Encerrado o pregão dessa quinta-feira (07/nov), a Cogna reportou as cifras referentes ao 3º trimestre de 2024. Foi um bom trimestre para a Cogna, sustentado principalmente pela expansão de margem e pela performance robusta de Kroton, que continua sendo o motor de crescimento da empresa.
Embora a receita líquida consolidada tenha se mantido praticamente estável (+0,6% a/a), a empresa conseguiu melhorar consideravelmente sua eficiência operacional, refletindo um crescimento de 25,9% a/a no EBITDA ajustado e uma margem EBITDA de 30%, que é uma expansão de 6,0 p.p. a/a.
O que realmente reforça essa visão positiva é a capacidade da Cogna de gerar valor mesmo em meio a desafios no cenário macroeconômico, especialmente na divisão de educação básica (Saber) e no segmento B2G de Vasta, que enfrentaram pressão devido à sazonalidade e à ausência de contratos governamentais significativos neste trimestre. A Kroton, por outro lado, não só superou nossas estimativas em receita, mas também demonstrou ganhos sólidos de margem, com aumento de 6,4 p.p. a/a na margem EBITDA.
Outro ponto que sustenta a avaliação positiva é o retorno à lucratividade, com um lucro líquido ajustado de R$ 32,8 milhões, revertendo o prejuízo registrado no 3T23. Embora esse valor tenha ficado um pouco abaixo da expectativa, ele indica uma recuperação gradual e um controle melhor sobre as despesas financeiras, favorecido pela redução da alavancagem.
Em resumo, o 3º trimestre da Cogna se destaca como positivo, com melhorias na eficiência e um retorno à lucratividade, impulsionados por uma execução eficiente em Kroton. No entanto, para que a visão otimista se fortaleça a longo prazo, a empresa ainda precisa enfrentar os desafios de Vasta e Saber, especialmente no contexto de contratos governamentais e sazonalidade.
Receita em linha ao esperado
A Receita Líquida da Cogna atingiu R$1.282 milhões, um resultado estável comparado ao mesmo período do ano passado, com variação de +0,6% a/a. Esse desempenho ficou marginalmente abaixo da nossa estimativa de R$1.296 milhões (-1,1% vs. Est. Genial).
No detalhamento por segmento, Kroton registrou receita de R$940 milhões (+13,3% a/a), superando ligeiramente nossa expectativa (+0,4% vs. Est. Genial), enquanto Vasta mostrou uma queda de -14,6% a/a, finalizando o trimestre com receita de R$220 milhões, abaixo do estimado (-3,8% vs. Est. Genial). A divisão Saber também apresentou um recuo significativo em receita, totalizando R$133 milhões (-28,6% a/a), mas ficou levemente acima do esperado (+1,7% vs. Est. Genial). Esse desempenho reflete uma combinação de crescimento sólido na Kroton e desafios persistentes em Vasta e Saber.
Expansão de margem bruta impulsionada pela eficiência operacional
O lucro bruto consolidado da Cogna no 3T24 foi de R$746,6 milhões (+15,4% a/a), resultado diretamente ligado à melhoria na penetração de cursos de EAD e medicina em Kroton, elevando a margem bruta em 1,5 p.p. a/a. Isso veio em linha com a nossa expectativa de expansão de margem, impulsionando a operação em meio a um cenário competitivo.
Essa expansão de margem é refletida especialmente na Kroton, que registrou uma margem bruta de 35,8%, bem acima dos 29,4% registrados no 3T23, superando a expectativa em 280bps (+8,9% vs. Est. Genial). A operação de Vasta apresentou um declínio em sua margem bruta, refletindo a redução de receitas no setor B2G, terminando o trimestre com 8,4% (-156bps a/a; -19,0% vs. Est. Genial). Saber trouxe uma margem bruta de 22,5% (+3,2 p.p a/a).
Bom controle de despesas
O EBITDA Ajustado consolidado alcançou R$385 milhões, com crescimento de +25,9% a/a, superando a margem EBITDA esperada, que foi de 30,0% (+6,0 p.p. a/a), embora tenha ficado levemente abaixo da nossa estimativa de R$357 milhões (+7,8% vs. Est. Genial). Esse resultado reflete uma melhora contínua na eficiência operacional, particularmente em Kroton, que impulsionou a margem em 6,4 pontos percentuais, atingindo 35,8% no 3T24.
Kroton foi o principal responsável pela expansão de margem, com um EBITDA ajustado de R$337 milhões, superando nossas expectativas (+8,9% vs. Est. Genial). Já Vasta registrou um EBITDA de R$18 milhões, uma queda significativa de -28,8% a/a, ficando abaixo do esperado (-19,0% vs. Est. Genial), devido ao descasamento de receitas governamentais. Em contrapartida, Saber teve um desempenho sólido, alcançando R$30 milhões em EBITDA (+17,5% vs. Est. Genial), com expansão de 303bps na margem EBITDA, confirmando o bom controle de custos no segmento.
Mais um lucro líquido pra conta
O lucro líquido ajustado da Cogna foi de R$32,8 milhões, uma reversão significativa comparado ao prejuízo de R$44,1 milhões registrado no 3T23. Esse valor, no entanto, ficou -36,9% abaixo da nossa expectativa de R$52 milhões, influenciado por despesas financeiras elevadas e um custo de capital alto, ainda que a alavancagem tenha recuado para 1,58x.
Esse resultado é impulsionado pela estratégia de liability management da Cogna, que ajudou a reduzir o custo médio da dívida. No entanto, o aumento do montante de dívida bruta e a elevação dos juros impactaram negativamente as despesas financeiras da companhia. A divisão de custos e impostos manteve-se alta, mas alinhada com a normalização esperada, resultando em uma margem líquida de 2,6%, ligeiramente abaixo do estimado (-145bps vs. Est. Genial).
A desalavancagem é uma realidade
No 3T24, a alavancagem caiu para 1,58x Dívida Líquida/EBITDA (vs. 1,88x no 3T23), atingindo o menor nível em 22 trimestres, desde o 4T18. Essa queda é significativa, especialmente em um cenário de juros altos e custo de capital elevado, que desafiam empresas alavancadas.
O que tem impulsionado essa redução é uma combinação de geração de caixa operacional robusta, otimização de custos e a amortização antecipada de dívidas. No 3T24, por exemplo, a Cogna utilizou parte de seu fluxo de caixa para o pré-pagamento de debêntures e seguiu uma estratégia cuidadosa para reduzir o custo médio de sua dívida. Recentemente, a companhia realizou a 13ª emissão de debêntures, captando R$200 milhões a um custo mais baixo (CDI + 1,35%) e utilizando esses recursos para substituir dívidas mais caras.
Além disso, a melhoria na qualidade do perfil de crédito dos alunos e a eficiência nas operações da Kroton ajudaram a fortalecer o fluxo de caixa, dando à empresa mais folga para reduzir a alavancagem. Esse processo de desalavancagem é um ponto positivo para a Cogna, pois alivia a pressão sobre as despesas financeiras, permitindo que a empresa foque em investimentos estratégicos e expansão de margem, ao mesmo tempo em que mantém sua competitividade no setor educacional.
Tabela 1: Números consolidados pela Cogna vs. estimativa Genial (IFRS 16; R$ milhões).