Com base na evolução do preço do minério de ferro ao longo do trimestre e os aumentos dos gastos com frete, acreditamos que a empresa deva sofrer significativamente em termos de receita tanto pelo lado do volume vendido aquém do esperado, quanto por um preço realizado menor. Além disso, com o crescimento dos custos, a empresa deve apresentar uma compressão de margem EBITDA e lucros inferiores. Acreditamos que o resultado da companhia seja negativo, com alteração de preço-alvo englobando a mudança do cenário macroeconômico e as perspectivas para o minério de ferro.
Operacional mais fraco…
Receita
As chuvas mais uma vez devem causar impactos relevantes dentro da produção da companhia e nas vendas, sobretudo devido às fortes chuvas em abril no estado do Rio de Janeiro, onde ocorre o escoamento do minério da CSN Mineração para o exterior. Dessa forma, com as chuvas e o consequente aumento da umidade nos portos, é esperado que haja uma redução no volume de vendas, indo contra as expectativas de que a companhia apresentaria uma forte recuperação no 2T22 frente ao 1T22. Com isso, mesmo com a perspectiva de recuperação do volume, estimamos que o volume de vendas seja próximo a 7,6 Mt (+9,9% t/t e -16,4% a/a).
Do lado de preços realizados, a empresa deve sofrer grandes impactos com a queda observada na referência de minério de ferro 62% ao longo do trimestre, atingindo US$ 138,1/ton (+2,3% t/t, com junho fechando em US$ 130,0/ton), obtendo um preço realizado inferior em virtude dos impactos nas provisões dentro dessa metodologia. Ainda, o impacto do frete teve um aumento substancial no último trimestre, cerca de +26,3% t/t estando próximo aos US$ 30/ton. Estimamos um preço realizado de US$ 68,9/ton (-35,9% t/t e -56,8% a/a).
Com esses números em mente, acreditamos que a receita atinja cerca de R$ 2,6b (-33,7% t/t e -66,4% a/a), resultado de um crescimento abaixo do esperado com um preço realizado bastante inferior ao trimestre passado.
Custos
Do lado de custos, devido à produção abaixo do esperado, a empresa deve observar uma diluição dos custos fixos com efeitos menores aliado à questão do diesel que também segue em patamares elevados e pressionam o resultado da empresa. Por isso, projetamos que os custos atinjam R$ -1,8b (+13,3% t/t e -25,1% a/a).
EBITDA e Lucro
Por causa das maiores pressões dos custos frente a uma receita menor, acreditamos que a companhia obtenha um EBITDA de R$ 879m (-63,6% t/t e -82,3% a/a), com uma compressão de margem EBITDA indo para os 34,0% (-28,0 pp t/t e -30,4 pp a/a).
Do lado do lucro, impactado por um lado operacional mais pressionado, estimamos que a empresa obtenha R$ 320m (-56,7% t/t e -87,2% a/a), obtendo uma margem líquida de 12,4% (-6,6 pp t/t e -20,1 pp a/a).
Alteração de Preço-Alvo
Com base no cenário macroeconômico mais desafiador, com maiores incertezas sobre a demanda do principal consumidor de minério de ferro do mundo, a China, foram necessários levar tais fatores em conta para a tese da CSN Mineração. Dessa forma, englobando um novo Ke = 14,5%, uma queda na demanda por minério de ferro impactando os preços para 2022, custos e frete em níveis superiores, atingimos um novo preço alvo de R$ 5,00/ação (vs R$ 7,00/ação), mas ainda mantendo a recomendação de COMPRAR para o papel. Isso representa um potencial upside de +45% na cotação.
A grande proposta da companhia se dá no longo prazo: expansão de capacidade vislumbrando triplicar sua produção e aumentando a qualidade de seus produtos até 2033. Desse ponto de vista, ao menos desde o CSN Day, não houve alterações, permanecendo a sua tese de crescimento e expansão de capacidade produtiva.