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    Publicado em 03 de Agosto às 00:36:33

    Cielo (CIEL3) | Resultado 2T22: A Guerra de Preços Acabou?

    Com a concorrência tendo problemas na concessão de crédito e como se não bastasse sendo pressionada com custo de funding subindo exponencialmente por conta da alta da Selic, a competição da Cielo pediu arrego, mesmo que temporariamente. Nesse ambiente de paz transitória, a Cielo teve espaço para recompor preço e ganhar volume, entregando um bom desempenho e um lucro recorrente de R$ 383m no 2T22, superando as nossas expectativas e do mercado em 41,4% e 68%, respectivamente. O robusto avanço de lucro de 108% t/t e 113% a/a foi fruto de uma boa recuperação dos volumes, reprecificação (melhora do yield), expansão das receitas de antecipação de recebíveis, bom desempenho da Cateno (JV com o Banco do Brasil) e controle de custos.  O lucro reportado foi bem superior, atingindo R$ 635m que inclui um ganho não recorrente de R$ 282m da venda da MerchantE, empresa americana que por muito tempo gerava prejuízo. Acreditamos que dada a proporção da melhora nos resultados, o mercado e a gente revejam nossas projeções para a Cielo, consequentemente nossa expectativa é que o mercado reaja bem ao resultado do 2T22.

    No 1T22, a Cielo já havia antecipado um aumento no take rate (receita total / volume de cartões) no segmento de PME (pequenas e médias empresas) na última semana de abr/22 de 28bps. O yield de receitas no mesmo período foi para 0,76% (vs. 0,67% no 1T22). No 2T22, o yield de receitas aumentou 0,4 pp t/t para 0,71%. O take rate avançou impressionantes 7 pb t/t e 10 pb a/a, quebrando a tendência de compressão nos preços que víamos no setor de adquirência desde 2015.

    A Cielo conseguiu reverter a perda de marketshare graças a um cenário competitivo mais brando, com a concorrência sofrendo para repassar a alta do funding de produtos de prazo para os preços, principalmente nos produtos de antecipação embutidas na taxa de adquirência (d+2). Dentro de casa, a companhia fez a lição de casa para destravar valor, se desfazendo de ativos que não contribuíam para o resultado, como a MerchantE, mantendo despesas sobre controle e reprecificando seus produtos. Não à toa, a ação da Cielo acumula alta de mais de 100% no ano.

    Lucro contábil: favorecido por não recorrentes

    O lucro contábil da Cielo foi de R$ 635,3m (+252,2% a/a e 244,1% t/t). O forte desempenho foi beneficiado principalmente pela venda da MerchantE, que implicou em um recebimento de US$ 137,2m e o reconhecimento de US$ 25m relacionados a uma porção do earnout, líquido da baixa dos ativos e custos associados à transação. No trimestre, a venda da Merchant-e gerou um impacto positivo no lucro contábil de R$ 282,3m (líquido de imposto).

    Receita: mix de crescimento de volumes e melhor preço

    A receita operacional da Cielo e Cateno (ex Merchant-e) foi de R$ 2,54b (+33,7% a/a e +15,7% t/t), beneficiadas pela retomada do volume e reprecificação. O TPV da Cielo avançou 33,8% a/a e 11,4% t/t com o yield de receita flat (estável) a/a e crescendo 0,04 pp t/t. O crescimento dos volumes vem sendo impulsionado pela retomada econômica, inflação e ambiente competitivo mais brando. O yield foi favorecido t/t pela reprecificação dos produtos, podendo ter sido até melhor se não fossem impactos de mix e volume. A Cielo aumento o mix em grandes contas t/t e parte de suas receitas não sobe com o volume, prejudicando yield.

    O benefício do yield advindo do ISS, que pode ser observado no gráfico, se refere as menores provisões feitas pela Cielo no 2T22 relativas à lei 175/2020, que definiu que a alíquota do ISS aplicada deveria ser definida a partir da localização onde os serviços são prestados. Com os efeitos suspensos pelo STF, a Cielo vem constituindo provisões relativas aos efeitos futuros da lei. A Cielo mudou o critério de provisionamento neste trimestre, reduzindo os níveis de provisões.

    Apesar do bom crescimento de receitas com avanço do volume e melhor yield, a base ativa de merchants (lojistas) da Cielo segue caindo. A base saiu de 1,3m de merchants no 2T21 para 1,1m neste trimestre, queda de 15,2%. Se por um lado, a queda reflete a estratégia da empresa de tirar merchants, principalmente em grandes contas, que eram pouco lucrativos ou até geravam perdas. Por outro, em algum momento a companhia terá que reverter a perda de merchants para sustentar o crescimento no longo prazo.

    A Cateno também teve um bom desepenho no trimestre, com receita de R$ 972,3m (+32,8% a/a e +12,1% t/t). O volume financeiro total cresceu 8,3% t/t e 23,3% a/a, contribundo para o avanço das receitas. A mudança do critério de provisionamento para desembolsos relativos a lei 175/2020 e melhora do mix também favoreceram receitas. O mix vem gradativamente ao longo dos trimestres se concentrando mais no crédito, provavelmente por impacto do PIX.

    Custos e despesas: segue sob controle

    Os custos de serviços prestados da Cielo Brasil isoladamente tiveram aumento de 23,2% a/a e 8,1% t/t, abaixo do crescimento das receitas nos períodos. O crescimento dos custos está relacionado principalmente ao maior volume capturado nos períodos, que resultam em maiores despesas com fees de bandeiras e serviços de processamento. Como destaque positivo, os custos relacionados a terminais de captura cresceram comente 2,6% a/a e 1,9% t/t, beneficiados pelos menores subsídios na venda de maquininhas.

    Do lado das despesas operacionais, a Cielo Brasil deve avanço de 22,2% a/a e 21,6% t/t, também positivo se considerarmos ter sido inferior ao crescimento de receitas. A alta é explicada principalmente pelo aumento da força comercial e reajustes de salário.

    A Cielo vem apresentando custos e despesas sob controle, o que se manteve nesse trimestre. O maior foco em melhorar a eficiência beneficia as margens e um dos drivers do robusto avanço do lucro. A margem líquida recorrente avançou 6,7 pp a/a e 6,8 pp t/t, atingindo 12,7% no 2T22.

    Resultado financeiro: impactado por funding de produtos de prazo

    O resultado financeiro foi fraco neste trimestre, com a perda subindo 28% t/t e 186% a/a. Assim como esperávamos, a linha foi impactada pela elevação do custo de funding de produtos de prazo com a alta da Selic e menor posição de investimentos após a transferência de US$ 270m para Cielo USA  com o objetivo amortizar uma dívida com vencimento no final do ano. Apesar do resultado financeiro pior, diferentemente dos últimos trimestres, a reprecificação mais do que compensou os impactos nas linhas de receita.

    Produtos de prazo: crescendo em penetração e volume

    Os produtos de prazo ganharam 2,4 pp de penetração a/a e 0,1 pp t/t, atingindo 22,4% do volume do crédito. Somado ao incremento dos volumes no crédito, o volume de produtos de prazo subiu 58,1% a/a e 11% t/t. A receita de pré-pagamentos cresceu 29,5% t/t e 155,8% a/a.

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