A Cury manteve sua estratégia de concentrar os lançamentos no primeiro semestre, que se mostrou novamente uma decisão acertada visto o crescimento da velocidade de vendas, reportando recordes tanto em VGV lançado quanto em VGV vendido. Mais importante ainda é que em abril este ritmo continua acelerado, sendo feitos mais 4 lançamentos. Os números financeiros naturalmente são mais fracos no 1T, visto o impacto sazonal das chuvas, em especial neste ano. Assim, não tivemos um crescimento relevante no financeiro no comparativo trimestral, mas o operacional excepcional implica em um crescimento contratado forte nos próximos trimestres, conforme o avanço das obras.
Um avanço de obras sazonalmente prejudicado também implica em menor geração de caixa, mesmo assim a Cury seguiu mais um trimestre positivo, com geração de caixa de R$ 7m (medido pela variação de dívida líquida), dos quais R$ 2m vindos de atividades operacionais. Assim, mesmo com o pagamento de R$ 60m (~2% de dividend yield) em dividendos no trimestre, a posição de caixa líquido da Cury continua em elevados R$ 255m, possibilitando a continuidade de pagamento de dividendos generosos concomitante a recomposição do landbank. Com um múltiplo P/E 2023E de 6,3x e P/E 2024E de 5,1x, seguimos com recomendação de Compra. A discussão atual no STF sobre a remuneração do FGTS tem gerado uma pressão negativa no preço das ações, que achamos pouco justificada, especialmente para Cury, conforme discorremos aqui.
Detalhamento dos resultados
A receita líquida totalizou R$ 595m (vs. R$ 619m esperado), que apesar de ser menor do que estimamos, ficou próximo às expectativas do consenso e representou um aumento de 33% a/a. O lucro líquido atingiu R$92m (vs. R$ 101 m esperado) um aumento de 48% a/a, praticamente estável t/t, garantindo uma margem líquida forte de 15%. Nas demais linhas, destacamos ainda a margem bruta ajustada de 37,7% (vs. 37,9% esperado), que deve ser a mais alta este trimestre dentre todas as construtoras da nossa cobertura. Além disso, a maior atividade de vendas/lançamentos levou a despesas comerciais de R$ 62m (vs. R$ 64m esperado), um aumento de 39,6% a/a, o que corresponde a 10,4% da receita líquida.