Resumo da Obra
Classificamos o resultado da companhia como em linha, como já havíamos expressado em nosso Relatório de Prévia 2T22, mas abaixo do potencial que a empresa consegue destravar como valor. A empresa teve impactos significativos com a queda do preço do minério na segunda metade do 2T22, somado aos gastos maiores com o frete reduzindo significativamente o seu preço realizado.
Ainda, o crescimento do volume vendido ficou aquém das expectativas, gerando uma queda considerável na receita que acabaram deteriorando ainda mais os números da companhia, comprimindo margens. O lucro, porém, foi a surpresa positiva com impacto da variação cambial do período. A empresa ainda incorporou um guidance mais pessimista para 2022, tendo em vista o 2T22 abaixo do esperado.
Detalhamento Operacional
Receita
A receita totalizou R$ 2,7b (-31,2% t/t e -65,2% a/a), resultado da combinação de dois fatores. 1) O preço realizado inferior de US$ 71,9/ton (-33,0% t/t e -54,9% a/a) que foi fortemente impactado pela queda observada na cotação do índice Platts 62% ao longo do 2T22 e pelo aumento dos gastos com frete.
2) O volume vendido ficou abaixo do esperado atingindo 7,6 Mt (+9,3% t/t e -16,9% a/a), como resultado das fortes chuvas em abril, sobretudo no estado do RJ, onde há o escoamento do minério da CMIN3 para o exterior, o que aumentou a umidade nos portos e provocou uma redução no volume de vendas. Obviamente, outro fator foi a menor produção e compras de terceiros de minério de ferro, que somou 7,8 Mt (+28,3% t/t e -21,5% a/a). Assim, a recuperação esperada para o 2T22 ficou abaixo das previsões, colaborando para a queda na receita.
Custos
O custo total foi de R$ -1,8b (+14,4% t/t e -24,4% a/a), resultado de uma produção abaixo do esperado (mas ainda crescente t/t), culminando na menor diluição dos custos fixos, apresentando um custo C1 de US$ 24,3/ton no 2T22 (+3,8% t/t e +22,1% a/a). Além disso, observamos uma maior pressão gerada pelo diesel, ainda em patamares elevados, e dos custos com transporte ferroviários.
EBITDA
Por causa das maiores pressões dos custos frente a uma receita inferior, a companhia obteve um EBITDA de R$ 907m (-62,4% t/t e -81,7% a/a), com uma compressão de margem EBITDA indo para os 33,9% (-28,2 pp t/t e -30,5 pp a/a).
Resultado Financeiro e Lucro Líquido
A grande disparidade entre o lucro que estimamos vs o reportado se dá pelo resultado financeiro, que somou R$ 568m (vs R$-65m estimado), impactado sobretudo por uma variação cambial líquida de R$+662m.
Do lado do lucro, a empresa reportou R$ 826m (+11,7% t/t e -67,0% a/a), obtendo uma margem líquida de 30,8% (+11,8 pp t/t e -1,7 pp a/a), que, por um lado refletiu o lado operacional mais fraco mas por outro aproveitou a variação cambial, permitindo com que o lucro viesse como uma surpresa positiva para o resultado da companhia.
Endividamento
Com uma dívida de R$ 6,6b no 2T22 e com um caixa de R$ 7,6b, a empresa possui uma dívida líquida de R$ 1,0b, fazendo com que o indicador de alavancagem Dívida Líquida/EBITDA 12M = -0,2x,
Fluxo de Caixa Livre
A empresa obteve um fluxo de caixa livre ajustado de +R$ 1,2b, após normalização do fluxo proveniente do capital de giro e o pagamento de impostos após desembolsos extraordinários do 1T22. A redução nas contas a receber foram fundamentais para o saldo positivo.
Alteração de Guidance
As novas projeções da empresa para 2022 ficaram:
- Custo-caixa C1 na mineração saindo de US$ 18/ton para um patamar entre US$ 20/ton e US$ 22/ton em 2022;
- Projeção de volume total de minério de ferro mais compras de terceiros entre 36 Mt e 38 Mt em 2022 (vs 39 Mt a 41 Mt dado no CSN Day no final de 2021).