Copasa (CSMG3): Seguimos com a recomendação para MANTER. De modo geral, consideramos o resultado neutro para a tese da empresa. A companhia apresentou números ligeiramente inferiores às nossas estimativas, devido a um baixo volume derivado do menor número de dias operativos faturados no trimestre e ao aumento nos custos operacionais após consecutivos trimestres de expressiva evolução nesta linha específica. Entretanto, acreditamos que o resultado pouco contribui para a tese da empresa, visto que a atenção dos investidores deve estar voltada para a possibilidade de federalização da empresa — uma grande decepção, uma vez que o que se discutia desde o início do ano era sua privatização.
Junto ao resultado, a companhia anunciou também o pagamento de R$172 milhões em dividendos regulares referentes ao 1T24 e R$300 milhões em dividendos extraordinários. Esses valores correspondem a R$ 1,24 por ação, implicando em um rendimento em dividendos de 5,9%. Os pagamentos desses proventos ocorrerão nos próximos dias 10/05 e 17/05. O endividamento líquido da empresa é de R$3.9 bilhões, com uma relação de 1,5x Dívida Líquida/EBITDA 12M, o que consideramos muito modesto. Portanto, o anúncio de novos dividendos extraordinários não deve ser descartado.
Entretanto, como mencionamos em nossos relatórios anteriores, acreditamos que a cotação das ações deve seguir o fluxo de notícias referente ao seu processo de privatização ou federalização. Como amplamente divulgado na mídia, o governo do estado de Minas Gerais tinha a intenção de privatizar a companhia, mas as últimas notícias apontam para a possível federalização das estatais mineiras. Como não sabemos para qual lado a empresa de fato irá seguir, apesar dos bons resultados, preferimos manter uma posição mais neutra no papel.
Detalhamento do Resultado
A Copasa reportou um incremento de receita líquida de 7,4% em relação ao 1T23, totalizando R$1,7 bilhão, impulsionado pelo reajuste tarifário do início do ano e por um modesto aumento no consumo no 1T24 (+1,3% em água e +1,6% em esgoto). Apesar das temperaturas acima da média no 1T24, o trimestre apresentou um menor período de consumo (88 versus 91 dias no 1T24), dificultando uma comparação plena.
Na parte de custos e despesas, o total somou R$1,1 bilhão, um aumento de 9,2% a/a. Como principais responsáveis pelo aumento dos custos gerenciáveis, destacam-se a linha de serviço de terceiros (+15% a/a) e o aumento das linhas de provisionamento e repasse a municípios (+23,1% e +30,6% a/a, respectivamente). O incremento nos custos com serviço de terceiros foi impactado por diversos fatores, como publicidade e propaganda e maiores gastos com profissionais, sem indicações claras de que este aumento foi pontual. A mesma impressão ocorre com a linha de repasses tarifários para municípios, devido ao maior número de cidades atendidas pelos repasses do fundo.
O endividamento líquido alcançou R$3,9 bilhões, com uma relação dívida líquida/EBITDA de 1,5x. No resultado financeiro, houve um resultado negativo de R$48 milhões (vs. -R$49 milhões no 1T23), mantendo-se praticamente estável em relação ao ano anterior.
O EBITDA ajustado totalizou R$700 milhões, um aumento de 3,5% em relação ao 1T23, refletindo os maiores volumes e o reajuste tarifário, que foram parcialmente compensados pelo aumento dos custos. O lucro líquido foi de R$351 milhões, em linha com o trimestre anterior.