De maneira geral, esperamos que os resultados do segundo trimestre das empresas de educação tenham um desempenho morno – como de praxe para esse período do ano -, não tendo muitas novidades. Isso ocorre por conta da dinâmica do setor, onde há dois ciclos de captação, que ocorrem no 1T e no 3T, respectivamente, portanto, não devemos ver grandes mudanças de base sendo registradas nesse tri. Semana passada (03/08/2022), vimos mais um aumento na Selic para 13,75%, corroborando para que o bottom line das empresas de nossa cobertura sofra, principalmente a/a, em virtude da escalada dos juros em um setor alavancado. Dito isso, reiteramos nossa preferência por ANIM3 ante as demais, por conta de seu portfólio mais resiliente e seu modelo acadêmico mais eficiente.
Em termos comparativos, temos que tomar cuidado ao olhar na ótica a/a por conta do primeiro ciclo de captação ter sido atrasado em 2021 – este, que foi impactado por conta das medidas de isolamento no 1T21, causando atrasos no ENEM, inscrições e matrículas tardias etc. Sazonalmente, vemos um 1T mais forte e um 2T mais fraco, pelo que aconteceu em 2021, a sensibilidade ficará afetada pelo bom primeiro ciclo em 2022 enquanto o 1º ciclo do ano passado ocorreu no segundo trimestre.
Com a escalada da inflação, observamos o esforço das companhias em reduzir seus custos e despesas a fim de preservar margem – vale levar em consideração que o dissídio de 2022 ainda não foi aprovado em convenção coletiva, favorecendo assim a menor compressão de margens. Entretanto, com a retomada do ensino presencial, podemos voltar a observar o aumento do custo docente.
Yduqs (YDUQ3)
Para o 2T22 da YDUQ3, esperamos um resultado fraco. Salientamos que a campanha de R$299 deverá afetar negativamente o ticket presencial e juntamente com sazonalidade do ciclo de captação comentada acima, deveremos observar uma retração de receita, que para nós, deve ficar próxima de -4,6% a/a, levando a receita líquida para R$ 1,108 bi. Cabe ressaltar, o aumento da base de alunos foi impactada pela aquisição da QConcursos, empresa com sua operação 100% digital, atuando no segmento de Vida Longa, focada em cursos preparatórios para concursos. No entanto, o crescimento na base de alunos não vem acompanhada por um expressivo ganho de receita por conta de seu baixo ticket.
O EBITDA ajust. deve cair -10% a/a para a marca de R$ 324 milhões. Já com relação a margem, estimamos algo próximo a 29,2% (-1,8 p.p. a/a), impactada, principalmente pela queda de receita e aumento do SG&A (despesas com vendas e adm). Observamos que a retomada do ensino presencial enfraquece a margem devido ao aumento de custo nesse segmento vs. o ensino digital e reforçamos que a base comparativa de 2021 estava ainda sobre o efeito de medidas restritivas de locomoção pela pandemia. Estimamos um prejuízo líquido ajust. de – R$ 12 milhões impulsionado pelo resultado financeiro mais alto, dada a escalada dos juros. Seguimos com nossa recomendação de Manter.
A companhia reportará seus resultados no dia 15/08/2022, após o fechamento de mercado. A conference call será às 09h (Brasília), no dia 16/08. Para acessá-la, basta clicar aqui.
Cogna Educação (COGN3)
Em nossa visão, a COGN3 deve reportar um 2T22 neutro. A receita líquida deve cair -9,6% para R$ 1,178 bi, explicada pela queda na base de alunos, pelo mix, de acordo com a estratégia da Companhia, mais focado nos alunos de baixa presencialidade (digital e híbrido) juntamente com o efeito na receita da venda das escolas Saber. Na linha do EBITDA, devemos esperar uma queda a/a de -2,7% para R$ 321 milhões e uma margem EBITDA ajust. de 27,2% (+2,9 p.p. a/a), com esse aumento de rentabilidade sendo explicado pelo bom manejo de custos e despesas (principalmente, em despesas corporativas, operacionais, PCLD e Marketing) que a Companhia vem demonstrando.
Vemos com bons olhos o processo de redução do balanço da Companhia em imobilizados e arrendamentos, procurando otimizar o espaço dos footprintings (Campus / unidades próprias) em relação a proposta de focar no mix mais rentável da baixa presencialidade. Devemos observar como efeito a redução gradativa nas despesas de amortização de arrendamento e de aluguéis, uma pressão menor no resultado financeiro e uma consequente tendência de alta nas margens operacionais.
Apesar de entendermos que a YDUQ3 também está realizando o mesmo processo, a nossa visão é de que a COGN3 está ligeiramente a frente nessa redução, o que deve trazer as margens da Companhia para patamares mais saudáveis.
A Companhia também vem buscando melhorar as margens através da recompra de dívidas abaixo do par e buscando renegociar outras, enquanto observa seu rating de crédito melhorar (taxas mais atrativas para financiamento vide a captação do FINEP), de forma a tratar o liability management.
Apesar disso, no curto prazo a Cogna não deve conseguir reverter o prejuízo no a/a, chegando a um prejuízo líquido de -R$ 19 milhões. Acreditamos que o aumento do custo da dívida, em função do escalada da SELIC, deve trazer impactos negativos importantes no resultado financeiro e que apesar da Companhia demonstrar esforço em tratar o liability management como prioridade, não devemos observar esse esforço superando o impacto da alta de juros. Ainda assim, seguimos com nossa recomendação de Manter para COGN3.
A companhia reportará seus resultados no dia 11/08/2022, após o fechamento de mercado. A conference call será às 11h (Brasília), no dia 12/08. Para acessá-la, basta clicar aqui.
Ânima Educação (ANIM3)
Para ANIM3, devemos esperar resultados positivos. Teremos, finalmente, a última base comparativa ex-aquisição da Laureate, onde trazia fortes resultados a/a. Esperamos uma receita líquida de R$ 886 milhões crescendo +51,2% a/a tendo como força motriz a receita advinda da Laureate além de tickets maiores do que os observados no 1T22 devido ao desconto de captação realizado.
Quando olhamos a base comparativa, a receita líquida cresce 51,2% enquanto a base de alunos cai -0,9% a/a, isso é explicado pela integração da aquisição da Laureate – que entrou em junho/21 -, tendo incorporado apenas um mês de receita ao mesmo tempo que a “fotografia” da base de alunos vêm cheia (+130k alunos), provocando essa “inconsistência”. Para os próximos trimestres, já não teremos esse efeito comparativo visto que, no 3T21, foi incorporado os três meses de receita.
No EBITDA ajust. projetamos R$ 258 milhões (+52,7% a/a), com uma margem de 29,1%, crescendo, pelo 15ª trimestre consecutivo, a margem a/a (+0,3 p.p.), sendo explicada pelas sinergias do M&A e do eficiente do modelo E2A além das vagas de medicina que estão em maturação no braço da Inspirali. Por fim, esperamos um prejuízo líquido ajust. de – R$ 4 milhões, comprimido pelo resultado financeiro advindo de um balanço ainda bem alavancado e consequente impacto da escalada dos juros nas despesas financeiras. Seguimos com nossa recomendação de Comprar.
A companhia reportará seus resultados no dia 15/08/2022, antes da abertura do mercado. A conference call será às 10h (Brasília), no mesmo dia. Para acessá-la, basta clicar aqui.