartão de crédito.

    Produtos de prazo: Penetração atinge recorde histórico

    No 1T23, o volume dos produtos de prazo atingiu R$ 32b (+22% a/a e +7% t/t), apresentando um crescimento bem superior ao TPV (volume financeiro transacionado), além de atingir um nível de penetração recorde de 26,4% (+4,2pp t/t e +4,1pp a/a).

    O aumento de produtos de crédito é estrutural e deve continuar principalmente no produto Receba Rápido (recebimento em 2 dias), mas nesse trimestre em específico, acreditamos que o nível de penetração se deu pelo efeito do menor volume transacionado acrescido do efeito de Americanas, que gerou uma procura maior pelo pré-pagamento, podendo haver uma redução para os próximos trimestres.

    O destaque no trimestre foi o ARV (pré-pagamento) que apresentou um crescimento no volume antecipado em 59% a/a e 24% t/t, além de um aumento na penetração em 5pp a/a e 4pp t/t. Do lado mais negativo, o volume do Receba Rápido caiu -8.9 t/t e -4.3% a/a, chegando a R$ 14.8b no trimestre, refletindo de certa forma o fraco volume no segmento varejo. Apesar desse fator detrator, o yield (que exclui a receita de pré-pagamento) melhorou bem 6bps t/t dos quais +2.6bps pelo efeito sazonalidade e +3.4bps por conta de um melhor mix e precificação.

    Gastos totais

    Os gastos totais somaram R$ 1,8b no 1T23, uma queda de -13% t/t e -22% a/a, reflexo de uma redução considerável nos custos dos serviços prestados (-5% t/t e -24% a/a) e diminuição nas despesas operacionais (-31% t/t e -13% a/a).

    • Cielo Brasil: apresentou um aumento nos custos dos serviços prestados em 8% a/a devido, principalmente, a elevação de custos relacionados à transação e “outros custos” que estão relacionados aos fornecedores de armazenamento em cloud e cyber security. Porém, no t/t houve uma queda de 3% devido à movimentação de provisões. Já as despesas operacionais cresceram 9% a/a, reflexo da expansão da equipe comercial e do dissídio realizado no 3T22, sendo que a queda de -13% t/t se deu, em parte, pela redução nas despesas de vendas e marketing por conta de menos campanhas e melhores incentivos promocionais das bandeiras.
    • Cateno: os custos dos serviços prestados ficaram estáveis a/a, mas caíram 9% t/t devido aos menores gastos com postagem e embossing de cartões, além da queda sazonal dos volumes processados. Já as despesas operacionais, cresceram 32% a/a devido, em parte, ao aumento de colaboradores e o dissídio salarial ocorrido em 2022, porém com uma leve queda de -1,4% t/t.

    Resultado financeiro

    O resultado financeiro (sem receita de pré-pagamento) foi de – R$ 699m, crescendo 11,2% t/t e 57% a/a. A evolução foi consequência de uma taxa de juros mais elevada, assim, pressionando o custo de funding da empresa assim como maior necessidade de capital para financiar os produtos de prazo que cresceram bem no período.

    Imposto

    A empresa aprovou a distribuição de JCP (Juros sobre Capital Próprio) para o 1T23, no limite de dedutibilidade fiscal, resultando em um payout de 45%. A distribuição de JCP acima dos trimestres anteriores levou a um maior benefício fiscal, ocasionando uma alíquota de imposto de 23,7% ( -4,7 pp t/t e -8,0 pp a/a). A empresa deve começar a distribuir JCP trimestralmente, amenizando a volatilidade da alíquota tributária entre os trimestres. Acreditamos que esse patamar de 24-25% de alíquota efetiva deva permanecer por um tempo. A não ser que os produtos de crédito cresçam tão rápido que a empresa necessite mexer em seu payout, que de qualquer forma não deve ser ruim dado a boa rentabilidade do produto.

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