A Cury divulgou resultados positivos referentes ao segundo trimestre de 2025, superando as nossas expectativas e as do mercado. A companhia manteve o ritmo forte observado no 1T25, com crescimento relevante de receita, elevação nas margens e performance operacional consistente. Apesar de o INCC seguir acima da média histórica, a expansão das margens foi possível graças ao sólido controle de custos e à política de precificação eficiente, que tem capturado as melhorias nas condições do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Nesse contexto, a implementação da Faixa 4 do programa, em maio, com a elevação do teto de R$ 350k para R$ 500k, teve impacto relevante sobre o desempenho comercial da companhia, uma vez que 92,8% das unidades vendidas no 2T25 estavam enquadradas no programa, ante aproximadamente 70% no trimestre anterior.
Do lado operacional, os lançamentos atingiram R$ 1,96b em VGV (% Cury), crescimento de 16,9% em relação ao 2T24. As vendas líquidas chegaram a R$ 2,01b, alta de 22,7% na mesma base de comparação, com VSO líquida de 47,5%. A estratégia da companhia de concentrar lançamentos no primeiro semestre se confirmou mais uma vez, com R$ 5b lançados até então, a Cury já executou quase 60% da nossa expectativa de R$ 8,6b para o ano. Para sustentar esse ritmo nos próximos anos, a companhia tem reforçado seu banco de terrenos de forma consistente. O landbank encerrou o trimestre com R$ 21,1b em VGV potencial, o que representa aumentos de 6,6% t/t e 20,1% a/a, acompanhados por crescimento de 6,9% t/t no número de unidades. Esse avanço é fruto de um trabalho estruturado de aquisição iniciado no ano passado, e coloca a companhia com um estoque de terrenos suficiente para cerca de 2,5 anos de lançamentos no ritmo atual — muito próximo da meta estratégica de três anos definida pela gestão. Essa dinâmica tem sido favorecida também pelas recentes revisões nos planos diretores de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de projetos urbanísticos específicos em discussão, como o PIU Pinheiros, que seguem ampliando o número de terrenos em potencial para a Cury, assim como melhoram sua competitividade contra outras construtoras.
No lado financeiro, a receita líquida cresceu 34,9% a/a, totalizando R$ 1,35b. O lucro bruto foi de R$ 532,8m, com margem bruta ajustada de 39,8%. O EBITDA ajustado somou R$ 326,5m, com margem de 24,2%, enquanto o lucro líquido (% Cury) foi de R$ 236,7m, alta de 37,5% na comparação anual. A margem líquida ficou em 17,6% e o ROE anualizado atingiu 71,2%. Vale mencionar que o aumento das despesas administrativas na comparação t/t reflete, em parte, o provisionamento relacionado à política de remuneração variável, como já observado no mesmo período do ano anterior. Já as despesas comerciais seguiram praticamente em linha com o ano anterior, representando cerca de 5,5% das vendas líquidas, ante 5,6% no 2T24. Por fim, mesmo com as mudanças no modelo de repasses da Caixa, a geração de caixa operacional foi positiva em R$ 103,3m no trimestre e totalizou R$ 129,1m no acumulado do semestre. Vale destacar que, desconsiderando os efeitos das alterações nas regras de liberação, a geração de caixa ajustada teria alcançado R$ 295,7m no 6M25, frente aos R$ 169,3m registrados no 6M24.
