A Cury continua a surpreender a cada trimestre que passa, a nós e ao mercado. Na prévia foi antecipado um nível de lançamentos recorde de R$ 1,06b (+35,2% t/t e +53,9% a/a) e mesmo neste patamar de lançamentos, a VSO continua de longe a mais alta do mercado, postando uma VSO trimestral de 41,6% no 2T22. Isso implicou em um nível de vendas recorde para um tri, de R$ 845m e, mais uma vez, sem detrimento ao contínuo aumento de preços das unidades: o preço médio das unidades vendidas cresceu 3,5% t/t e 14,3% a/a (acima do INCC dos últimos 12 meses) e o mais impressionante, o preço médio dos lançamentos cresceu 23,5% t/t e 40,8% a/a, o que deve significar aumento de margem, principalmente com o arrefecimento da inflação que já se iniciou em julho.
O sucesso de vendas se traduziu em uma receita líquida recorde de R$ 603m (+34,7% t/t e 7,7% acima da nossa expectativa). E, mesmo com o aumento significativo do preço dos insumos no trimestre, a margem bruta ajustada ficou em 35,9%, ainda acima da média do mercado. Mesmo com uma queda de margem no trimestre, o aumento relevante no preço médio de lançamentos (e na margem REF, que subiu 0,8p.p. t/t para 40,5%) nos deixam mais otimistas com a margem futura da Cury. Para 2022 esperamos uma margem bruta de 35,8%, que ainda acreditamos que deva se concretizar; já para 2023, esperávamos uma margem bruta de 34,7%, que já pensamos estar abaixo do que veremos e devemos fazer uma revisão para cima.
As despesas comerciais tiveram um aumento forte de 21,2% t/t acompanhando o crescimento dos lançamentos, mas ainda em um patamar estável com relação à receita líquida (8,9% da RL no tri, -1,0p.p. t/t e +0,3p.p. a/a). O mesmo acontece com as despesas de G&A, que se mantém basicamente flat vs receita líquida. Dessa forma, a margem EBITDA continua forte em 18,7% (+0,8p.p. t/t e -1,5p.p. a/a).
O caixa líquido de R$ 281m e a boa geração de caixa da Cury permitem que a margem líquida da companhia não seja tão impactada pela linha de resultados financeiros, que foi de meros R$ 4,6m no trimestre. Dessa forma, o lucro líquido da Cury veio forte, em R$ 86,3m, implicando em um EPS de 0,30/ação e ROE de 53%.
A boa performance financeira e operacional da Cury vem se traduzindo em uma visão positiva do mercado para a companhia. No ano, as ações da Cury subiram 27,4% vs 0,8% DIRR3 vs -3,63 MRVE3 vs -14,2% PLPL3 vs -26,9% RDNI3 vs -66,9% TEND3, além de ser a companhia com maior dividend yield do setor, tendo anunciado a distribuição de R$ 200m (R$ 0,687/ação) referente ao ano de 2021. Acreditamos que a Cury deve continuar apresentando resultados bem acima da média do setor, remunerando ao acionista de forma generosa (esperamos 9,4% de DY para 2023) e ainda muito barata, sendo negociada a 4,9x P/E 2023. Assim, reiteramos nossa escolha de Cury como top pick do setor de construção civil, assim como nossa recomendação de Compra para CURY3, com preço alvo de R$ 12,00/ação.