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    Publicado em 01 de Novembro às 00:35:08

    Cielo (CIEL3) | Resultado 3T23: Volumes fracos e regulatório incerto geram preocupações 

    A Cielo registrou um lucro recorrente de R$ 457 milhões no 3T23, queda de -6,0% t/t e um aumento de +8,3% a/a. Esse resultado está alinhado com as nossas projeções e as expectativas do mercado. No entanto, embora o lucro tenha aumentado moderadamente em termos anuais, as tendências apontam para um ambiente mais desafiador e menos previsível. 

    A rápida deterioração dos volumes de transações foi significativamente mais acentuada do que o previsto nesse ano de 2023. Além disso, o cenário pode se tornar ainda mais difícil devido ao potencial aumento da concorrência no segmento de pequenas e médias empresas (PME), que ainda é lucrativo, e à possível decisão do governo de impor limites nas taxas de juros no crédito rotativo do cartão. Isso pode ter efeitos prejudiciais para as empresas adquirentes, levando a uma redução no número de parcelas no produto parcelado sem juros e ao aumento das taxas de intercâmbio para os bancos emissores. Essas mudanças podem resultar em uma diminuição no volume de vendas no varejo e pressionar as margens líquidas das empresas de adquirência. 

    Observamos com preocupação a acentuada queda no volume financeiro transacionado (-10,8% a/a) e a redução no número de clientes (-15,9% a/a), resultando em mais um período de perda de participação de mercado. Além disso, o yield da receita apresentou uma queda de 0,04pp t/t, podendo mostrar mais reduções à frente devido à renovação da base de clientes e a um possível aumento da competitividade em seu segmento de foco de PME. 

    Nesse cenário, reiteramos nossa recomendação de MANTER com um preço-alvo de R$ 3,90. Embora as ações sejam negociadas a múltiplos atrativos, com um P/L de 5,17x em 2023 e 4,90x em 2024, não identificamos razões para uma possível valorização das ações no curto prazo, dadas as atuais dificuldades no crescimento dos volumes e do yield e incertezas regulatórias. 

    Cielo (CIEL3): Em linha com nossas estimativas

    Volumes e Clientes: Queda anual significativa 

    O volume financeiro transacionado (TPV) apresentou desempenho fraco, totalizando R$ 197,5 bilhões, com estabilidade trimestral (+0,8%) e uma notável queda de -10,8% em relação ao ano anterior. A comparação trimestral foi influenciada pelo aumento de 3,1% t/t no volume financeiro de cartões de débito, contrabalançado pelo impacto negativo do recuo de -0,5% no volume de cartões de crédito. Na comparação anual, o TPV de débito diminuiu -14,3%, enquanto o de crédito registrou uma redução de -8,4%. O número de clientes continuou a diminuir, atingindo 919 mil usuários, representando uma queda de 4,1% em relação ao trimestre anterior e 15,9% em relação ao ano anterior. 

    Além da diminuição no volume transacionado, notamos uma ligeira redução na participação do cartão de crédito no mix, diminuindo em 0,8pp t/t, um movimento desfavorável para Cielo, uma vez que o cartão de crédito apresenta uma margem de lucro (yield) superior ao cartão de débito. Quanto ao número de transações, observamos uma queda de -0,2% t/t e -9,5% a/a. 

    Receita: Yield menor, volume menor, receita menor 

    A Cielo apresentou uma receita líquida de R$ 2,6 bilhões, o que representa uma queda de -0,9% t/t e -0,7% a/a, impactada negativamente na comparação anual pelo volume mais fraco na Cielo Brasil, mas compensada em parte por um yield maior nas duas unidades. Já na comparação trimestral, vemos um yield mais fraco na Cielo Brasil em -0,04 pp. 

    • Cielo Brasil: A receita da unidade atingiu R$ 1,57 bilhão, representando uma queda de -4,0% t/t e -3,1% a/a. A comparação anual reflete a queda no TPV (-10,8% a/a), enquanto na comparação trimestral, o yield da receita diminuiu para 0,79%, uma redução de -0,4 pp t/t. 
    • Cateno: A receita da Cateno atingiu R$ 1,05 bilhão, registrando um aumento de +4,3% t/t e +3,1% a/a. Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento no volume financeiro (+3,9% t/t e +4,1% a/a) e por um mix mais favorável de produtos. No entanto, esses ganhos foram parcialmente compensados pela implementação do teto no intercâmbio de débito, que entrou em vigor em abril de 2023. 

    Ao considerar as receitas dos produtos com prazo, a Cielo alcançou um take rate de 1,15%, queda de 0,01 pp t/t, mas com um aumento de 0,17 pp a/a. Este é o segundo melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2019.

    Produtos de Prazo: Receba Rápido é destaque negativo 

    Os produtos de prazo registraram um volume de R$ 31,2 bilhões, com uma redução de -1,9% t/t e um aumento de +5,4% a/a. A penetração total, que inclui Receba Rápido e ARV, atingiu 26,0%, refletindo uma diminuição de -0,4 pp t/t, mas um crescimento de +3,4 pp a/a, com um total alocado de R$ 20,2 bilhões, mantendo-se estável t/t (-1,9%) e apresentando um significativo aumento de +22,3% a/a. No entanto, o destaque negativo do trimestre veio do Receba Rápido, que registrou uma queda de -2,7% t/t e -14,8% a/a.

    Despesas totais: Controladas 

    As despesas totais ficaram em R$ 1,85b (+28,4% t/t e -0,6% a/a). Na comparação trimestral o impacto negativo ocorreu na linha de “outras receitas/despesas”, devido ao registro da reversão do Imposto Sobre Serviços (ISS) no trimestre anterior. Ao analisar tanto a comparação anual quanto a comparação trimestral, excluindo o impacto na linha de outras receitas/despesas, fica evidente que as despesas totais estão sendo adequadamente controladas. 

    • Cielo Brasil: Os gastos totais normalizados alcançaram R$ 765,6 milhões, apresentando uma diminuição de -1,9% t/t, porém um aumento de +6,3% a/a. Essa expansão anual resultou, em parte, da pressão inflacionária sobre a estrutura de custos, bem como dos investimentos realizados em iniciativas de melhoria operacional e na expansão da força comercial. No entanto, é importante destacar que parte do aumento das despesas foi parcialmente compensada pelas ações de eficiência implementadas pela Cielo. 
    • Cateno: Os gastos totais normalizados ficaram em R$ 642,1 milhões (+6,4% t/t e -1,5% a/a), impactado negativamente pelo custo dos serviços prestados (+5,8% t/t e +2,3% a/a), além de maiores gastos com despesas com pessoal (+13,9% t/t e +24,6% a/a).

    Resultado financeiro: Despesa financeira pesa no resultado 

    O resultado financeiro (excluindo pré-pagamentos) permaneceu negativo, atingindo -R$ 744,3 milhões, representando um aumento (piora) de +9,1% t/t e +14,0% a/a. Esse resultado desfavorável foi influenciado por despesas financeiras consideráveis, que foram impactadas no trimestre devido ao aumento do saldo médio captado. 

    Imposto 

    A alíquota de imposto ficou em 25,5% no trimestre, beneficiada pelo pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP).

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